Um novo rumo para Portugal - Parte II



Rui Marques, partindo do pressuposto que Portugal é uma Nação mestiça, no que concerne aos traços culturais assimilados dos povos que por cá passaram e deixaram a sua cultura, sendo que grande parte deriva da civilização islâmica, defende que o futuro está na coexistência das diferenças, uma amálgama de todas elas, para a criação de uma nova identidade nacional, estando convencido que, há um principio de que não podemos abdicar, que é, o de que, a humanidade é só uma, os seres humanos são todos iguais em dignidade e por esse motivo nunca poderemos aceitar, que em função de divisões administrativas, politicas e regionais, existam direitos diferentes daquilo que são os direitos essenciais do ser humano, relativizando o acessório e reforçando como absoluto o essencial, propõe uma sociedade intercultural e em que as migrações, não conhecem fronteiras no mundo, em que as culturas se diluam em nome de valores essenciais.

Diz Rui Marques, no seu “Uma mesa com lugar para todos p.129”, que a interculturalidade é a via que defendemos para Portugal. A nossa composição étnica-cultural proporciona-nos hoje um tecido diversificado, muito mais rico e menos monolítico.

Recuperando um dos momentos mais extraordinários da nossa História, a odisseia dos Descobrimentos, importa sublinhar que um dos segredos do sucesso português esteve na dimensão intercultural dessa dinâmica. Agrupando especialistas de diferentes nacionalidades e culturas, envolvendo pilotos locais dos territórios que ia encontrando, misturando-se com as populações com que ia contactando, a odisseia portuguesa dá-se, até determinado momento num contexto de abertura intercultural. Curiosamente como bem nota
David Landes, também o declínio da expansão portuguesa, por oposição, evidencia os resultados da intolerância e da perseguição aos diferentes da época, nomeadamente os judeus. E “em questões de intolerância a maior perda é a que o perseguidor inflige a si mesmo”.

15 comentários:

José Cartaxo disse...

Estou completamente de acordo com o Rui Marques, no que respeita ao primeiro parágrafo deste seu post.
Já quanto à epopeia dos Descobrimentos, vejo as coisas de uma forma um pouco diferente... Dá-me sempre a sensação de que ela foi algo tão grande que transcendeu em muito o Portugal da época (e o de hoje), de tal forma que não houve outro remédio senão a tal aceitar interculturalidade para não se perderem domínios demasiado vastos para aquilo que a coroa portuguesa teria capacidade para administrar. Mas esta é mais uma daquelas questões demasiado complexa para ser desenvolvida numa caixa de comentários e daria, pelo menos, um ensaio... Tudo o que eu pudesse, seguidamente, escrever aqui pareceria sempre muito simplista.

José Pires F. disse...

Não estando nós de acordo no essencial, eu acho que o Rui Marques tem razão, não posso deixar de concordar consigo, quando diz, que esta é uma questão demasiado complexa para se desenvolver numa caixa de comentários e também não é isso que pretendo.
Quando planeei o tema, e comecei a escrever, já sabia que este era controverso, complexo e vasto e neste caso, se tivermos em consideração que destinamos a escrita a um blog, então é vastíssimo. Daí a divisão do texto em vários posts, que fui obrigado a fazer devido à sua dimensão, aquilo que inicialmente seria um post um pouco mais longo, com o objectivo de divulgar o Movv, e poder eventualmente criar aí sim, um grupo de discussão com o autor que ambos conhecemos, no fim da primeira abordagem levava já quatro páginas A4.
Aquilo que pretendo realmente, é dar a conhecer novas formas de pensar com as quais evidentemente concordo, e indicar o que escrevem, e como objectivo, conseguir que o Movv, devido ás qualidades que reconheço ao seu autor se torne esse sim um blog de discussão sobre o tema.

José Pires F. disse...

Olá António!

Essa mudança já se começa a verificar ainda que timidamente, mas ela é necessária porque o futuro o exige. Hoje o conceito de fronteiras a que nos habituámos, foi alterado e não existe recuo. O futuro é em frente, necessário, indispensável e primordial para quebrar também as fronteiras das mentalidades.

Era uma vez um Girassol disse...

Estou sempre pronta a aceitar novas formas de pensar como temática para diálogo. Tenho acompanhado estes posts cuja temática é o Movv do Rui Marques e interessa-me.
Vale sempre a pena ler e tentar perceber para onde se caminha e para onde se deveria caminhar, apontando outras ópticas,com menos risco e mais justiça para os cidadãos.
Concordo plenamente com a última frase...
Bjs

José Pires F. disse...

Olá Girassol!

Só uma pequena correcção, que os nomes dos dois autores levam a este engano na escrita: o Movv é do Rui Martins e não do Rui Marques autor do “Uma mesa com lugar para todos”.
O principio da aceitação de formas diferentes de pensar, mostra a abertura necessária para se iniciarem diálogos, que podem e se desejam profícuos.
Como compreendes a temática não é nova, mas também não é fácil, por isso, a necessidade de divulgação, e o desejo que mais gente comece a pensar de forma diferente, já que, acredito no esgotamento a médio prazo, das políticas mercantilistas e economicistas que hoje se praticam e regem o sistema político mundial, pondo sistematicamente os conceitos de justiça no saco do para depois.

Podes comentar no Movv, conheço bem o Rui Martins e sei que lhe dará grande prazer responder-te.

……………………..

Andreia!

Beijinho para ti.

Parrot disse...

Piref,

Com interesse tenho seguido estes dois textos relativos a esta abordagem, que seguramente irei aprofundar. No essencial concordo contigo e também acho (penso que não existe outro caminho) que o futuro está na coexistência das diferenças, no entanto este é um processo que envolve duas partes, às vezes muito diferentes, e é necessário vontade para ultrapassar, ou melhor, vontade para respeitar as diferenças. Somos um País que sabemos respeitar as diferenças, e ao mesmo tempo, somos integradores dessas diferenças. Esta capacidade talvez tenha sido adquirida na época dos descobrimentos e a sua face mais visível pode ser vista na capacidade de integração da nossa comunidade emigrante espalhada pelo mundo fora.

Também concordo com um comentário feito ali em baixo. Nós somos um País Atlântico e não sabemos aproveitar esse facto. Temos a tendência de nos lamentarmos que somos um País periférico e não temos tido a capacidade de aproveitar essa situação (que considero privilegiada):relação privilegiada com os PALOP; principais Rotas Marítimas que cruzam a nossa costa; geograficamente temos as condições para ser uma importante entrada da Europa…..e perante isto, continuamos neste imenso mar de lamentos.

Grande abraço

Parrot disse...

Desculpa pelo erro....Piresf (não piref).

Abraco

Ps- Acabou o jogo com o teu SPC.....a sofrer. Bom jogo

José Pires F. disse...

Parrot!

És de facto uma mente aberta, aliás, tenho para mim que os apreciadores de Pessoa assim são e sei-te um deles.

A coexistência das diferenças é necessária e inevitável no futuro, quer algumas mentes velhas e retrógradas o queiram ou não. Como disse ao António Faria ali em cima, o conceito de fronteiras a que estávamos habituados acabou, e não há volta a dar, o caminho é em frente na abertura de mentalidades para novas formas de estar no mundo, em que a justiça não pode ficar para sempre no saco dos não prioritários.

Um dia ouvi numa entrevista a Agostinho da Silva, este dizer, que Portugal era o futuro do mundo e logo muita gente se riu, eu que no último ano tenho lido e relido uns livritos de Agostinho, mais alguns de Pessoa e outros tantos de António Vieira, fico inchado de orgulho, quando oiço portugueses desta craveira intelectual e moral afirmarem uma coisa destas.

Sabes que Agostinho inicialmente era a favor de uma união com o Brasil, devido à nossa vocação atlântica, mas nos últimos anos da sua vida já acreditava mais numa união Ibérica, mas sempre acreditou, que o desígnio de Portugal era grande.

Noutros posts e a cada dia impar falarei dele, assim como de Fernando Pessoa e de António Vieira. Espero que a tua leitura nos acompanhe.


PS: Pois é Sr. Portista, não vos largamos os calcanhares. E vão 7 vitórias consecutivas.
Estou admiradíssimo com a eficácia do Paulo Bento.

Um grande abraço e um excelente resto de fim-de-semana.

RS disse...

"A Riqueza e a Pobreza das Nações" é, volta e meia, o meu livro de cabeceira. Ainda não consegui descobrir uma falha no seu raciocínio - pelo menos daquelas "à la" Fukuyama!

Um abraço,
RS

José Pires F. disse...

Amigo Rui Semblano!

É sem dúvida um livro poderoso, lúcido e ambicioso.
Creio que a última edição é de 2001, que já traz uma nova análise sobre a crise asiática, é essa que têm?

Grande abraço.

RS disse...

Exactamente, caro amigo, mais precisamente de 1999 no original. A minha edição é em português, Gradiva, de 2002 (a Sexta!!!!).

Até breve,
RS

nota:
Não está esquecido o repto deixado n'A Sombra! :)

Era uma vez um Girassol disse...

Peço desculpa ao autor, Rui Marques, pelo engano...Uppps! Não conheço o livro, mas é uma boa dica!
De qualquer forma foi através do teu blog, Pires, que viajei até aos blogs do Rui Marques e senti-me bem por lá...Frescura...
Uma das limitações do Blogger em termos gerais é a redução a um comentário e não dar a possibilidade de discussão, entenda-se, conversa sobre determinado tema. A maior parte das vezes nem se responde aos comentários...Penso que é mesmo "norma", não sei...Como estás cá há mais tempo, queres explicar-me? Acho interessante responderes, procurando desta forma modificar um pouco o "modus vivendi" da Blogosfera....( espero não ter escrito asneira...!)
Bjinho e bom domingo

Era uma vez um Girassol disse...

Voltei a enganar-me...
Deve ler-se:
...que viajei até aos blogs do Rui Martins...
Desculpa...é o teclar...

José Pires F. disse...

Rui Semblano!

Obrigada pela resposta. Parece-me então, que a sua será mesmo a última.

Espero bem que não, será um grande prazer verificar a diferença da sua escrita agora.

Grande abraço.

………………………..

Girassol!

Dois Ruis é o que dá…

Tens razão amiga, mas o Rui Martins, caso ache o comentário necessário de resposta, responde. Pode não responder imediatamente, mas fá-lo logo que surja a oportunidade.

De facto nem sempre se responde, e há até quem não responda: nuns casos por manifesta falta de tempo do blogger, noutros, o blogger prefere fazer um comentário no blog do comentador.

O exemplo dos bloggers brasileiros, é esse em grande percentagem; não respondem ao comentário e no caso de se tornar necessário, como por exemplo; existir a necessidade de uma resposta, preferem dá-la no blog do comentador.

Já em tempos publiquei um post, em que me interrogava; se devido há falta de tempo para responder aos comentários e visitar os amigos simultaneamente, qual das opções deveria tomar? Nessa altura, achei preferível, visitar os amigos em detrimento da resposta aos comentários, mas hoje, já não tenho uma opinião tão estanque, acho melhor analisar em cada caso, pois existem comentários que necessitam mesmo de resposta, sob pena de ser perder a interactividade que tanto gosto na blogosfera.

Grande abraço, e um excelente domingo para ti.

Anónimo disse...

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