Leio Dostoievski, no livro "Noites Brancas", e sublinho de passagem o sublime simples como recado a alguém: "Nunca esquecerei a história duma linda e pequena casa cor-de-rosa claro. Era uma casinha de pedra, olhava-me com um ar tão afável e mirava tão orgulhosamente as suas frias vizinhas, que o meu coração se alegrava sempre que passava diante dela."
E, relendo “As grades” de Sophia, sinto que a poesia existe, tanto na forma como se sente o que se lê, como vendo o rosto belo da mulher de primavera que Boticelli cristalizou na sua plenitude e abstraio-me do verão, subverto-o até o conseguir pressentir, e escrevo na memória um conto sobre o contador de histórias que declama a rosa descosida das sombras das suas pobres vestes, e não me surpreendo por o silêncio se demorar nas minhas mãos quando concordo com Caeiro:
E, relendo “As grades” de Sophia, sinto que a poesia existe, tanto na forma como se sente o que se lê, como vendo o rosto belo da mulher de primavera que Boticelli cristalizou na sua plenitude e abstraio-me do verão, subverto-o até o conseguir pressentir, e escrevo na memória um conto sobre o contador de histórias que declama a rosa descosida das sombras das suas pobres vestes, e não me surpreendo por o silêncio se demorar nas minhas mãos quando concordo com Caeiro:
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando a janela abre.
40 comentários:
e abrir a janela é vestir.se do vento. e chegar ao lugar mais longe onde tudo o que é passa a ser diferente.
na distância plena e cheia de cor de Boticelli. afinal um arco-íris que sendo raro se toca e se desfaz na boca do possível.
há nas janelas entreabertas uma visão: a de uma casa branca onde os deuses são reais e carregam aos ombros os dias felizes.
a cada um a sua metade do dia.
aqui um dia inteiro para semear o futuro.
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post a meias com a filosofia e um oráculo.
cálice.
___________________
que se lê para lá da melancolia.
___________________.
um beijo. enorme. a Espreitar à janela.
Sim, Y, “abrir a janela é vestir.se do vento” ou de veludos a ondear “e chegar ao lugar mais longe onde tudo o que é passa a ser diferente” é ser encantamento, lança e benção de um afago, Outono de crepúsculos doirados, de púrpuras, damascos e brocados!
Enorme abraço.
voltei.
para dizer que:
em si a metáfora ganha a substância da ternura.
.
do veludo e do belo.
y.
Obviamente que só podemos escrever com palavras, mas elas significam tanta coisa entre o sentir estrutural e o “des-sentir” da decomposição das estrofes, estilos, sei lá. Sabes, acredito na visão extraordinária de abrir a janela e em jubilo ver as palavras a brotar, a criar raízes numa primavera que não mais parará de florescer.
Percebes?
percebo. como não?
assisto a um discurso claro.
claríssimo.
________________.
Escrever, lavar ao alma de verbo...Semear letras e florir versos.
Vou usar essas palavras do Caeiro na semana filosófica "Filosofia e Literatura" em setembro (=
Abraço amigo.
[s]s
Entendi-te perfeitamente e sabes porquê? Porque tu me entendes perfeitamente a mim! (risos)
Passo por aqui para te ler e reler, o que sabe sempre muito bem!
Aproveito para te desejar uma execelente semana.
Beijinhos e até breve.
;O)
Sim, escrever é um ato solitário já que nossa alma existe sozinha.Também concordo com Caieiro.
Saudades, tio!
Beijos.
com a filosofia não há janelas
apenas paredes
um abraço
jorge vicente
"O escritor torce a linguagem, fá-la vibrar, abraça-a, fende-a, para arrancar o percepto das percepções, o afecto das afecções, a sensação da opinião – visando, esperamos, esse povo que ainda não existe."
{Gilles Deleuze}
Ainda no corre corre, li na prova de hoje e anotei (=
Me lembrei do post hhehe
Abraço grande amigo.
[s]s
Existe - e é a mais solitária e excruciante provação a que se pode entregar uma alma. Paradoxalmente os seus frutos são a maior dádiva.
Abraço, Pires.
"há cada um de nós, como uma cave" é uma existência dentro da própria existência, dado os outros virem até nós e nós até aos outros :) um pensamento muito humano, Pires. um beijinho.
e pronto.
afinal a janela abriu-se.
por aqui o vento.
ou vendaval?
beijo.
e pronto.
afinal a janela abriu-se.
por aqui o vento.
ou vendaval?
beijo.
É só um vento reles, Y. Não passa de um sopro de bode infra-besta e dislexico que resolveu vir aqui marrar.
No entanto e como não é só aqui -o Miguel e o K, também estão a ser alvos de ataques covardes de emoticons tontos, presumo que tenha a ver com a NA.
Beijo, Y.
ah....
ventos "agrestinos" então...:)
.
nada que não seja passageiro...presumo. e inconsequente.
beijo!
y.
Que honra sermos escolhidos por estas cáfilas sem nome!
Temos de "baptizar" a tríade.
Abraço, Miguel!
Simplesmente maravilhoso. Sabe que sempre gostei mais de Álvaro de Campos, mas com o passar dos anos gosto mais do Caieiro. Parabéns, Pirex, vc fez um belo post.
Fiz um post sobre Cidadão Kane, dedicado ao nosso querido vampiro, o Ravnos, e há mais coisas lá de que vc vai gostar, como retratos feitos a mão. Apareça:
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Estou voltando de um cirurgia de câncer no útero, preciso me reerguer.
Um beijo,
Renata Maria Parriera Cordeiro
e
"todo o mundo lá fora".
e
bom dia....
e
E.
______________
O gatinho comeu os dedos do tio Pires...ai que gatinho malvado...devolve os dedos do Tio porque eu tô com saudades dele. LOLLL!!!!!
Beijos, tio.
A selva tem duas margens
e uma ponte
onde nem sempre passa
um rio
Olá,
Chegou a atura de eu tirar umas férias :O)))
Entretanto deixei, no meu blog, um “presente” para todos os meus amigos. Espero que gostem!
Tudo de bom para ti.
Beijinhos e até breve.
;O)
e BIA tem razão...
:)
beijo.
Eu não escrevo
mas penso que sim, que a escrita ou "a arte" ou tudo o que necessita de criatividade é um acto solitário.
O Belo!!!
Não basta não se ser cego...
ver o Belo, vê-se com os olhos do coração, da alma. Esses sim, procuram ver o que está para "além" da janela aberta
"Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando a janela abre."
Gostei muito desta viagem...:)
deixo-te um beijo
" Com filosofia não há árvores: há ideias apenas "
as ideias férteis ...
são seiva !
claridade
de um abraço
cumplice
iv*
Saudações amigas
Convido-o a conhecer o meu blog.
Gostei do seu texto.
abro a janela mas só para dizer:
uma cesta.
y.
Tão solitário e profundo, como o descontruir de uma casa. cor de rosa. claro. de janelas entreabertas.
Outros ventos virão.
Belissimo este post!
Um beijo, bom fim de semana.
Para memória futura:
Apaguei 15 comentários nesta caixa, 9 de uma imbecil que decidiu vir para aqui marrar e 6 meus em resposta.
Foi a primeira vez que tal aconteceu e, certamente, não será a última.
Decidi, democraticamente, que os imbecis não têem o direito de conspurcar este espaço.
sorriso.
é assim mesmo. viva a democracia.:)
beijos.
y.
_e
levei-te o caeiro, prontus...
beijo
bom fim de semana
Salve Caeiro!
Doces abraços
certo, o Caeiro disse-o, o Pessoa escreveu-o de pé contra uma parede os versos dele, do outro.
vivia num quarto sem janelas,
nao precisava de empurrar o vento, consumia-o.
merci, sempre pelas suas mensagens e aqui, por estas escritas que leio com intensa emoçao.
beijos e vou deixar entrar as aves, pela janela, sem querer...
LM
... sem dúvida que os dois, Dostoievski e Sophia, 'pensadores/filósfos'... muito discerniram antes de passar à escrita!
Os seres mais 'fadados' para a escrita, profunda escrita assim ponderam... Bernardo Soares/Pessoa, Vergílio Ferreira, outros nomes a juntar...
Sem dúvida que a escrita é um acto solitário, se requer 'frio tremendo na alma'... talvez! Por vezes...
Sensibilizada pelo olhar amistoso em 'fragmentos'!
Um beijo,
Bonjour, revenue sur Paris,
por onde anda?
Sem noticias do miguel, o mail nao funciona...desparecido, foi pela janela, com o vento.
ESpero que volte em breve.
Vou reler o texto sobre a verdade e a mentira...um bjo de Paris, com frio...
LM
Lindo de morrer.
Bom fim de semana.
Norah
é. é solitário o ofício da escrita.
mas partilho.O. aqui.
beijo.
É solidariamente solitário, Caríssimo...
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