A mão está pesada… e a pena, véu de alma transparente já não me embala, nada surge neste descansar de nada… não escalo montanhas, não atravesso oceanos, tão-pouco enfrento tempestades, e pergunto-me no desalento, no desencanto, na tristeza esparsa sem nenhum motivo de pranto, para onde foram as palavras?…
Que fiz dos infindos tesouros recolhidos e guardados na pele… onde se recolhe o mistério do imaginário quando desaba o silêncio sobre os crepúsculos negros de tristeza que misteriosos me rodeiam e porque quero tanto o que ninguém me pode dar?
Chove e interrogo-me na tarde lívida se a tristeza das gotas que caiem será minha, que sabor será o do grito que expressa sentimentos e teimo em calar, e quantas serão as palavras nuas de diferentes paladares que se debruçam a poemar.
Mas para quê interrogar-me? Não sei que fazer com as palavras que transporto neste tempo de horas certas em tempo que não é certo e onde os ângulos se não encaixam, da pressa para tudo até para não se ter pressa dos dedos entrelaçar no calor necessário de um ombro amigo no qual chorar… resta-me lamuriar por ser tão como os outros, tão singular.
Olho pela janela em busca da luz que se reflecte nos sorrisos, dos passos que dançam tangos de olhos unidos até cegar, da mágica brancura dos sentimentos cristalinos, das sombras esbatidas que se abraçam num poema ou na ternura de um olhar, do dia em que nas minhas mãos sentirei o sentido das tuas como palavras nuas que não poderei calar, da bússola, de um mapa, de um paralelo dobrado num qualquer canto de luar…
Que fiz dos infindos tesouros recolhidos e guardados na pele… onde se recolhe o mistério do imaginário quando desaba o silêncio sobre os crepúsculos negros de tristeza que misteriosos me rodeiam e porque quero tanto o que ninguém me pode dar?
Chove e interrogo-me na tarde lívida se a tristeza das gotas que caiem será minha, que sabor será o do grito que expressa sentimentos e teimo em calar, e quantas serão as palavras nuas de diferentes paladares que se debruçam a poemar.
Mas para quê interrogar-me? Não sei que fazer com as palavras que transporto neste tempo de horas certas em tempo que não é certo e onde os ângulos se não encaixam, da pressa para tudo até para não se ter pressa dos dedos entrelaçar no calor necessário de um ombro amigo no qual chorar… resta-me lamuriar por ser tão como os outros, tão singular.
Olho pela janela em busca da luz que se reflecte nos sorrisos, dos passos que dançam tangos de olhos unidos até cegar, da mágica brancura dos sentimentos cristalinos, das sombras esbatidas que se abraçam num poema ou na ternura de um olhar, do dia em que nas minhas mãos sentirei o sentido das tuas como palavras nuas que não poderei calar, da bússola, de um mapa, de um paralelo dobrado num qualquer canto de luar…
A chuva parou, e o céu, devagar, mesmo devagarinho, sem pressas, seguindo o seu caminho, abriu um sorriso único… eis então que a página, incontida se moldou, e subindo às palavras de azul se manchou.
34 comentários:
serão as palavras meros desabafos merencórios?
sem angulos certos nem mapas certeiros?
.
é um registo branco, não brando, mas que não lhe conhecia tão assim.
.
será da chuva?
ou antes do olhar singular ...?
vou pensar querido PiresF.
volto mais tarde.
beijos.
(piano)
voltas-te :)
e libertas as palavras
num...."deep river" que é novo...para mim.
gostei.
enquanto isso
eu fecho palavras...
beijo
grande
eu sei para onde foram as palavras. estão aqui!
e
os tesouros são para ficar recolhidos na pele... e o que queremos tanto e ninguém nos pode dar... também! é o nosso segredo...
e
empresto-te o meu ombro para um tango.
e
peço muita desculpa mas existem álamos e luas Sim!
agora a sério: estão abertas inscrições para ir ao brasil apresentar a apoplexia... vamos de autocarro... alinhas? :))))))))))))
o meu abraço.
e desculpa-me este àvontade...
até parece que não sou nada envergonhada...:)))
Já reparou que tem vezes que precisamos de "férias" das palavras ditas? Que elas precisam ser não-ditas para serem benditas?
E sendo benditas, saem com doçura, prazer, encanto.
o silêncio é cioso do seu tempo. e há palavras que não gostam da chuva. esperam pelo sol para encher de luz as tuas páginas?
já não existem álamos? nem sequer a lua?
droga....está tudo a desaparecer.
salve-se a prosa.
incontida.
bom dia PF.
_________________beijooooo!
acho que cheguei aqui através da Mié....sério...
vim de lá....directa.
tem um link para esta LUA!
y.
E eis que a página ganha vida e azul a mancha da palavra desse olhar singular que tanto gosto de contemplar.
Está tudo a desaparecer, mas o ombro amigo, esse existe. aqui neste lugar onde os sentires se encontram. e lá onde nos podemos sempre (re)encontrar.
Boa a prosa, poético o olhar. :)
Grande abraço
Será que desapareceu o meu comentário?
grande abraço
É tão bom passar por aqui...
Já não existe a lua porque como postou o Joaquim um pedaço da lua foi vendida!!!
Um abraço...
Temos novo castelo; enviei-te um convite.
Abraço.
há palavras suas que se moldam.colam às rasuras de um olhar cristalino.Outras são portões vermelhos. que dão para o lugar dos passos em branco.
.
bom dia PiresF.
Não sei... Não sei, só sei que no meu pequeno pedaço de céu, nem mesmo o azul das palavras se desenham depois de uma leve brisa... Ainda reina o cinza chumbo do céu tempestuoso, onde se é possivel desenhar com os dedos...
Tu e suas palavras...Tão bem brincadas (=
Está sempre presente meu caro amigo.
Grande abraço.
Uma escrita singular... Com palavras que convocam o silêncio.
Um beijo.
ainda não há álamos? nem luas?
oh.....:(((
beijo.
Os álamos, as luas e tudo quanto de belo conseguimos sentir, ver, cheirar, tocar existe porque tu os nomeias, mesmo que já não os haja.
Valha-me Deus...
Mas que conjecturas. Afinal eu não existo.
:)
:)
:)
Abraço sem longe.
Vindo aqui devagarinho e com tempos ( coisa rara... ) percebe-se ( reforça-se o "perceber"... ) a razão pela qual este blog arrecadou um certo prémio... A cervejolas ainda esperam dias mais calmos de viagens e conversas, mas aguardam...
Abraço!
______________pois.
percebe-se.
haja quem "mima" as palavras assim. numa gramática interior.
sem uso e recurso a falsos estilismos.
pois.
tem razão o Sá Morais....:)
e
OBRIGADA!
muito.
Momento de recolhimeto e de encontro.
Depois virá o remoinho da palavra.
Beijinho.
vim espreitar
a tua página incontidamente azul.
um beijo
2
A olhar pela janela não se bebe
a chuva
corre-se o risco das palavras
cairem no chão
mesmo que iluminadas
Não permita que lhe doam
as mãos
ó senhor espreitador, eu bem que gostava de passar por aqui mais vezes, mas as garinas não me largam. mas lá tirei hoje um bocadinho, a conselho de amigas que me gabaram muito este espaço.
e com razão.
abraço
joão
[belíssima prosa...]
...
entre o branco, a chuva, uma vidraça e um certo 'Natal'... digo eu.
(...e uma calma lenta, muito concreta, azul.)
abraço
Nãaaaaao, era o Sá Morais, agora que vi o nome dele ali, lembrei!
Boa quarta-feira pra ti.
Abraço.
tão bom encontrar pessoas que exalam a vida de maneira parecida com a nossa.....
tudo muito bom por aqui :o)
beijos
MM.
>>> temos amigos em comum
conheço um azul que repete céus e brilha no olhar de sorrisos espreitadores.
[quando chove o azul desliza pelo mistério das palavras]
um enorme beijo
a chuva,
a chuva que adoro ...
tem sorrisos, acredita !
:)
.
o tempo e as suas dele variações.
o homem é um dédalo de densos aforismas.
beijo.
prontuuus!!!
e vim espreitar outra vez
...a lua já anda aí, ontem via!!
Feliz Natal
e um bom ano de 2009.
Tudo de bom.
um beijo
enormeeeeee
eee
eeeee
Acabam sempre, as palavras, por regressar.
O que resta é esperar que voltem enquanto vivermos, que há textos perfeitos nas nossas cabeças que nunca verão o papel pois as palavras tardam. E assola-nos, então, a angústia.
(espero que esta interpretação colateral faça algum sentido :D)
Uma prosa refinadíssima.
abraço,
fvs
PiresF
...quase, quase a acreditar que espreitou os cantos da minha alma :) e a receita que eu guardo contra as intemperies do tempo :) agradeço e retribuo, com um grande e carinhoso abraço!
olha.. posso? :)
tinha lido este no dia de um certo comentário no Piano, não me atrevi a dizer nada. Lia um desabafo. Ou espelho. Ou meia angústia pela falta de fugacidade nos dedos. Foi-me tão familiar que nada soube dizer.
Caro PiresF.. acredita que é tudo tão normal mesmo que pareça pior. As palavras nunca se vão. As palavras aguardam, dure o tempo que durar, eternidade ou uma lua.
Abraço.
Prezado PiresF, imagine se ainda existissem álamos, luas e métricas que valessem a pena. Quem se importa, se na carência destes elementos ainda consegue escrever uma crônica tão primorosa e de rara sensibilidade como esta.
Um abraço e feliz 2009!
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