Timor-Leste (Loro Sae). Desenvolvimentos.

Ontem dia 26 segundo o Diário de Noticias de hoje e tal como temíamos, a Austrália resolveu mostrar as garras e assumir a liderança e o comando das forças internacionais, contrariando as garantias dadas por Lisboa, quanto à autonomia da GNR, que supostamente iria restabelecer a ordem na capital timorense, tarefa que agora, será partilhada com Camberra.

No pedido de ajuda em que Dili solicitava a intervenção de Portugal, Malásia, Austrália e Nova Zelândia, as missões estavam definidas e até os locais de intervenção para cada país.

Bem... tudo isso passou. Os matreiros australianos chegaram e resolveram assumir o controlo de tudo como já esperava. Facto, só possível, devido à nossa lenta e titubeante intervenção, como então disse.

Atentemos agora, nas declarações também do mesmo dia do governante australiano John Howard à rádio australiana ABC, segundo o Diário Digital:
“Há um problema significativo de governação em Timor-leste, não vale a pena andarmos a enganar-nos. O país não tem sido bem governado e espero que a experiência, para os que estão em cargos eleitos, de terem necessidade de pedir ajuda do exterior, induza o comportamento apropriado no país”.

Freitas do Amaral, confrontado com estas declarações, reagiu: «Considero uma ingerência nos assuntos internos de Timor-Leste e, pela nossa parte, discordamos desse tipo de declarações por parte de países estrangeiros».

Pois claro. Discordamos. Mas agora, só resta a esperança de que o enviado especial da ONU, Ian Martin, que chega a Díli na segunda-feira, leve na mala a vontade de assumir por parte dos “capacetes azuis” a coordenação dos militares e polícias internacionais no terreno.

Para Loro Sae, as palavras do poeta.

As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre.

22 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Pires,

O amigo diz "Os matreiros australianos chegaram e resolveram assumir o controlo de tudo como já esperava. Facto, só possível, devido à nossa lenta e titubeante intervenção" Concordo plenamente consigo. 1300 homens?! 2 navios?! blindados?! helicópteros?! Pois... Já não é só uma garra, é mesmo uma pata, com garras bem aguçadas! E nós?...

De facto, temos andado a alertar para um cenário que muitos diziam ser pessimista... Infelizmente, os nossos piores receios parecem estar a materializarem-se na realidade...

Mas ainda há esperança... Que essas mãos se lembrem do que lhes custou a liberdade e a paz.

abraço

Anónimo disse...

Amigo Pires,
Perfeitamente de acordo com oque dizes, e com as palavras do Sá Morais... o pior parece estar a avizinhar-se e somos obrigados a assistir a tudo impotentes, nós que ainda nã oesquecemos. Será que eles esqueceram?!
Que as mãos não se esqueçam...
Um forte abraço

José Pires F. disse...

Grande abraço Sá Morais, sei bem, que estamos sintonizados nesta causa e que comungamos da mesma preocupação com aquele povo. Tenho acompanhado os teus posts e hoje quando acabei de publicar fui visitar o teu “Ideias Fixas”, para constatar, com grande satisfação que já te referias ao assunto, daí fui ao Quintos e, também o Rui, já tinha postado. Diga-se, que inteligentemente, pois resolveu chamar a atenção para o número de forças, a que adicionaste os outros meios no terreno de operações.

Não fossem vocês, homens de Causas.

“As Mãos” de Manuel Alegre, neste momento, parece-me um poema feito para os timorenses.
.....................................

Um grande abraço para ti amiga Teresa. Sei bem, que como eu, o Sá Morais, o Rui e outros (tantos), tens ainda presentes aqueles dias em que nos batemos todos pela causa de Timor, em que esta Nação chorou solidária com o sofrimento daquela gente e que te custa, como a nós, observar impotente o que se passa.
Façamos votos, para que as nossas preocupações não passem de pessimismo exarcebado.

Rui Martins disse...

o problema está em que Camberra está lá não para defender Timor, mas o "seu" petróleo timorense, que Alkatiri lhe entregou de mão beijada.

Isso, mais a tímida e lentíssima resposta portuguesa acabarão por tornar Timor numa espécie de Protectorado colonial adaeternum da Austrália.

Espero estar enganado!

Era uma vez um Girassol disse...

A liberdade e democracia ganhas por um povo que tanto sofreu, encontram-se em risco...
O poema de Manuel Alegre está colado à causa timorense, foi uma boa escolha, é lindo!
Aproveito para agradecer os parabéns e dizer que nunca é tarde...
Beijinho

Cristina disse...

poderiamos nós competir com a australia? como?

Pires, terás razão, mas se fosse connosco, ficavamos à espera dos portugueses?

é muito complicado naquelas circunstancias tomar outra atitude que nao fosse, venham o mais rapido possivel
digo eu...


entretanto, já vi que tens um troll no blog ;)lool

Anónimo disse...

Complivcado, muito mesmo! E não de todo inesperado.

Droga de Mundo este!

:) Bjs.

Klatuu o embuçado disse...

Isto está tudo cada vez mais triste!

isabel mendes ferreira disse...

.........com as mãos cheias de flores e uma espada no olhar para cortar a escuridão......



beijos. à luz!

TheOldMan disse...

É tudo uma questão de interesses, e Portugal apenas lá vai para tentar sacar uma fatia do bolo.

Tal como entre quaisquer outros predadores, os mais fracos comem sempre no fim (se tiver sobrado, claro).

Qualquer adulto que acredite em altruísmo terá sem dúvida graves problemas pela frente...

;-)

Abraço, PiresF

della-porther disse...

Aqueles que se julgam superiores estão com as patas sobre o Timor. O povo timorense vai reagir.
Muito bom o texto. Ajudou-me num debate em que discorri sobre o Timor. Obrigado

José Pires F. disse...

Rui!

Receio que tenhas razão e seria mais uma vez consequência da nossa não intervenção atempada, como aliás, já aconteceu.
Um abraço.
…………………….

Bea!

O petróleo e o gás timorense, mais a presunção australiana, é que os fazem lixados.
Manuel Alegre… claro.
Beijinho.
……………………

Cristina!

Olá amiga. Troll? Bem… vê como falas das minhas visitas, especialmente das mais novas que se poderão tornar amigas. :)

Sobre a questão:

Claro que não ficaríamos à espera, ninguém naquela situação ficaria, mas Timor só faz o pedido internacional, porque Portugal não actuou quando no dia 10 foi solicitada a sua ajuda, por isso, eu classifico a nossa resposta de lenta, titubeante e também economicista, já que, só com a aprovação das NU, que vão pagar o esforço é que decidimos avançar, ou seja, depois do telefonema de Kofi Annan no dia 25.
Podemos ouvir nas reportagens que têem sido transmitidas, que os timorenses queriam os portugueses, inclusive a policia timorense tem receio dos soldados australianos, porque será?
A Timor, critico o terem deixado as coisas chegarem a este ponto, critico as divergências entre Xanana e Alkatiri que criaram o motivo e o ambiente propicio a tudo isto, critico a não resolução atempada do previsível problema dos ex. militares, mas não critico o pedido de intervenção, porque necessário e é nesse aspecto que critico o nosso governo, de não actuação.
Abração.
…………………………….

The OldMan!

Só me apetece dar-lhe razão. Não o faço, porque seria admitir que já nada vale a pena e recuso-me a deixar de sonhar e acreditar em valores mais altos para o ser humano.

Um grande abraço.
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Della!

Ainda bem que pude ajudar e esperemos que sim, que reajam.
Um abraço.
……………………………

Girassol, Pois.Claro, Klatuu, Dakidali e Isa.

Não respondo aos vossos comentários, por nada haver a responder, excepto comungarmos da mesma preocupação.

Um grande abraço.

tb disse...

Passei e deixei um abraço forte de amizade.

Mocho Falante disse...

ah pois é...os australianos têm tradição inglesa e por isso são dão o chouriço a quem já lhes deu o porco

Vamos agora ver o que isto vai dar

abraços

Kaos disse...

A situação não para de se complicar em Timor. Neste momento com o aparecimento de grupos civis a praticar vinganças corre-se o risco de a situação degenerar em guerra civil. Os Autralianos estão lá a defender o seu petroleo e Portugal está muito longe.
O jumento publicou ontem um artigo bom sobre o assunto.
um abraço

Helder Ribau disse...

há blogs com qualidade... este é um deles

Licínia Quitério disse...

Já se previa que não iam deixar em paz este povo. E o cinismo dos provocadores-defensores! Refiro-me aos australianos, mas há mais, claro. A ganância dos homens não tem limites. Felicito-te pela defesa empenhada das boas causas.
Abraço fraterno.
Licínia

Luma Rosa disse...

Pires, não vou dar pitaco sobre o assunto porque realmente estou por fora. Por aqui quase que não se fala do assunto, talvez porque não haja interesse.
Qual é o interesse da Austrália?
Boa semana! Beijus

*Gostei de saber que sua filha gostou dos links!

Anónimo disse...

As mãos... executam o que vai no pensamento seja ele bom ou menos bom, pena que é que neste momento seja mais mau que bom...
Deixo meu olharindiscreto...
Cõllybry

Anónimo disse...

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