Do "Jornal de Letras, Artes e Ideias", 30/01/08

Dirigida por Paulo Borges, Celeste Natário e Renato Epifânio, a Revista Nova Águia é uma das primeiras actividades do recentemente constitu­ído MIL – Movimento Internacional Lusófono.
Homenagem à revista Águia que, no princípio do século XX, reuniu figuras como Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão, Raul Proença, Leonardo Coimbra, António Carneiro, António Sérgio ou Fernando Pessoa, a Nova Águia terá uma periodicidade semestral, prevendo-se a publicação do primeiro número em Junho de 2008.
O MIL auto-apresenta-se como «um movimento cultural e cívico que visa mobilizar a sociedade civil para repensar e debater amplamente o sentido e o destino de Portugal e da comunidade lusófona».
De acordo com a sua comissão coordenadora, o MIL registou, nos seus três primeiros meses, mais de 300 adesões.

A remodelaçãozinha.

Tenta Sócrates com esta mini-remodelação, esconder a imagem de furioso reformista e calar, para já, o Manuel Alegre e umas quantas vozes incómodas que de Norte a Sul do país se esganiçavam a chamar-lhe de tudo um pouco. Só assim, se compreendem as interrogações dos deputados socialistas nos corredores e a permanência de outros bons rapazes à frente dos seus ministérios, e compreende-se porque, se Sócrates quisesse remodelar seriamente o executivo, tinha de se substituir a ele próprio, coisa que, convenhamos, não dava jeito. Nem a ele nem à inexistente oposição.

Nota 1: Não esquecer o milhão e duzentos mil votos do Manel. São capazes de não serem inúteis.
Nota 2: As próximas legislativas são já em 2009.
Nota 3: Ana Jorge, foi apoiante do Manel às presidenciais.

Conclusão: Tire a sua

ASAE, a cultura do zelo excessivo e a obsessão normalizadora.

Na audição da comissão parlamentar de Assuntos Económicos, o inspector-geral da ASAE, António Nunes, diz que quando disse há cerca de três semanas que metade dos restaurantes e cafés portugueses estavam condenados a fechar por incumprimento dos regulamentos comunitários, o que afinal queria dizer era que, cinquenta por cento da restauração precisava modernizar-se e adaptar-se.
Esquece o “cívico” António Nunes, que disse um pouco mais que isso. Também disse na sua entrevista ao semanário Sol, ter Portugal três vezes mais restaurantes por habitante que a média europeia, e acrescentou; isto não tem viabilidade económica. Coisa que, convenhamos, está para além da esfera de acção de qualquer projecto a Elliot Ness. Justificar acções mediáticas e prepotências avulsas, com palpites arrogantes sobre o desenvolvimento da indústria hoteleira, estará ao alcance de alguns endeusados, porém, não é postura recomendada sem estar devidamente embalada e homologada.

Posto isto e ainda assim, sou a favor da ASAE, não desta ASAE liofilizada, securitária e “mata-cavalos”, mas de uma ASAE reguladora no bom senso, inteligente, que não faça tábua-rasa das tradições, com uma dinâmica de actuação de urbanidade e proporcionalidade, onde o rigor não seja a cega aplicação das normas mas a sua justa aplicação, em vez do despudorado mediatismo e prepotentes excessos de ordem conhecidos que alteram o nosso modelo estrutural e também alguma identidade nacional.

Ora, os pecados da ASAE já do foro do anedotário nacional, estão identificados pela informação constante e adjectivada da sua actuação. A ASAE é uma entidade jovem, e como todas as entidades jovens cometeram erros, como reconheceu o próprio inspector-geral em acto de contrição no parlamento, esperemos que reconheçam de facto que os cometeram para que, uma necessidade e a bela ideia de por ordem na desordem que tanto já brandimos, não se transforme num caleidoscópio de questões e numa ridícula e fundamentalista policia de costumes às ordens dos tecnocratas de uma Comissão Europeia que (admitamos meus senhores), por incapacidade das nossas associações ao não fazerem derrogações a um regulamento eurocrata e mercantil, nos colocaram nesta situação de “miséria doméstica”.

A razão desta articulação que se pretende reflexiva, causada enfim pela insistência com que circulam convites para assinar petição contra a ASAE, é declarar que, ao contrário do que estão a fazer alguns “senadores guerreiros” com actividade mediática de relevo e amenézia profunda, não anatemizo um necessário organismo público que se preocupa em fazer cumprir a lei e não embarco na saloiice mediática que pretende fuzilar o imaturo “mensageiro”.

Valha-nos Deus, estamos lixados!

A vulnerabilidade e insuficiências graves de um certo País – um País miserável, onde se fecham serviços e não se abrem alternativas.

Embora o diálogo em que, o INEM após uma chamada para o 112 tenta enviar bombeiros para socorrer um homem, transcrito no Correio da Manhã e que podem ler aqui, pudesse ser retirado de uma qualquer fita cómica, desgraçadamente não o foi. É real, trágico e espelha a falta de coordenação e insegurança a que foram votadas as populações. Principalmente no interior onde, se não forem tomadas medidas urgentes, caminha-se para o colapso.

Não se consegue defender a reformulação do sistema, com o fecho de serviços antes da abertura de alternativas. O encerramento apressado de SAPS sem abertura de Urgências Básicas (faltam abrir 32 das 42 propostas pela Comissão), demonstra bem a descoordenação e falta de planeamento na requalificação e articulação do Serviço Nacional de Saúde, condenando-o ao abandono e ao relapso.

Comunicado da Direcção do Grupo dos Amigos de Olivença

Reagindo à iniciativa do Grupo dos Amigos de Olivença que, no decurso da XXIII Cimeira Luso-Espanhola, levantou publicamente a questão de Olivença, o Senhor Primeiro-ministro, em entrevista à RTP, em 19-01-2008, veio dizer que o assunto «não foi discutido» na Cimeira (1).

Tal afirmação, que em si mesma nada traz de novo e só surpreende pela franqueza com que se admite e confessa publicamente uma prática política nada louvável, embora adoptada por sucessivos governos, deve ser sublinhada pela exuberância com que o Senhor Primeiro-ministro assume publicamente a existência do litígio, a sua relevância e a profunda perturbação que provoca no relacionamento político dos dois Estados.

No mais, a referência - aparentemente desdenhosa - à intervenção de tantos portugueses que em elevada manifestação de cidadania têm lembrando as responsabilidades que cabem ao Governo na sustentação dos direitos de soberania sobre uma parcela do território nacional, como fazendo «parte do folclore democrático», só pode ser entendido como um momento de infelicidade, decerto resultante da tensão a que o Senhor Primeiro-ministro estivera sujeito, traduzindo também alguma desatenção ou inabilidade políticas.

Aliás, não poderia ser de outra forma pois que, conforme afiançou recentemente o Senhor Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, em carta dirigida a esta associação em 12 de Novembro, p. p.:

«O Estado português é rigoroso na prática de actos externos, quanto à delimitação constitucional do seu território, em observação do que estipula o artigo 5.º da Constituição: "1. Portugal abrange o território historicamente definido no Continente europeu [...] 3. O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que sobre eles exerce [...]". A política que o Ministério dos Negócios Estrangeiros tem seguido, e as orientações que tem dado [...] tem sido de que nenhum acto, acordo ou solução em torno desta questão deve implicar o reconhecimento por Portugal da soberania espanhola sobre Olivença» (2).

O Grupo dos Amigos de Olivença faz notar que a sua actuação reproduz a posição político-constitucional portuguesa e, lamentando as palavras menos felizes e inapropriadas do Senhor Primeiro-ministro, reafirma a sua determinação em prosseguir os esforços que vem desenvolvendo pelo reencontro de Olivença com Portugal.

OLIVENÇA É TERRA PORTUGUESA!
VIVA OLIVENÇA PORTUGUESA!

O Presidente da Direcção
Lisboa, 20 de Janeiro de 2008.

(1) Pode consultar-se em : mms://195.245.128.30/rtpfiles/videos/auto/telejornal/telej_1_19012008.wmv (aos 27 min e 48 seg do vídeo)

(2) Pode consultar-se a Carta do MNE em: http://www.olivenca.org/imagens/MNE_7905.pdf

Que belo Janeiro este

O Banco de Portugal, desde 2001 acompanha operações de compra de acções próprias mediante recurso a entidades off-shore, e conhece os créditos concedidos a membros dos órgãos sociais e a testas-de-ferro com o fim de adquirir acções do BCP, não deduz acusação, limitando-se por mão de António Marta a trocar correspondência com o banco e a dar instruções sob a forma de regularizar as varias irregularidades detectadas.
Deduz-se portanto que, quanto maior for o escândalo, menor é o crime.

Sócrates, passa-nos um atestado de estupidez com a desculpa apresentada para não haver referendo ao Tratado de Lisboa, e outro, quando diz agora, estar empenhado na promoção do debate no Parlamento e na sociedade civil.

Menezes, esquecendo que existe mundo para além do bloco central, utiliza a velha táctica do Rui Gomes da Silva, a do contraditório, contra a cor única nas nossas televisões. Santana, o das “cowboyadas” ajuda e JPP desanca-os.

O director-geral de Saúde, surpreende com a novíssima interpretação da lei do tabaco que, agrada aos grupos de pressão de discotecas e casinos. Isto, depois de ter ameaçado com a demissão caso a lei não fosse cumprida.

Chaves vai ter um Hospital privado com bloco de partos, depois do ministro Correia de Campos ter encerrado o do Hospital público.
Parece que, aquela lengalenga do tal mínimo de intervenções necessárias já não se põe e, os tais 300 partos da Cidade, afinal compensam.

Enfim… “Eu sei que não tenho desculpa; mas tenho desculpas” escreveu um dia Pessoa a Ophelia.

Em defesa do Hospital D. Estefânia

Está em curso uma campanha pública em defesa da continuidade do berço da pediatria - Hospital D. Estefânia (Hospital Infantil – Património da Mãe e da Criança).
Trata-se da defesa de um Património Nacional e de um modelo de civilização, concretizado no sonho da Rainha Dona Estefânia, com vasto capital na protecção e amor à criança desde 1877.

O abaixo assinado que pode aceder aqui, pretende obrigar o debate público sobre matéria que, por direito de cidadania, devia ser divulgada.

Quem percebe o que Deus quis dizer?

O Guardian convidou um intelectual muçulmano, Ziauddin Sardar, para fazer a sua leitura do Corão num blogue do jornal. Sardar defende que os textos sagrados devem ser lidos à luz da época em que se vive - e diz que o vai fazer sem evitar partes polémicas. No blogue participa também uma não-muçulmana, que tentou ler o Corão e já confessou não ter percebido nada.

Alexandra Prado Coelho
(Newsletter Público – Flash)

Creio que é exactamente o contrário daquilo que se deve fazer. A leitura deve sempre ser feita no contexto da sua cultura porque, esta é a única maneira de podermos compreender a mensagem, qualquer mensagem. O texto, qualquer texto, mas neste caso particular em que Deus não escreveu nenhum livro e, o que temos, são interpretações, e interpretações de interpretações de parâmetros particularmente dilatados, necessita de ser interpretado no contexto da sua cultura pois, uma vez que foi composto há muitos anos e foi transmitido de uma forma mais ou menos fixa, contém agora muita coisa que à primeira vista é obscura, irrelevante ou desconcertante. Isto significa que, os leitores têm tendência para abordar o texto com as pressuposições e preocupações do nosso tempo, e podem incorrer no erro de procurar adaptar o significado do texto de acordo com ele.

A julgar pelo caso Ota/Alcochete…

… não existem estudos técnicos rigorosos ou definitivos em Portugal. Já sabíamos. Se por acaso estivesse-mos a lidar com governantes sérios e competentes, seria um mistério insondável, um mistério sem fim que nos tiraria boas horas de sono. Felizmente, o cerne da questão é de incompetência e preguiça genética da horda inepta que gasta os nossos impostos neste carnaval e, assim sendo, temos a solução no combate às medidas arbitrárias e perigosas porque acéfalas e falhas de sensibilidade que, contribuem para este lamaçal de desânimo e estão no âmago de muitos problemas.
A solução está na gestão de excelência, no desenvolvimento de vantagens competitivas de forma a ultrapassar limitações reais ou imaginárias, desenvolvendo e agindo de acordo com estratégias de longo prazo, controlando tarefas e expectativas do “capital humano” de forma pró-activa que permita atingir objectivos estratégicos em vez de apagar fogos, explorando toda uma gama de factores para aumentar o crescimento em detrimento do trauliteiro e turvo sucesso competitivo à custa de baixos salários e, a típica redução de custos sem grande expressão económica que, muitas vezes, não segue os prestimosos conselhos do bom senso e não admite inteligência opinativa.
O contrário, subverte o significado da “palavra assumida”, corrompe e substitui-a por matéria descartável e, é por isso, que são necessários novos métodos que sustentem as ideias primordiais, para daí, partirmos para o combate à crise do sistema de valores capitalista fruto de economia de cordel onde, soberbamente, se submerge a gestão inteligente a troco de todo um espectro de futilidades, o que, todos sabemos, não constitui de forma alguma um “ambiente estável”.


Publicado também aqui.

Yell Shares Rise on Renewed Speculation About Bid by Google


Jan. 11 (Bloomberg) -- Yell Group Plc, the publisher of the U.K.'s Yellow Pages phone books, had its biggest gain in London trading in a month on speculation about a bid from Google Inc.
Yell rose as much as 4.4 percent, the biggest increase since Dec. 10. The stock climbed 5.50 pence, or 1.7 percent, to 331.25 pence at 8:37 a.m. in London, valuing the company at 2.6 billion pounds ($5.1 billion).
``The rumor that Google may bid for Yell has been around before, and I'm not surprised to hear it has surfaced again,'' said Jimmy Yates, a London-based trader at CMC Markets. ``Yell has lost almost half its value in the last 11 months and certainly looks more attractive now as a takeover candidate.''
The Independent newspaper in the U.K. reported today that a ``market source heard talk of a 500 pence-per-share bid'' for Yell by Google. Spokespeople for Yell and Google couldn't be reached immediately to comment.
Yellow Book, the largest independent yellow pages publisher in the U.S., accounts for about half of Yell's sales. Yell, which was spun off from former phone monopoly BT Group Plc in 2001, competes with phone companies such as AT&T Inc. and search engines including Google.


Será que a potencial aquisição da Yell - Páginas Amarelas do Reino Unido pela Google, deve preocupar os trabalhadores das Páginas Amarelas de Portugal –uma participada da Portugal Telecom (25%) e da World Directories (75%)-, ou deve ser encarado como uma esperança?

Lembramos que, nos últimos anos, devido à desmaterialização do produto em papel (90% da facturação), pelo maior acesso que empresas e famílias vão tendo à internete (embora o portal das pai (http://www.pai.pt/) se destaque com um serviço de excelência no índice da MarketWare, não vai além dos 10% de facturação), a perda de influência da PT no mercado com milhares de assinantes a mudarem para outros operadores (a lei que rege as telecomunicações, exige um serviço universal e obriga as Páginas Amarelas a distribuir dados e informações de todos os operadores), o desinvestimento por parte do meio empresarial neste tipo de publicidade e, o “despedimento” negociado de uma centena de trabalhadores, se prepara a sua venda.

A Yell, controla as Páginas Amarelas dos Estados Unidos e desde 2006 também as de Espanha.

Mais algumas razões da pertinência do Acordo Ortográfico.


Para além da raiz da palavra e família de palavras, coisas da etimologia que há muito se me varreu, existem outras que são incontornáveis e entroncam na artificialidade da ortografia que, como sabem, e porque resulta de um conjunto de regras político-administrativas convencionadas e não de séculos de interacção entre fala e escrita, não é uma coisa natural. O resultado, pese embora a quem com honestidade intelectual é contra o Acordo defendendo razões culturais e históricas da grafia (graphia) de cada palavra, tem sido o de não existir qualquer estratégia para se escrever correctamente que não passe pela memorização do léxico e também pela interiorização das regras devido à experiência que vamos adquirindo.

Quando temos em atenção a combinatória de uma imagem acústica com um significante e, na definição, tivermos em conta a língua escrita, concluiremos que, o significante não intervém só na imagem acústica mas também na imagem gráfica, depois, o Acordo, só trata de pronúncias cultas não se debruçando sobre as não cultas, logo, não elimina nenhuma palavra ou qualquer letra que se leia numa pronúncia culta, razão porque, os casos em que a resistência à mudança assume contornos imperialistas, estão normalmente enfermos de inexactidão e lançam poeira com exemplos como “facto-fato” ou “pacto-pato” que não alteram, mas aceitam pacificamente (e muito bem) as modificações naturais da língua como a adopção dos termos acabados em ismo: salazarismo, guterrismo, ou expressões novas como ciberespaço e teletrabalho porque, a língua, é um organismo vivo que muda e se adapta aos tempos e costumes, não fosse isso e ainda escreveríamos monarchia como o fazia Fernando Pessoa depois da reforma de 1911.

Ora, Portugal, enquanto Pátria da lusófonia, só tem a ganhar com este acordo que, para além de simplificar a escrita ao retirar parte das consoantes sem valor fonético e que só existem por tradição ortográfica e similaridade do português com outras línguas românicas, simplifica também o processo de escrita e o de aprendizagem, já que, não altera a sintaxe, não cria ou elimina qualquer palavra, nem existe a intenção de acompanhar no extremo a naturalidade com que se fala, nem tão-pouco interfere com a coexistência ou regras linguísticas regionais, depois, é também essencial para a unificação institucional e plural da língua nos países da CPLP que, unificada, ganhará poder de afirmação nas instâncias internacionais e é, uma medida fulcral para que a língua dos lusofalantes continue bem de saúde, não siga rumos diferentes e, um dia, não tenhamos de enfrentar o salazarista “orgulhosamente sós”.

Publicado também aqui:

Centro de Estudos Agostinho da Silva




Ciclo de Cursos


No dia 14 de Janeiro, Pedro Mellado Beirão inicia um Curso sobre "Religiões e Cultos Pré-Romanos em Território Português", em 8 sessões, sempre às segundas.

No dia 15, José Trindade Santos dará a última das suas três conferências sobre Platão.

A 16, Rui Matoso inicia um Curso sobre "Financiamento de Projectos Culturais através de Patrocínios e Mecenato", em 6 sessões, sempre às quartas.

Um dia depois, a 17, Fátima Murta inicia um Curso que tem por título "Interrogar a Arte, Pensar com os Artistas", em 7 sessões, sempre às quintas.

Na semana seguinte, no dia 22, Duarte Drumond Braga inicia um Curso de "Introdução à Literatura Portuguesa: o século XX", em 5 sessões, sempre às terças.

Por fim, a 25 de Janeiro, Paulo Borges inicia "Uma Viagem por Fernando Pessoa", Viagem que decorrerá em 8 sessões, sempre às sextas.

Todos os Cursos realizam-se, como de costume, a partir das 18h00, nas instalações da Associação Agostinho da Silva
(Rua do Jasmim 11, 2º; junto ao Princípe Real, em Lisboa).

MIL – O começo de algo realmente importante.

Desde que (já tarde, é certo) despertei para o atavismo óbvio e habilidoso da política, recebi alguns convites para aderir a partidos e movimentos, convites que me honraram mas que, por não me rever nos programas e principalmente não me encantarem as suas práticas, em consciência declinei e não me arrependi.
Ontem, por correio electrónico, um bom amigo enviou-me com amável introdução, um alerta do Movimento Internacional Lusófono (MIL).
Hoje, finalmente e em consciência, decidi aderir a este Movimento expressivo da singularidade dos que, com força e determinação não se deixam nivelar e que reputo de extrema importância, não só pela envergadura intelectual dos seus membros, mas também por fazer renascer uma corrente que, teve por trás entre outros, nomes como; António Vieira, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva.

Porque em democracia as ideias são a suprema mais valia dos que se esforçam, a minha resposta concordante acabou de seguir. Deixo-vos aqui, a Declaração de Princípios e Objectivos do MIL para que, quem queira, dela faça bom uso.


MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO
Declaração de Princípios e Objectivos

O presente texto condensa e concretiza as propostas do Manifesto da Revista “Nova Águia” (novaaguia.blogspot.com) , órgão do M. I. L. Aqui se apresenta um ponto de partida, objecto de consenso entre os promotores do Movimento, destinado a ser aperfeiçoado mediante todas as críticas e sugestões, que solicitamos e agradecemos.
Ao apresentá-lo, fazemos nossas as palavras de Agostinho da Silva, cidadão luso-brasileiro cujo pensamento inspira o M. I. L., na proposta de reorganização de Portugal e do mundo lusófono que redigiu em 1974: “A comunidade a que o propomos é o Povo não realizado que actualmente habita Portugal, a Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, o Brasil, Angola, Moçambique, Macau, Timor, e vive, como emigrante ou exilado, da Rússia ao Chile, do Canadá à Austrália” – “Proposição”, in Dispersos, Lisboa, ICALP, 1989, p. 617.

1 – O Movimento Internacional Lusófono é um movimento cultural e cívico que visa mobilizar a sociedade civil para repensar e debater amplamente o sentido e o destino de Portugal e da Comunidade Lusófona.
2 - As nações e os 240 milhões de falantes da Língua Portuguesa em todo o mundo constituem uma comunidade histórico-cultural com uma identidade, vocação e potencialidade singular, a de estabelecer pontes, mediações e diálogos entre os diferentes povos, culturas, civilizações e religiões, promovendo uma cultura da paz, da compreensão, da fraternidade e do universalismo à escala planetária.
3 – Os valores essenciais da cultura lusófona constituem, junto com os valores essenciais de outras culturas, uma alternativa viável à crise do actual ciclo de civilização economicista e tecnocrático, contribuindo, com o seu humanismo universalista e sentido cósmico da vida, para uma urgente mutação da consciência e do comportamento, que torne possível uma outra globalização, a do desenvolvimento das superiores possibilidades humanas e da harmonia ecológica, possibilitando a utilização positiva dos actuais recursos materiais e científico-tecnológicos.
4 – As pátrias e os cidadãos lusófonos devem cultivar esta consciência da sua vocação, aproximar-se e assumir-se como uma comunidade fraterna, uma frátria, aberta a todo o mundo. A comunidade lusófona deve assumir-se como uma comunidade alternativa mundial – uma pátria-mátria-frátria do espírito, a “ideia a difundir pelo mundo” de que falou Agostinho da Silva – que veicule ideias, valores e práticas tão universais e benéficas que todos os cidadãos do mundo nelas se possam reconhecer, independentemente das suas nacionalidades, línguas, culturas, religiões e ideologias. A comunidade lusófona deve assumir-se sempre na primeira linha da expansão da consciência, da luta por uma sociedade mais justa, da defesa dos valores humanos fundamentais e das causas humanitárias, da sensibilização da comunidade internacional para todas as formas de violação dos direitos humanos e dos seres vivos e do apoio concreto a todas as populações em dificuldades. Para que isso seja possível, cada nação lusófona deve começar por ser exemplo desses valores.
5 – A identidade e vocação histórico-cultural da comunidade lusófona terá expressão natural na União Lusófona, a qual, pelo aprofundamento das potencialidades da actual Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, constituirá uma força alternativa mundial, a nível cultural, social, político e económico. Sem afectar a soberania dos estados e regiões nela incluídos, mas antes reforçando-a, a União Lusófona será um espaço privilegiado de interacção e solidariedade entre eles que potenciará também a afirmação de cada um nas respectivas áreas de influência e no mundo. Ou seja, no contexto da União Lusófona, a Galiza e Portugal aumentarão a sua influência ibérica e europeia, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné, Angola e Moçambique, a sua influência africana, o Brasil a sua influência no continente americano e Timor a sua influência asiática, sendo ao mesmo tempo acrescida a presença de cada um nas áreas de influência dos demais e no mundo. Sem esquecer Goa, Damão, Diu, Macau, todos os lugares onde se fale Português e onde a nossa diáspora esteja presente, os quais, embora integrados noutros estados, serão núcleos de irradiação cultural da União Lusófona.
6 - No que respeita a Portugal e à Galiza, este projecto será assumido em simultâneo com o estreitamento de relações culturais com as comunidades autónomas de Espanha, promovendo aí a cultura galaico-portuguesa e contrabalançar a influência espanhola em Portugal. O mesmo deve acontecer entre o Brasil e os países da América do Sul. Galiza, Portugal e Brasil, bem como as demais nações de língua portuguesa, devem afirmar sem complexos os valores lusófonos nas suas respectivas áreas de influência.
7 – A construção da União Lusófona, com os seus valores próprios, exige sociedades mais conscientes, livres e justas nos estados e regiões lusófonos. Em cada um desses estados e regiões, cabe às secções locais do Movimento Internacional Lusófono, dentro destes princípios essenciais e em coordenação com as dos restantes estados e regiões, apresentar e divulgar propostas concretas, adequadas a cada situação particular, pelos meios de intervenção cultural, social, cívica e política que forem mais oportunos.

***

No que respeita a Portugal, a secção portuguesa do Movimento Internacional Lusófono considera fundamentais as seguintes medidas:

I – Promover uma maior participação dos cidadãos na vida pública e política, nomeadamente em torno de um grande projecto para Portugal como o da União Lusófona, que os convoque para uma causa que transcende o imediatismo, o economicismo e os interesses dos partidos e dos grupos em luta pelo poder. Mobilizar os cidadãos indiferentes e descrentes da vida política, a enorme percentagem de abstencionistas e todos aqueles que se limitam a votar, para a responsabilidade de discutirem e criarem o melhor destino a dar à nação.
II - Sensibilizar os cidadãos e as instituições públicas e privadas para a importância e vantagens do projecto da União Lusófona, a nível cultural, social, político e económico. Promover a discussão pública desta proposta e uma cultura da consciência lusófona e universalista que enriqueça a nossa própria integração na União Europeia, tornando-nos parceiros activos na abertura da consciência europeia à cultura planetária.
III - Promover para esse fim formas alternativas de intervenção cultural, social e cívica, que permitam antecipar quanto possível a realidade desejada, sem depender dos poderes instituídos, dentro dos quadros democráticos e legais. Sem rejeitar os habituais meios de intervenção política, o Movimento Internacional Lusófono apela à e apoia a constituição de grupos cívicos ou confrarias laicas que sejam núcleos de discussão, divulgação e realização deste projecto, em Portugal e em todo o espaço lusófono, incluindo a emigração.
IV – Libertar a nossa vida mental, social e política da actual mediocridade, estagnação e submissão a interesses particularistas, partidários e dos grupos económicos, repondo-a ao serviço da cultura e de uma ética do bem comum.
V – Regenerar a democracia em Portugal, reformando o estado segundo modelos que fomentem a ampla participação política da sociedade civil. Recuperar a tradição municipalista portuguesa, promover uma regionalização e descentralização administrativa equilibradas, assegurando mecanismos de prevenção e controlo dos caciquismos locais.
VI – Assegurar o predomínio da ética e da política sobre a economia, de modo a que a produção e distribuição da riqueza vise o bem comum e a satisfação das necessidades básicas das populações. Explorar as potencialidades de formas de organização económica cujo objectivo fundamental não seja o lucro financeiro. Oferecer alternativas ao produtivismo e consumismo, fazendo do trabalho não um fim em si, mas um meio para a fruição do tempo livre de modo mais gratificante e criativo.
VII – Promover a sustentabilidade económica do país, desenvolvendo as economias locais e respeitando a harmonia ambiental.
VIII - Substituir quanto possível as energias não-renováveis (petróleo, carvão, gás natural, energia nuclear), por energias renováveis e alternativas (solar, eólica, hidráulica, marmotriz, etc.), superando o paradigma de uma economia baseada no petróleo e nos hidro-carbonetos.
IX - Dar prioridade, em todos os domínios da economia, da política e da investigação, às preocupações ambientais e ecológicas. Proteger os direitos dos animais e promover o seu cumprimento.
X - Assegurar um serviço público de saúde eficiente e acessível a todos, que inclua a possibilidade de opção por medicinas alternativas.
XI – Redignificar, com exigência, os professores e todos os profissionais ligados à educação, tornando esta e a cultura – não só tecnológica, mas filosófica, literária, artística e científica - o investimento estratégico do Orçamento de Estado e da governação. Os vários níveis de ensino visarão a formação integral da pessoa, não a sacrificando a uma mera especialização profissional. Neles haverá uma forte presença da cultura portuguesa e lusófona, bem como das várias culturas planetárias. Um português culto e bem formado deve ter uma consciência lusófona e universal, não apenas europeia-ocidental.
XII - Promover sem inibições a cultura portuguesa e lusófona no espaço internacional. Assegurar a tradução para inglês de textos fundamentais da nossa cultura e publicar, em conjunto com as nações lusófonas, uma revista bilingue, português-inglês, destinada a divulgar em todo o mundo os seus aspectos mais singulares e universais. Estreitar relações com os lusófilos estrangeiros e com todos os povos, culturas e movimentos que tenham características e projectos convergentes.
XIII - Implementar o Acordo Ortográfico, importante instrumento da consciência lusófona e da sua afirmação internacional.
XIV – Celebrar acordos com as nações lusófonas que promovam estratégias económicas conjuntas, sobretudo a nível comercial. Facilitar e proteger, mediante o levantamento das barreiras alfandegárias e fiscais, o comércio e a circulação de produtos em todo o mundo lusófono, com urgente destaque para os produtos culturais.
XV – Chegar gradualmente a um acordo que permita a livre-circulação dos cidadãos em todos os estados da comunidade lusófona.
XVI - Criar um Programa “Agostinho da Silva” que promova a circulação dos estudantes das nações lusófonas, de licenciatura e pós-graduação, nas universidades do espaço lusófono, começando por Portugal e Brasil.

Se quiser aderir a este Movimento ou formar um "Núcleo MIL", envie-nos um mail para mailto:novaaguia@gmail.com. Visite também o nosso blogue: novaaguia.blogspot.com

Eu votei Sócrates…


…e vou ter de viver com essa mágoa para o resto da vida porque sou um quadrúpede que não aprende, o que, me faz sentir culpado pelo estado policial que este nos trouxe, culpado do fundamentalismo corporativista que faz renascer a vocação para a bufaria dos vigilantes da lei e das virtudes, culpado da onda proibicionista e repressiva que varre os direitos individuais para épocas de bufaria pidesca, culpado pelo desprezo com que este estado economicista e taxativo, mina virulentamente a saúde e a educação, culpado do estado ter abandonado as suas funções sociais e arbitrais nas relações de poder desiguais, culpado deste estado omnipresente, culpado, enfim, de tantas e diversas imposições, proibições e obrigações que, peço desculpa por ter votado num tirano que a cada medida vai deixando cair a máscara das deficiências mal emendadas, incapaz que é, de tolerar ou refutar intelectualmente opiniões contrárias preferindo proibi-las. Enquanto nós, bastardos, conhecendo a coisa mas não a compreendendo, lá vamos bebendo chá e comendo bolinhos, em exercício simpático e masoquista por cada cedência que nos promete a subida do Evereste, aceitando de braços cruzados o assalto da besta ao bem estar e à liberdade.

Aqui d’el rei.

A corda a mais que este governo já leva, não nos deixa margem para garbosos textos ao inicio de 2008, mas obriga-nos a uns feixes de luz solar sobre algumas tantas coisas. Aqui vai uma delas, a singelo, tendo como essência e supremo fruto para reflexão, os trinta por cento das freguesias portuguesas que têm nome de santos ou santas ou, no caso de Lisboa, onde das cinquenta e três freguesias existentes, trinta e uma têm nomes católicos.

Em Novembro de 2005, o Ministério da Educação munido de um nascer de sol original e com evidente impudor, envia um oficio a todas as escolas ordenando a remoção dos símbolos religiosos. Em Junho de 2007, através da Associação Cívica República e Laicidade, tenta-se o xico-espertismo de envenenar o Ministério da Saúde para que leve a cabo a mesma intenção nos hospitais públicos e, em Agosto, no âmbito da aplicação do Decreto de Lei 299/2007 da Lei de Bases do Sistema Educativo, que define as normas das novas denominações para os estabelecimentos de educação, acabando com as “EB 1 e EB 2,3” e estabelecendo as escolas Básicas e Secundárias com designações de patrono, toponímia, características geográficas ou históricas do local, escolhas essas a cargo das assembleias escolares, não deixou o governo, qual crepúsculo de uma tarde invernosa onde o sol se encontrava tolhido, de indicar com inquinada parcialidade aos órgãos directivos, para se evitarem as alusões religiosas.
Este “advento” autoritário (quase do foro da psicanálise) da escalada laicista, a dar mostras de um inaceitável fundamentalismo fruto do gene autodestrutivo que algures na história nos apanhou, leva, é certo, ao absoluto entendimento do espírito estruturalmente provinciano da imitação (o progresso artificial quando amado e sentido simultaneamente, é sintoma característico do provinciano) e à tragédia mental deste governo que, não sabe que Portugal não é um estado laico e, muito menos, que as denominações católicas fazem parte da nossa cultura.

Depois do fecho de maternidades e de urgências hospitalares, de escolas e de centros de saúde, enquanto a malta anda preocupada em poder trabalhar, vendendo por baixo à canalha capitalista o valor dos seus braços, puxo a rédea ao impulso tuga de estabelecer paralelismos com o encerramento da Ginjinha do Rossio, com o fim da bifana pingante trincada à porta da tasca, ou o encerramento de todas as portas à faina fumante e completo o conjunto já de si fascinante, aguardando pelo fim dos tradicionais desenhos alusivos ao Natal, dos oito feriados religiosos em vigor e, já agora, das procissões aos santos padroeiros onde, os tais representantes do Estado laico se integram nestes rituais religiosos sempre que se querem mostrar.

Aguardemos portanto, calmamente, o próximo disparate deste nascer ou pôr-do-sol, lembrando a velha historia do sabonete: se apertarmos de menos ele cai, mas se apertarmos de mais ele salta.