O Special One, apareceu-me.


Admitindo que para alguns (parece que são às carradas) em oposição à minha infeliz incapacidade de retenção, a leitura de António Lobo Antunes é um prazer puro, e por isso, que não é pouco, chego a ter tremuras e sonhos de tragédias gregas por não me poder placidamente deliciar com aquilo que o senhor escreve, assim, sempre que me cheira a entrevista falada ou escrita ao escritor, lá estou com avidez desmedida e epilepticamente repetida a sorvê-la, pensando talvez, que a humildade legitima me redima de demagogias, falácias, e burrices possíveis no que escrevi em tempos idos aqui.

Ora, a revista Visão desta semana, antecipando o clímax, não só traz na capa o escritor Lobo Antunes como, ao dispor ocular de qualquer passante, esta “brilhante” frase: “Tinha a morte dentro de mim. E é horrível estar grávido da morte”.

Nada a fazer, se religiosamente já largo dinheirinho para a revista todas as quintas-feiras, esta, até a comprava por imensamente muito mais, tal a iguaria se me apresentava. Sorte a minha, eu sei. Chegado a casa depois de ter contrariado a física dos materiais (não me lembro de ter aberto a porta para entrar), nada mais me interessa e parto ansioso para o índice e daí para a entrevista. Pela página 115 (antigo número de emergência) enquanto já frágil (tão frágil!) limpava uma lágrima imperceptível que, a confissão do escritor no anterior parágrafo tinha feito rolar, sou dominado pela surpresa incomensurável e colorida da maravilha ali escarrapachada:

"Ninguém escreve assim. Não tenho a menor dúvida de que não há, na língua portuguesa, quem me chegue aos calcanhares.
E nada disto tem a ver com vaidade porque, como sabe, sou modesto e humilde."


Parei... fiz reloaded... e num enorme clarão apareceu-me o Mourinho.

Pensamento: São inúmeras, e por vezes imperceptíveis, as maneiras como os afectos dão colorido ao entendimento e o contaminam.
(Francis Bacon, Novum Organom (1620)).

Exemplos e Milagres


Não gostando eu de Santana Lopes na mesma proporção que gosto de futebol (e gosto muito, muito, mas mesmo muito, de futebol), reconheço a lição de dignidade que este deu à “SIC-Noticias” quando, se recusou a continuar a entrevista, interrompida para o directo imbecil da chegada de Mourinho ao aeroporto da Portela.
O mesquinho critério jornalístico e a falta de ética que tudo atropela, foram esta noite, delicadamente, mandados à merda.



A santinha que acompanhou a reflexão de Santana Lopes nesta lição de dignidade, e o Fátima na vitória estético-desportiva sobre o Porto logo na primeira eliminatória da Carlsberg Cup, não quis nada com o árbitro Duarte Gomes (que até deve ser uma pessoa muito regrada e muito certinha) no encontro Estrela – Benfica, quando este, aos 93’, vislumbrou uma mão de contornos suspeitos na cabeça de Wagnão de que ainda se procura o dono.

Matou-os todos?

Ontem, hoje não sei porque não vi, todos os noticiários mostraram o pimpão, mentiroso funcional e assassino, presidente do Irão.
Este Mahmoud Ahmadinejad, perito no adjutório manhoso, proclamava na Universidade da Columbia qual arauto de virtudes, mais esta dantesca inanidade homofóbica: no Irão não há homossexuais.

Esta besta aleivosa e nauseabunda, fazendo uso de um fedorento risinho paneleiro, pretende que, o Ocidente se esqueça disto.

Mas, como este é o tempo das muitas palavras e pouco sentido, fico-me por aqui.
… com o saco de enjoo, evidentemente.

Um post que no fundo, no fundo, podia ser pior.


Se hoje o dia tivesse amanhecido sob uma forte intempérie, ou vá lá, pelo menos uma chuvita a momentos forte, isto faria sentido:

De chávena na mão estanco o passo junto à janela e com o olhar desafio a intempérie que faz das suas lá fora.
Em calhando, hei-de anotar no meu caderno de capa cinza cartonada, os mornos sonhos das manhãs de inverno.


Assim, como o dia amanheceu com o despontar de um sol mais ou menos radioso, mais para mais do que para menos, e nenhum destes requisitos foi preenchido com o recurso a psicotropicos, limito-me a referenciar, o que é uma coisa decente, e já agora aconselhar, o que já é coisa da esfera pessoal mas que me satisfaz, a leitura deste post do Bill que, teve a sorte, ao que parece, de por lá estar a chover.

… no mínimo dos mínimos e quase que posso jurar, o sol andava escondido.

Timor-Leste por onde vais?


Enquanto esperam por Godot, os timorenses viram ser aprovado no passado sábado dia 15 o programa de Governo, onde, se propõe o indonésio e o inglês como línguas de trabalho.

E sabemos que, o indonésio será a língua de negócios e o inglês será a do conhecimento, num país de 925.000 bacanos com 15 ou 16 línguas indígenas (os números dispensam a precisão) e mais duas línguas oficiais; português e tétum.

Ora, não querendo necessariamente ser controverso, mas sendo isto tão verdade como a actividade humana ser a principal responsável pelo recuo dos glaciares, nada se estranha por cá como não se estranhou quando, um fundador respeitado da República Timorense, passou de Presidente a primeiro-ministro (sem ganhar eleições), por decisão do Presidente que foi primeiro-ministro por nomeação deste (sem igualmente ter ganho eleições), e Portugal com o seu desprendimento material (?), que me dá a sensação de estar a ser comido sem azeite biológico, já entrou com 60 milhões de euros do nosso dinheirinho para projectos de cooperação sobre o ensino da língua e, João Gomes Cravinho admite reforçar o apoio, o que, pode parecer tremendamente justo, mas só se compara a uma típica prova cega de vinhos.

Posto isto, só não admira a distracção dos nossos estadistas (digamos assim para não parecer um esbofeteamento verbal) porque sabemos, que quando Galileu demonstrou que a Terra girava, já os bêbados sabiam disso há séculos.

Fala o adepto




Se calhar não devia fazer isto, ou devia faze-lo de forma cândida e menos óbvia mas, o agricultor (?) que comentou os últimos posts suscitou-o, por andar distraído e não saber da inteireza, ou antes, a ponta de um corno da história dos dois clubes e muito menos o que é um adepto de clube que nunca esmorece, embora, às vezes, também ressaque.

Meu caro Zé da Quinta, esta modernice dos benfiquistas odiarem mais o Futebol Clube do Porto do que o Sporting, não está com nada, não me convence e deixa-me desconfiado da patologia e do irreversível quadro clinico lá para as bandas da cesta vermelha que até me aperta o peito e causa ansiedade.
No entanto, estou tranquilamente convencido que devido à instalada mingua de resultados, olham de soslaio a constância do tempo e ressacam da amargura e remorso em que navegam, servindo-se para isso de drible tosco como crianças com medo do monstro das bolachas, por forma a apaziguar ódios conquistados durante anos. Anos esses, que minaram os alicerces fundamentais de um edifício que até podia ser atraente (!?) e de uma convivência saudável, inviabilizando assim, in limine, qualquer possibilidade de diálogo e, embora eu admita deficiente entendimento destas coisas e nas sociedades modernas seja mais ou menos axiomático que, gostos e crenças dos outros devem ser tolerados com alguma candura, o provincianismo, o comportamento soprado e a liberdade de inconsciência com que disparam pseudotranscendentais opiniões, não deixa (abrimos aqui uma excepção para os menores de idade, bêbados e loucos) que se encontrem palavras capazes de substantivar alguma qualidade.

Meu caro Zé da Quinta, os adeptos sportinguistas, são bem diferentes de gajas ou gajos no estádio a gritar o redondo refrão obsessivo e psicopatológico "ninguém pára o Benfica”, embora, no primeiro caso (as gajas) exista o gosto por reinventar formas de estar, esquecem que é contemplando as ruínas que se alimentam as almas românticas. Mas, o futebol continua a ser uma área onde não se concede tréguas ao adversário nem se muda de rival qual maria-vai-com-as-outras, porque adepto que é adepto, tem o clube no coração como uma extensão de virilidade, uma coisa epidérmica que, por exemplo; se revela ao detectar um benfiquista a discursar sobre futebol como um protector band contra aves de rapina, desencadeando um principio activo do tipo deltametrina eficaz contra flebótomos e carraças, principalmente quando, os ouvimos falar dos milhões que são, esquecendo como a lenda nasceu, e é coisa que conto mais à frente com uma risadinha amarga e, no palato, um doce sabor a sangue.

A mim, enquanto adepto e sócio do Sporting não compete a ética, nem disfarçada com manjericão e cebolinho, isso é coisa para o meu excelso presidente. Como adepto, reajo qual “Charlie” emboscado no mato, festejando as vitórias do meu clube e as derrotas do arqui-rival como quem come um tornedó de bife Angus ou umas gambas de Madagáscar, e o meu breviário escorre quente e simples, expresso em tempo de acção e etapas concretas, ao contrário do adepto benfiquista que vivendo em permanente lobbying se situa num plano de realidade diferente onde, os mesmos nomes designam coisas diversas e os factos mudam de tamanho com a alternância das marés. Para além de tudo isso e talvez por ter o pensamento confinado à sala de triunfos passados, é nostálgico e vive em permanente crise de reconquista do poder.

Meu caro Zé da Quinta, depreendo das suas palavras que gostaria de se lastimar comigo ou então que ungíssemos o corpo e de mãos dadas, todos nus, nos fossemos manifestar contra o preço das mortalhas, acontece que, terá de o fazer sozinho, e já agora que acabou o “Fiel ou Infiel” faça também a oração da bunda.

Nota de sachola e risadinha amarga, ao cuidado do Zé da Quinta:

Um dia, o menino de oiro dos milhafres (nesse tempo vocês ainda não sabiam o que era uma águia, qualquer espécime avícola bastava), discutia com uns colegas quem tinha mais adeptos; se o Sporting, se o Benfica, e, passando à prática, perguntou a todos os que estavam ao seu redor o clube a que pertenciam, chegando à óbvia conclusão (e já vai perceber a razão do “óbvia”) que 60% eram benfiquistas. Rapidamente se fez a ponte para o espectro nacional nascendo assim a lenda dos seis milhões. Ora, este drible matemático em tão belos pés, teria porventura algum, embora fraquinho, resquício de credibilidade se a sondagem não tivesse sido feita no restaurante do Benfica, depois do treino da manhã e em dia de cozido à portuguesa bem regado com tinto, onde, o sapiencial Gaspar Ramos qual apóstolo da extinção da verdade e sem a necessária percepção ocular logo encontrou conceito explicativo, enterrando ali a natureza indomável das normas exactas e tornando obesos os bovinos, que é como quem diz; assim se engordou o gado.

E, já que estou com a mão na massa, aqui vai mais uma sem a excessiva saturação das justificações: como sabe, o seu presidente, pessoa que vive na ilusão que a televisão confere sabedoria, movendo substancialmente os músculos suprafaciais perante uma plateia de rolos de lã insegura e desinformada, expôs o estado deplorável dos seus conhecimentos expelindo a mirabolante bacorada de serem o primeiro clube do mundo a ter uma sinfonia.
Ora, chegou-me ao canal aditivo por boca de confiança, que os adeptos do Middlesbrough Football Club naquela manhã de verão ou tarde de inverno, sei lá, quando souberam deste estapafúrdio, ficaram de tal forma devastados que decidiram apanhar o Intercidades e vir até Lisboa prestar a sua homenagem.

Para os dear friends adeptos do Benfica, que se tenham sentido desagradados com este post, declaro que, nunca pretendi insultar a inteligência daquela ínfima minoria de benfarosas que tem uns gramas de ideias próprias .

I’m lovin’it.

Coisas da bola




E Mourinho, depois de um derradeiro confronto com Abramovich sai do Chelsea, onde, deixa dois campeonatos de Inglaterra, duas taças da Liga, uma supertaça inglesa e a tão cobiçada taça de Inglaterra. É para já rendido por Avram Grant, embora se fale no nome de Juande Ramos que no mês passado e por esperar um convite melhor, recusou uma oferta do Tottenham.
Ainda que não se vislumbre o futuro clube de Mourinho, desconfio que, por esta hora mais coisa menos coisa, os dirigentes do Barcelona estarão a fazer contas para contratar o “Special One” embora, para as bandas da luz e por se acharem o eixo do planeta, algumas vozes reclamem já a sua contratação.

E lá saiu o castigo de Scolari; suspensão por quatro jogos e €12.000 de multa. Admito que não esperava tanto.

Nota: O amigo agricultor que não acatou o meu conselho de parar com as reviengas (de pouco refinamento técnico, diga-se) na anterior caixa de comentários, e despuduradamente decidiu manter a bola continuando a sachar a horta, terá daqui a mais um bocadito e em forma de post, a oportunidade de saciar a sede e de poder jogar à rabia.

Sporting 0 – 1 Manchester United



Ok puto, estás perdoado.
…mas não te estiques.


Qual nível europeu?

Este post é sobre o jogo do AC Milan com o Benfica. Quem não gostar de futebol pode passar já para aqui onde, o descomplicado Rui Tavares, nos oferece uma portentosa análise de Maria José Nogueira Pinto.

E vamos lá sem pieguices e as tretas do fair-play, falar daquilo em que, um gajo que gosta de futebol perde uma catrefada de tempo:

Ontem e em canal aberto havia dois programas que tinha interesse em ver; o jogo do AC Milan com o Benfica e o debate entre Marques Mendes e Filipe Menezes. Optei obviamente e sem grandes reflexões sobre o universo e a humanidade pelo jogo, prevendo que o debate entre tais cortexes, seria uma desolação patética como parece que foi e, para aqueles como eu, que julgavam ir assistir a um bom jogo do AC Milan, foi uma desilusão com um resultado longe de traduzir a superioridade dos italianos aquele que, os contemplativos benfarosas arrancaram no Giuseppe Meazza. Uma desgraceira.

Na verdade o que conta é o resultado porque, o objectivo do futebol a par da beleza estética é ganhar, e este foi a derrota dos benfarosas, embora e para quem viu o jogo com olhos de ver, por números enganadores, já que, os pouco inspirados “rossoneri” só falharam nestas alturas: aos 7’ por Inzaghi, 14’ por Inzaghi, 16’ por Pilro, 21’ por Inzaghi, 54’ por Káká, 64’ por Jankulovski, 66’ por Inzaghi, 68’ por Oddo e aos 77’ primeiro por Inzaghi e logo a seguir por Emerson.

Os milanistas, para além dos dois golos e de terem tirado o pé do acelerador perante um adversário fácil e pouco incomodativo, limitaram-se a jogar toda a segunda parte em ritmo de treino e a treinar o keeper da Luz.

PS: O golo de consolo do Nuno Gomes já no último suspiro da partida, é irregular. O Edcarlos está fora de jogo e interfere na jogada. Vi eu com estes que a terra há-de comer.

Foi Assim

Num país onde um semáforo ou um repuxo, paga taxa de rádio e televisão na factura da luz (contribuição para o audiovisual), tudo pode acontecer: assim, o livro da Dra. Zita Seabra, essa voadora do trapézio e extraordinária acrobata insuflável, que passou de dirigente comunista e revolucionária bolchevique durante 24 anos a deputada liberal com conversão ao catolicismo por obra e graça do seu recente baptismo, consegue reunir com desfaçatez, uma enorme desqualificação política e um exibicionismo persistente para se manter na ribalta.

A Dra. Zita Seabra, como é óbvio, tem todo o direito a escrever um livro sobre o balanço dos seus erros e de autonegação, porque afinal todos nós nos enganamos mas, “Foi Assim”, está longe de ser um livro sapiencial, sendo antes, um livro de medo, medo do veredicto da recente consciência adquirida que a impeliu a exorcizar os demónios, tornando-o num bom exemplo do flagrante desprezo pela constância do tempo, do raciocínio lógico, da capacidade de memória e da consciência auto-reflectida, fazendo lembrar o ex. fumador que se torna um fanático anti-tabaco.

Porque os fenómenos dos nossos tempos são mais fáceis de entender do que os do passado, “Foi Assim”, deve ser digerido com cervejas Paulaner em canecas tamanho XL como forma de combater o ressaibiamento, a ressaca, a amargura e o remorso que nos transmite.

Há por aí alguém que explique?

Nós sabemos que um português é a mistura de cristãos, mouros, judeus, romanos, visigodos e celtas, e, também sabemos, que os mouros ocuparam durante sete séculos a Península Ibérica e por alguma razão nós não falamos Árabe. Só não sabemos, a razão do último filme de José Fonseca e Costa ter passado no Brasil com legendas.

Ota ou Alcochete? A mim, tanto me faz.

Enquanto todos andam entretidos com os McCann (existem já teorias de conspiração) e com o Scolari (bem-haja este, só foi pena o gancho de esquerda não ter atingido as fuças do sérvio), eu, porque estive ausente do blogue muito tempo e dá-me gozo ser diferente, vou debruçar-me sobre o raio do novo aeroporto.
Prevendo já que o post vai ser longo, bem posso escrever o que quiser que também ninguém vai ler isto. É só para ficar, como agora se diz, para memória futura.

Ora bem…mesmo que não me assista o direito de imaginar que a CIP, numa manobra concertada, prestou um enorme serviço a Mário Lino mandando fazer o estudo sobre Alcochete, desfazendo assim o nó que este colocara à volta do Governo, fiquei com a pulga atrás da orelha com esta alternativa e, a minha primeira reacção, sabendo como a comunicação e a persuasão pública tinham falhado até aí foi, a de pensar, que ali havia marosca e da grande, já que, a oposição, perdia o seu filão de contestação ao Governo e principalmente, o “honesto” (depois do caso Somague, aceitou um carro para a campanha das directas, cedido por um empresário militante do partido e disse que era alugado) Marques Mendes, para além da liderança da oposição, vê também esvaziada a sua liderança no PSD, onde, a única coisa que lá o prendia era a imagem de seriedade, restando-lhe, para já, agarrar-se à pouco insuflada bóia de salvação que dá pelo nome de TGV, sem ninguém poder garantir que um qualquer mas mais credível respaldo técnico encontrado pelo LNEC, não venha a reequacionar a questão Ota, e mesmo que isso não aconteça, para Sócrates Alcochete também serve, porque a ideia teimosa e cega que se fazia sobre a questão está definitivamente atenuada, e pode então, quando a altura chegar, gerir sem perder a face, a opção que melhor lhe parecer, e que estou convencido, mesmo com a disponibilidade do Ministério da Defesa para encerrar o campo de tiro de Alcochete, ser aquela que há uns anos porreiros a esta parte tem merecido a vénia de todos os governos e onde, já se gastou desde 1998, qualquer coisa como 34 milhões de euros em estudos.

A este fio invisível dos acontecimentos, que une as coisas ao seu principio, dá-se o nome de habilidade e inteligência política a que, o eficaz José Sócrates não é alheio nem o presidente da CIP que só pretendeu (e vamos acreditar no que as pessoas se esforçam por dizer devido aos recursos disponíveis) com a contribuição monetária de alguns empresários, defender o interesse nacional e, acrescento eu, o ponto de vista de um significativo número de políticos de trazer por casa e pela blogosfera, que distribuem gratuitamente e com insistência, carradas de opiniões de vasto e sumarento apoio cientifico. A mim, que só quero viver com um ar mais ou menos respirável, passarinhos no céu, peixinhos no oceano, chuva e sol nas respectivas estações e um aeroporto perto de casa devido ao preço dos taxis, dava-me jeito que a solução Portela + 1 (que é o que vai ser nos próximos dez ou quinze anos e eu gostava de viajar muito durante esse período) fosse para continuar, e tanto me faz que seja com Alcochete ou Ota, desde que a Portela fique para os voos comunitários, mas, ainda assim, adianto; para este governo deve ser o mesmo, porque o que interessa nesta gestão perversa das prioridades políticas é mesmo construir o Aeroporto e o TGV, única via para baixar rapidamente o desemprego e dar um golpe de rins à economia. Disso, depende a reeleição de Sócrates para um segundo mandato, coisa que a oposição há muito percebeu.

Scolari Falhou.

Não estou nada de acordo com as trezentas e noventa e nove opiniões (a maior parte de gente abalizada da imprensa e do desporto nacional que é o futebol) que dizem ter Scolari falhado ao tentar agredir o Dragutinovic, e não concordo porque, quanto a mim, Scolari falhou, não uma, mas duas vezes e aqui é que está o cerne da discussão. Falhou, porque o seu mau boxe não deu para enfiar convenientemente o seu gancho de esquerda no Dragutinovic quando este lhe tentou roubar o relógio, depois, falhou, ao confrontar-se de forma egoísta com o jogador sérvio, só porque este lhe insultou a família quando, o árbitro Markus Merk, tinha acabado de insultar a selecção nacional, o presidente da república, o primeiro ministro, o governo e o povo português (aqui, toca-me a mim e à minha família), validando um golo falso como Judas que, este sim, bem merecia um uppercut que o pusesse K.O.

Assim, só o desculpo, porque ainda ontem o Paulo Bento com toda a tranquilidade e o penteado que o caracteriza, dizia que; “quem nunca errou que atire a primeira pedra” e, tenho uma vaga ideia, vaga, porque longínqua, de já ter errado uma vez, quanto muito e no máximo dos máximos, duas.

Conclusão sem obliquidades morais: Se Zinedine Zidane depois daquela magnifica cabeçada levou dois jogos de suspensão, Scolari, fazendo parte desta praxis desportiva, nem um merece.



Regresso

A preguiça ao sol acabou, os miúdos irrequietos que correm incessantemente desde que o dia nasce até que o sol se põe vão agora para a escola, as leituras lentas, interrompidas às vezes pelo feliz perfume de peixe a grelhar que, se sabia, seria regado convenientemente e sem pressas, terminou.

Assim se renovou a vontade de viver neste tempo que, amiúde, nos ocupa o pensamento e, voltamos embasbacados ao supérfluo, às infâmias, aos enganos, à indelicadeza da contrafacção de noticias com o objectivo de boas performances jornalísticas (bom jornalismo, é outra coisa.) onde, a Maddie, os McCann, a Policia Judiciária, o Ministério Público e o Ocean Club, levam a coroa da “catrefada de horas” neste circo romano, adornado com manhosas entrevistas de rua onde ninguém sabe mais que, o diz-se, diz-se.
A verdade, essa malvada, andará por aí aos trambolhões, embora, alguns, e porque o share a isso obriga, cheguem ao ponto quase espírita de decifrar as mensagens da PJ, como alimento necessário à cascata de lava opinativa com que, prolongam indefinidamente os noticiários.

Assim, mantendo-me nas nuvens, sem querer concretizar e muito menos ser profundo, porque só pretendo um primeiro post pós-férias desengordurado, direi que; a destilação, processo em que se separam os elementos far-se-á a seu tempo e, para já, nem sequer falo de mais este passo em falso da selecção nacional de futebol, nem tão pouco, do caldinho (estilo de boxe) que Felipão mostrou frente a Dragutinovic, preferindo ficar com o fabulástico momento que até dá arrepios na espinha, da selecção nacional de râguebi no jogo inaugural do Campeonato do Mundo contra a Escócia. Os mais atentos, notaram com toda a certeza que, a bandeira nacional lacrimejou e os pelos do meu peito eriçaram-se.