Visão Online
Venha debater as presidenciais.
Apesar de nenhum deles ter ainda avançado oficialmente, tudo aponta para que as próximas eleições presidenciais venham a ser disputadas entre Cavaco Silva e Mário Soares.
Participe no debate dê asua opinião, clicando aqui.
Fernando Pessoa - Cancioneiro
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
José Gil
Motivado pela resposta do Aníbal de Sousa ao post com o titulo “eleições presidenciais”, quando refere a crise de liderança e de valores no mundo contemporâneo e também a falta de coragem de ter ideias, assim como ao zedtee pelos seus comentários ao post “da economia dos afectos”, aqui estou de novo e pela segunda vez a falar do livro de José Gil “Portugal, Hoje”, que agradeço ao Rui o dia em que me chamou a atenção para ele.
Segundo este, (José Gil) somos o país por excelência da não-inscrição, que quer dizer, do nada acontece que marque o real, que o transforme e o abra.
Estando o filósofo entre os vinte melhores pensadores da actualidade, e sendo pertinentes as questões atrás enunciadas, nada melhor que dar voz ao mestre e ler as suas palavras:
[...] A leviandade suscitada pela não-inscrição permite que a lei não se cumpra ou que dela se escape, que os programas não se realizem, que não se pense nunca a longo prazo, que as fiscalizações não se façam, que a administração não se transforme realmente, que os projectos de reforma não se executem, que os governos não governem. Nada tem realmente existência. A não-inscrição induz um tempo social particular, só o presente pontual existe; à sua frente está o futuro que se fará sentir apenas com o surgimento-repetição do presente. O futuro, sobretudo o futuro longínquo, não existe, não tem consistência, não se prevê. Porquê? Porque nada há para se inscrever, nem uma ideia para o país, nem um destino individual.
(mais à frente e num outro capítulo)
[...] Por isso o país não se desenvolveu realmente, durante estes anos de riqueza que nos foi oferecida de bandeja (claro, com contrapartidas destrutivas, se nada fosse feito). Não operámos nem revoluções radicais na educação (condição primeira do desenvolvimento), nem criámos planos de reorganização da economia, da administração, de reforma fiscal, de investigação científica ou da saúde. Perdemos – estamos a perder – uma oportunidade única. E o nosso frágil tecido económico esboroa-se dia após dia. Portugal arrisca-se a desaparecer.
Segundo este, (José Gil) somos o país por excelência da não-inscrição, que quer dizer, do nada acontece que marque o real, que o transforme e o abra.
Estando o filósofo entre os vinte melhores pensadores da actualidade, e sendo pertinentes as questões atrás enunciadas, nada melhor que dar voz ao mestre e ler as suas palavras:
[...] A leviandade suscitada pela não-inscrição permite que a lei não se cumpra ou que dela se escape, que os programas não se realizem, que não se pense nunca a longo prazo, que as fiscalizações não se façam, que a administração não se transforme realmente, que os projectos de reforma não se executem, que os governos não governem. Nada tem realmente existência. A não-inscrição induz um tempo social particular, só o presente pontual existe; à sua frente está o futuro que se fará sentir apenas com o surgimento-repetição do presente. O futuro, sobretudo o futuro longínquo, não existe, não tem consistência, não se prevê. Porquê? Porque nada há para se inscrever, nem uma ideia para o país, nem um destino individual.
(mais à frente e num outro capítulo)
[...] Por isso o país não se desenvolveu realmente, durante estes anos de riqueza que nos foi oferecida de bandeja (claro, com contrapartidas destrutivas, se nada fosse feito). Não operámos nem revoluções radicais na educação (condição primeira do desenvolvimento), nem criámos planos de reorganização da economia, da administração, de reforma fiscal, de investigação científica ou da saúde. Perdemos – estamos a perder – uma oportunidade única. E o nosso frágil tecido económico esboroa-se dia após dia. Portugal arrisca-se a desaparecer.
Desemprego
Mais 150 desempregados, todos da mesma área, jornalistas do “O Comércio do Porto” e do “A Capital” que estão hoje nas bancas com os derradeiros jornais.
Foi comunicado ontem às redacções pelo grupo Prensa Ibérica o que já se sabia, mesmo assim os jornalistas não baixaram os braços e encontraram motivação para por nas bancas os derradeiros títulos com edições especiais. São por isso edições a não perder.
As negociações de rescisão dos contratos de trabalho, começam na próxima segunda-feira
Prazeres
Grandes pescarias
Acabei de saber que o Sr. Esteves "pescou" esta manhã, na lota de Portimão, um magnifico pargo de cinco quilos. A D. Adelaide e o Sr. Manuel vão fazê-lo morrer no forno, assado inteiro, rodeado de pequenas batatinhas aloiradas, e quando chegar à mesa vai-se ouvir uma enorme salva de palmas.
O prazer de consumir
Faz agora um ano em Dallas, no Texas, onde decorreu o congresso Americano de Transplantações, calhou ver num grande armazém saldos da Ralph Lauren. Era só naquele dia. Tudo com menos quarenta por cento! A regra para mim era simples. Quanto mais comprasse mais poupava.
Eduardo Barroso - editora DIFEL
Tem passagens que não vão resistir a ler à família. Um livro de crónicas originalmente publicadas no suplemento DNA, entre 1996 e 1998, leve, divertido e sobretudo muito guloso.
Se não leram, aproveitem e levem-no de férias, vai ser uma excelente e risonha companhia.
Acabei de saber que o Sr. Esteves "pescou" esta manhã, na lota de Portimão, um magnifico pargo de cinco quilos. A D. Adelaide e o Sr. Manuel vão fazê-lo morrer no forno, assado inteiro, rodeado de pequenas batatinhas aloiradas, e quando chegar à mesa vai-se ouvir uma enorme salva de palmas.
O prazer de consumir
Faz agora um ano em Dallas, no Texas, onde decorreu o congresso Americano de Transplantações, calhou ver num grande armazém saldos da Ralph Lauren. Era só naquele dia. Tudo com menos quarenta por cento! A regra para mim era simples. Quanto mais comprasse mais poupava.
Eduardo Barroso - editora DIFEL
Tem passagens que não vão resistir a ler à família. Um livro de crónicas originalmente publicadas no suplemento DNA, entre 1996 e 1998, leve, divertido e sobretudo muito guloso.
Se não leram, aproveitem e levem-no de férias, vai ser uma excelente e risonha companhia.
Energia Nuclear
A gasolina a €1,2 é um absurdo! O gasóleo está a €0,975 e se a seca continuar vai ser o bom e o bonito, as centrais hidroeléctricas começarão a ver diminuída a sua operacionalidade, logo, como as termoeléctricas dependem do petróleo e se supõe que por este andar daqui a dois anos o petróleo terá tido um agravamento perto dos 100%, que vamos nós fazer?
A energia eólica, uma das bandeiras do Sócrates e muito bem, ainda está a dar os primeiros passos e quanto a mim terão de ser feitos estudos tomando como referência a pioneira Dinamarca, que está agora a construir os seus parques no mar e que já conta com uma contribuição de 12% da energia elétrica total produzida
Mas será que isto chega?
Vem este post a propósito de começarmos a ver proliferar com grande velocidade a opinião favorável das centrais nucleares. Eu que sempre fui contra, pois até hoje ainda não vi que tenhamos solução para os resíduos e que esse é um enorme problema, começo a ficar tentado por esta solução.
A Espanha que apostou nas energias alternativas antes de nós, tem as suas centrais a poucas horas do nosso território, logo, têem eficácia energética e nós continuamos a ser os eternos tugas pacóvios que gostamos de pensar como ecologistas e quando dermos conta estamos quilhados. Por este caminho, a já pouca competitividade do nosso país tenderá a desaparecer e não faltará muito para termos os nossos agricultores falidos, os pescadores idem e todos nós tramados.
Por muito que me custe, vou ter de abandonar ideias ecológicas enraizadas para dar lugar à inteligência e ao pragmatismo. Os meios tecnológicos de hoje não se comparam aos de ontem, o avanço, a acreditar nos defensores do nuclear é notório, logo, porque não estar aberto à discussão? Eu já estou.
Agostinho da Silva
Foto surripiada aqui
A quem faz pão ou poema
Só se muda o jeito à mão
E não o tema.
Se perdi ou ganhei no que se vê
Não irei dizer eu mas quem me lê.
da Ulmeiro "Uns poemas de Agostinho"
Fernando Pessoa
Durmo com a mesma razão com que acordo
E é no intervalo que existo.
Toda a gente é interessante se a gente souber ver toda a gente.
Que obra-prima para um pintor possível em cada cara que existe!
Que expressões em todas, tudo!
Que maravilhosos perfis todos os perfis!
Vista de frente, que cara qualquer cara!
Os gestos humanos de cada qual, que humanos gestos
Álvaro de Campos
Marc-André Besel
Esta foto é uma daquelas em um milhão...
É preciso estar no sítio certo e na altura certa. Tirada pelo fotografo Marc-André Besel. Em 22 de Agosto de 2004, no golfo do México, a partir da ilha Anna Maria na Flórida (uma Região onde costuma haver tempestades) deu-nos esta Fotografia espantosa, por pura sorte conseguiu captar um relâmpago ao por do sol.
Hamilton Naki
Hamilton Naki, um sul-africano negro de 78 anos, morreu no final de Maio.
A notícia não rendeu manchetes, mas a história dele é uma das mais extraordinárias do século 20. "The Economist" contou-a em seu obituário.
Naki era um grande cirurgião. Foi ele quem retirou do corpo da doadora o coração transplantado para o peito de Louis Washkanky em Dezembro de 1967, na cidade do Cabo, na África do Sul, na primeira operação de transplante cardíaco humano bem sucedida. É um trabalho delicadíssimo. O coração doado tem de ser retirado e preservado com o máximo cuidado. Naki era talvez o segundo homem mais importante na equipe que fez o primeiro transplante cardíaco da história. Mas não podia aparecer porque era negro no país do apartheid. O cirurgião-chefe do grupo, o branco Christiaan Barnard, tornou-se uma celebridade instantânea. Mas Hamilton Naki não podia nem sair nas fotografias da equipe. Quando apareceu numa, por descuido, o hospital informou que era um faxineiro. Naki usava jaleco e máscara, mas jamais estudara medicina ou cirurgia. Tinha largado a escola aos 14 anos. Era jardineiro na Escola de Medicina da Cidade do Cabo. Mas aprendia depressa e era curioso. Tornou-se o faz-tudo na clínica cirúrgica da escola, onde os médicos brancos treinavam as técnicas de transplante em cães e porcos.
Começou limpando os chiqueiros. Aprendeu cirurgia assistindo experiências com animais. Tornou-se um cirurgião excepcional, a tal ponto que Barnard requisitou-o para sua equipe. Era uma quebra das leis sul-africanas.
Naki, negro, não podia operar pacientes nem tocar no sangue de brancos. Mas o hospital abriu uma excepção para ele. Virou um cirurgião, mas clandestino.
Era o melhor, dava aulas aos estudantes brancos, mas ganhava salário de técnico de laboratório, o máximo que o hospital podia pagar a um negro. Vivia num barraco sem luz eléctrica nem água corrente, num gueto da periferia. Depois que o Apartheid acabou, Naki ganhou uma condecoração e um diploma de médico Honoris Causa. Nunca reclamou das injustiças que sofreu a vida toda...
...da tradução Brasileira.
Eleições presidenciais
No frente-a-frente da SIC-Noticias, Manuel Monteiro diz nas barbas feitas do João Soares, que a “candidatura do papá” é a derrota duma geração e do partido socialista.
Não é que ele tem razão!? Será que esta sociedade politica não tem ninguém para além de Mário Soares e Cavaco Silva? Será que entrámos em falência de políticos com credibilidade?
Arre, que tanto é muito pouco!
Arre, que tanta besta é muito pouca gente!
Arre, que o Portugal que se vê é só isto!
Deixem ver o Portugal que não deixam ver!
Deixem que se veja, que esse é que é Portugal!
Ponto.
Agora começa o Manifesto:
Arre!
Arre!
Oiçam bem:
ARRRRRE!
Fernando Pessoa (Poesia de Álvaro de Campos)
Da economia dos afectos
[...] a família está em desagregação, nas grandes cidades. As separações, os divórcios com todas as sequelas que arrastam; a adolescência cada vez mais ameaçada, os pais que já não sabem lidar com os filhos; a solidão crescente das mulheres, jovens e menos jovens; o abandono dos velhos; a baixa taxa de natalidade; o desaparecimento da sociedade rural, a falta de emprego, etc., etc. - tudo isso contribui para o desaparecimento da antiga família, regida por normas tradicionais ancestrais. Família que, de um ponto de vista geral - com todos os conflitos e disfunções que lhe são inerentes - constituía um núcleo de base que agia positivamente para a manutenção do equilíbrio do campo social.
Portugal, Hoje: O Medo de Existir de José Gil
Portugal, Hoje: O Medo de Existir de José Gil
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