Cybercobardia (!?…)


“Excepção feita ao correio electrónico e à consulta de «sites» informativos a Internet interessa-me zero.”

Sob o titulo “Cybercobardia”, assim inicia Miguel Sousa Tavares a sua crónica semanal no Expresso, em defesa da sua honra e do seu bem sucedido “Equador”.

Mesmo não concordando com a sua análise perversa, muito, mas mesmo muito geral da blogosfera, tenho de entender que neste caso o coração, ou melhor dizendo, a raiva, foi superior à razão. Também não é para menos. Nós, os latinos, vamos aos arames com certas filhas-de-putice.

De facto, existem casos que são casos, e outros, que não passam de ácidas e mal amanhadas acusações, porque: considerar plágio, um romance histórico, onde apenas o ilustramento episódico de quatro marajás da Índia são em algo idênticos, porque têem de ser, e tendo o autor descrito na bibliografia as fontes de consulta onde buscou informação, é uma atoarda de bradar aos céus.

Posso nem sempre concordar com as suas opiniões, posso detestar até, porque me irrita, o seu portismo ferrenho, posso até dar crédito a quem o apelida de megalómano, mas que me dê já aqui um treco, se não acho que o homem escreve e bem. É que, para além de ter lido as 171 páginas do “Não te deixarei morrer, David Crockett”, li cada uma das 521 do “Equador”, foi aliás, devido a este romance e à extraordinária viagem pelas excelentes descrições das suas gentes e costumes que ganhei gosto por terras de São Tomé, e vem agora, um aleivoso pseudo-arauto de virtudes, colocar sob a mais nauseabunda suspeita, quem tem demonstrado ao longo da sua vida pública uma verticalidade de fazer corar muita gentinha.

Mas, a impossibilidade de haver pior, tem conclusão hedionda no jornalismo, pela responsabilidade e pela profissão. MST nesta sua crónica, denuncia ter-lhe uma jornalista confessado não ter lido o “Equador”, nem tão pouco, o supostamente plagiado, e, mesmo assim, com ligeireza segundo ele, com malícia convulsiva e insultuosa segundo eu, escreveu preto no branco: “Há muitas ideias parecidas e frases praticamente iguais”.

De facto, a atitude achincalhante da cambada torpe e medíocre reinante neste Portugal pequenino, para quem, o sucesso e o talento sem amarras tem de estar agarrado à vigarice, é mais o retrato de quem insulta, do que, de quem é insultado.

25 comentários:

Anónimo disse...

Soube disto pela rádio... Naquele programa da Antena 1 sobre a blogosfera, que podia ser mais interessante se diversificasse mais a sua esfera de atenção... ( Não falo pelo(s) meu(s) blogs, que são sitios de escrita rápida e ideias simples, mas sim de outros que conheço e admiro! Porque nunca ouvi falar do Quintus? Ou do Espreitador? Estou sempre à espera que isso aconteça, mas aquilo é muito bi-polar... )

Mas já estou a derivar para outras rotas... Fala-se do MST e de uns miúdos(?) que não tinham nada que fazer e toca de vomitar disparates e ferroar uma figura publica que não é propriamente nenhum prototipo de serenidade... O caldo intornou-se! Tinha de ser... Estava azedo! E percebo bem esse azedume do MST... Não deve ser fácil engolir que estamos a ser chamados de vigaristas. Pois, afinal, o que é plágio senão uma vigarice? E o homem explodiu com razão! Esconjurou a internet e o diabo a quatro, metendo tudo no mesmo saco(?)... Foi a quente!

Já nem vou falar dos/das jornalistas que por aí andam... À maioria não sei se lhes hei-de chamar "jorna-modelos", "primos-do-patrão-listas", "Cunha-listas", "és-muita-totó-listas", "jorna-até um porco pode ser-listas", etc,etc... Vejo cada ave rara!... Alguns(as) nem sabem falar e notasse que muitos nem sabem do que estão a falar... São como os papagaios!
Mas já estou novamente a perder o rumo...

Infelizmente o grande plágio deste país é mesmo a ignorância... E como tu próprio dizes magistralmente: "De facto, a atitude achincalhante da cambada torpe e medíocre reinante neste Portugal pequenino, para quem, o sucesso e o talento sem amarras tem de estar agarrado à vigarice, é mais o retrato de quem insulta, do que, de quem é insultado."


Assinado por baixo!

Abraço!

José Pires F. disse...

Sá Morais!

Congratulo-me sobremaneira que tenha sido tu, um escritor independente e sem amarras, a abrir esta caixa de comentários.
Saberás evidentemente melhor que eu – ou imaginarás com revolta -, quanto deve custar ver um trabalho de meses ou até anos ser assim vilipendiado.

Se nos lembrarmos, que estamos a falar de um escritor com créditos firmados que extravasou as nossas fronteiras, podemos facilmente tirar ilações do que poderá acontecer a outros menos conhecidos, se porventura, caírem nas garras do discurso impune, cobarde e invejoso, que não poucas vezes percorre a blogosfera.

Por isso, mesmo tendo MST de forma indignada, direi mesmo, raivosa, atacado a blogosfera, temos de lhe reconhecer razão e descontar a acides conjuntural das suas palavras, porque, a malta da bloga, sabe muito bem o que para aí vai.

Um grande abraço.

Sofia disse...

Preciso de um update urgente: acaso o Miguel de Sousa Tavares está sendo acusado de plágio ?!?!?!
Conheci ( e li ) Equador pelas mãos de um grande amigo português que me enviou um exemplar como prenda de aniversário há uns anos e fiquei apaixonada pela narrativa.
Essa é uma denúncia muito séria e, de fato, não dá para ficar calado numa situação dessas.
Abraços,

Anónimo disse...

Costuma-se dizer que "cada um tem aquilo que merece". Sim, é grave o MST ser acusado de algo que não fez, mas quando dizes "denuncia ter-lhe uma jornalista confessado não ter lido o “Equador”, nem tão pouco, o supostamente plagiado, e, mesmo assim, com ligeireza segundo ele, com malícia convulsiva e insultuosa segundo eu, escreveu preto no branco: “Há muitas ideias parecidas e frases praticamente iguais”, parece que vemos isto em qualquer lado. Quantas vezes, ao serviço de comentador da TVI, o MST não comenta dessa forma maliciosa coisas que desconhece? Quantas vezes não comenta vidas, que ele do alto de quem tem algum poder económico, não pode conhecer? Embora ache que esta acusação é grave, talvez seja uma maneira de ele aprender a não fazer comentários levianos e achincalar algo que desconhece.

tb disse...

Pois é... quem com ferros mata, com ferros morre...
Independentemente de gostar muito pouco ou nada do MST, acho que ele não deve ficar calado. nem sobre ele nem sobre outros casos que vão acontecendo.
De qualqer modo, lembrei-me daquela:
Nunca se justifique.
"Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam."
Assino por baixo o que escreveste.
Abração

Fragmentos Betty Martins disse...

Ola Pires

Obrigada pelas palavras.

Eu sou fã do Miguel S. Tavares. Li o “Equador” adorei - simplesmente. Alem de escrever excelentemente, revelou-se um óptimo romancista.

Beijinhos

isabel mendes ferreira disse...

estou contigo.....!



beijo.

Maite disse...

Caro PiresF

Em nome de um grande romance Português (porque é isso que eu considero Equador), assino por baixo o seu post.
Gostei de tudo no Equador, desde a densidade psicológica e trágica da personagem principal e da sua interacção com as outras até às descrições do arquipélago de S. Tomé e Príncipe (do qual sou completamte fascinada) e da sua complicada situação no âmbito das relações humanas, sociais e económicas.

Um resto de bom domingo para si

Rui Martins disse...

Bem... a Inveja é provavelmente a maior fonte de energia que o Home conhece... Parece que há mesmo una quantos paralelismos suepeitos na obra de MSt. O que em si, não é nada de extraordinário! É impossível hoje em dia escrever algo completamente original, cujo tema ou enredo não tenha sido já abordado algures, nestes 5000 e tal anos de Escrita!

E MST até parece ter inserido o dito livro plagiado na sua bibliografia... Fá-lo-ía se o tivesse plagiado?

Anónimo disse...

Não conheço a obra em questão, aliás o MST é pessoa non grata para os meus lados, mas ser acusado de plágio por uma ninharia é revoltante. Hoje em dia não se inventa, renova-se, reescreve-se...podemos encontrar um ou outro ponto similar entre obras, mas plágio?? Não me parece..
assim sendo não será o Alcorão um plágio da Bíblia???

Teresa Durães disse...

não li o Equador, li as acusações e sempre acreditei que acima de tudo um Homem é inocente até prova em contrário.

No entanto o comportamento do MST é tão deplorável como as acusações. Tem a facilidade de expôr para as massas o que pensa (o mesmo não se passa dos anónimos da net), acusa desenfreadamente todos (na net estão muitos escritores com livros editados e, que eu saiba, escritor é quem escreve).

A partir do momento em que fala de Cybercobardia e o faz tendo consciência que a sua força e poder é mais elevada, só posso concluir que o MST seguiu o mesmo caminho.

Boa noite para si

Teresa Durães disse...

P.S: MST obviamente mostrou a Portugal inteiro que nada como o Poder na mão.

É verdade, Portugal é muito pequenino. Estamos entregues a quem tem a força e os restantes que gritem para dentro.

Anónimo disse...

Lamentável isso, ação e reação.
Confusão criada, acusar sem provas, concordo com o Rui, se o MST tivesse plagiado teria citado na bibliografia...
Agora colocar toda blogsfera no mesmo saco é complicado, mas esta protegendo sua criação... Nada mais que natural.
Cá estamos com mais uma grande polémica.

Ótima semana amigo.

[s]s

Outsider disse...

Acho verdadeiramente lamentável que sem ter lido o livro, se façam comentários acerca do mesmo. Isto de escrever noticias sem se saber do que se está a falar, tem que acabar neste país. Por isso compreendo a raiva do MST. Ele pode ser um personagem bastante polémico, mas daí a ser difamado na praça pública, vai uma grande distância.
Um Abraço.

P.S.- Ó Pires, que é isso de te irritar o Portismo ferrenho? Queres ver que a gente vai ter de se chatear? :)

Anónimo disse...

Boiando por aqui. A pessoa que fez tal acusação parece não possuir créditos, portanto está querendo aparecer!
O Sucesso incomoda!!
Boa semana! Beijus

Alê Quites disse...

Salve a Subjetividade!

Tenha uma boa semana, querido amigo.

Beijo Grande

Teresa Durães disse...

já reparou que o http://freedomtocopy.blogspot.com agora parece que está a vender o Equador?

Não é estranho no mínimo????

Boa tarde

Teresa Durães disse...

Continuo a dizer que qualquer pessoa é inocente até prova (em tribunal) do contrário. E obviamente o MST tem direito à defesa do seu nome e da sua integridade. Mas nunca atacando todos.

Boa tarde e obrigada pela informação

Isabel Magalhães disse...

Fica aqui o meu enorme apoio ao MIGUEL SOUSA TAVARES, como portuguesa e como leitora da sua obra.

Além dos que cita li tb SUL, e Anos Perdidos (Crónicas 1995-2001) e outros escritos avulso que nos tem legado.

E nem o facto de ser 'portista ferrenho' me incomoda - O 'HOMEM' é do PORTO, canudo! Ía ser ferrenho com quê? :)

Incomoda-me sim o fundamentalismo 'PRÓ TABAGISTA' mas isso são outras histórias que não vêm ao caso.

Espero, sim, que tudo se esclareça, e depressa!

Gostei muito de te ter passado por cá!

Um abraço.
I.

Esther disse...

Toda pessoa pública está sujeita a equívocos, escândalos, armações , etc.. A verdade mesmo ainda não se sabe, não é? Eu tenho o livro Sul..viagens e adorei!Sei que aí ele tem fama de "esnobe"ou "metido"como dizemos aquí , mas numa entrevista q assistí no Jô Soares acheio-o até simpático.. Também, tendo o Jô como refer6encia, qualquer vaidoso aparenta humildade..rsrsr Bj!

Mocho Falante disse...

Caramba o romance até bibliografia tem para que os mais cépticos possam verificar a veracidade dos aspectos históricos...francamente não há paciencia para gente tão pequenina

abraços

Klatuu o embuçado disse...

Essa gentalha até mete nojo! Ficar indignado e furioso é pouco... Dá mesmo é vontade de ir ao focinho a alguém!!
Há umas semanas era o Prado Coelho que era acusado de plagiador... TUDO MENTIRA!!
Sabe uma coisa??... andam a acontecer coisas muito «estranhas» aos intelectuais que criticam o Governo «Socialista»!!

Anónimo disse...

Camarada Sa,

Como é? ¨intornou-se¨? Só na sua terra. Na minha ¨entornou-se¨. :)

PortoCroft disse...

Caro PiresF,

Refere-se aos ¨Troll¨ de que falava o Pacheco Pereira há uns tempos atrás? :D

Anónimo disse...

Pode não ser plágio. Mas o que é certo é que a obra é decalcada de outras. A ideia básica, a mecânica da acção, o fio da meada, não são de MST. De resto, se me é permitido, e contrariando a opinião geral, considero isso um pecado duplo, por considerar também as obras, digamos, inspiradoras, igualmente medíocres. E MST não é o único. Há para aí uma horda a fazer o mesmo que ele. Copiar, já não é bom. Agora copiar o que não tem valor, é grave. E não me venham com o fenómeno de vendas de MST. Hoje em dias, qualquer coisa se vende. Há um marketing literário que garante o sucesso de certos temas em certas alturas. Quanto a livros, basta olhar para as montras das livrarias para ver o que é o marketing ao serviço da 'cultura'.
MST não tem estofo nem cultura literária. Ele não tem culpa disso. Mas disseram-lhe que ele podia ganhar e dar a ganhar bom dinheiro e ele aproveitou.
A mediocridade instalou-se perigosamente na nossa sociedade. Domina-a. E tende a dominar-nos também. O sentido crítico desapareceu. Tal como a crítica, que hoje se instalou nos departamentos de vendas em geral. Os jornais, as revistas, as TV's, são grupos de 'amigos', que se tratam e alimentam mutuamente.
Não, não estou a ser ácido.
Passemos os olhos pelas páginas perdidas de Gogol, Balzac, Dickens, Proust, Joyce, Tagore, ou de Camilo, Eça, Ramalho, Antero, Brandão, Aquilino e comparemos com o cordelismo que grassa nas nossas livrarias. Nem me atrevo a usar a palavra literatura, para referir a actual produção livresca, cujo destino inevitável será o caixote do lixo da História. Confirmem o que digo. Cheguem a uma livraria, peçam um clássico e vejam como se arregalam os olhos dos funcionários. Não se admirem que lhes digam, como já me disseram de Tagore: Quem é? Algum novo que saíu há pouco tempo? Sabe qual é a editora?