Desafiava-me o Pedro Ventura, aqui a atrasado no blog “Correio do Fantástico”, que definisse o que era afinal a literatura Fantástica. Depois de algumas considerações de género, dando os exemplos de Drácula de Bram Stoker, Frankenstein de Mary Shelley, os neofantásticos Kafka, Borges e Cortázar, os clássicos Maupassant, Hoffmann, Poe e Gogol, respondi-lhe, que era toda a literatura construída através de sistemas simbólicos, ambíguos e estéticos, com intencional transgressão dos preceitos racionais vigentes, equacionando os domínios do natural e do sobrenatural, do estranho e do maravilhoso, do tempo cronológico e do tempo subjectivo, que tentava contornar o incontornável real.
Posto isto, e porque no mesmo tempo lia o seu segundo livro a solo, (é co-autor com Teresa Branco, do “Astrologia, o Trabalho e o seu Destino”, da Livros Novalis), permitam-me os amabilíssimos leitores deste post, que diga antes de mais: O romance/aventura de Pedro Ventura, Goor - A Crónica de Feaglar II, da Papiro Editora, que podem encomendar aqui, é arte épica da Literatura Fantástica em todo o seu esplendor e, exemplo, de como em Portugal já se escreve a sério neste género literário.
Quando li o Goor - A Crónica de Feaglar I (Goor I), de forma prudente, tive oportunidade de me pronunciar aqui, quanto ao processo narratológico, planificação e caracterização das personagens de um épico romance/aventura, sem os habituais dragões e elfos que povoam a memória colectiva, mas com a conceptualização do fantástico de uma cultura laica e racionalista. Agora, no Goor - A Crónica de Feaglar II (Goor II), e embora não o aconselhe, pode ser lido sem passar pelo Goor I, o Pedro, volta a surpreender, conseguindo a façanha de escrever uma segunda parte, melhor que a primeira. Coisa, diga-se, não é habitual.
Os Goor, I e II, giram à volta de uma demanda. Os seus personagens, esteticamente humanos com roupagem do lugar e do tempo, são instâncias metafóricas densamente significantes, com fraquezas e erros de qualquer um, e vão-nos envolvendo no entrelaçado de histórias bem imaginadas pela criatividade do Pedro, que, chega a ser poética e não raras vezes filosófica, sublinhando a ideia de uma intencionalidade da consciência que emerge de um passado, mas não fica no passado.
Logo nas primeiras páginas, sentimos que o escritor cresceu com as personagens. A elaboração dos diálogos e a narração, deram o salto para a mensagem da dimensão da alma humana que é singular a cada um de nós: não perde de vista a condição de sermos seres como os outros e que a felicidade (estética) depende do máximo de felicidade (ética), levando-nos a um mundo em que nada é absoluto ou imutável, que é por excelência o mundo dos humanos, gente de sentimentos variados que podem hoje ser bons e amanhã o contrário, na medida em que, significa, o ser melhor num cosmos (mãe natureza) comum, e o abraçar as singularidades para promover o ideal imaginado, com motivações e angústias que vão sendo desvendadas com novas, surpreendentes e bem medidas revelações, terminando no encontro da paz interior quando, Feaglar, sobe a falésia e dança com o vento.
Dos vários e “ricos” personagens, cativam-nos, principalmente, a cintilante guerreira aurabrana, Calédra, uma encantadora e fantástica mulher que imagino de beleza imoral, imanente a ela mesma e transcendente das demais que, com Feaglar, o rei do reino Dhorian, é a ordem da autenticidade e suporte de toda esta trama.
Posto isto, e porque no mesmo tempo lia o seu segundo livro a solo, (é co-autor com Teresa Branco, do “Astrologia, o Trabalho e o seu Destino”, da Livros Novalis), permitam-me os amabilíssimos leitores deste post, que diga antes de mais: O romance/aventura de Pedro Ventura, Goor - A Crónica de Feaglar II, da Papiro Editora, que podem encomendar aqui, é arte épica da Literatura Fantástica em todo o seu esplendor e, exemplo, de como em Portugal já se escreve a sério neste género literário.
Quando li o Goor - A Crónica de Feaglar I (Goor I), de forma prudente, tive oportunidade de me pronunciar aqui, quanto ao processo narratológico, planificação e caracterização das personagens de um épico romance/aventura, sem os habituais dragões e elfos que povoam a memória colectiva, mas com a conceptualização do fantástico de uma cultura laica e racionalista. Agora, no Goor - A Crónica de Feaglar II (Goor II), e embora não o aconselhe, pode ser lido sem passar pelo Goor I, o Pedro, volta a surpreender, conseguindo a façanha de escrever uma segunda parte, melhor que a primeira. Coisa, diga-se, não é habitual.
Os Goor, I e II, giram à volta de uma demanda. Os seus personagens, esteticamente humanos com roupagem do lugar e do tempo, são instâncias metafóricas densamente significantes, com fraquezas e erros de qualquer um, e vão-nos envolvendo no entrelaçado de histórias bem imaginadas pela criatividade do Pedro, que, chega a ser poética e não raras vezes filosófica, sublinhando a ideia de uma intencionalidade da consciência que emerge de um passado, mas não fica no passado.
Logo nas primeiras páginas, sentimos que o escritor cresceu com as personagens. A elaboração dos diálogos e a narração, deram o salto para a mensagem da dimensão da alma humana que é singular a cada um de nós: não perde de vista a condição de sermos seres como os outros e que a felicidade (estética) depende do máximo de felicidade (ética), levando-nos a um mundo em que nada é absoluto ou imutável, que é por excelência o mundo dos humanos, gente de sentimentos variados que podem hoje ser bons e amanhã o contrário, na medida em que, significa, o ser melhor num cosmos (mãe natureza) comum, e o abraçar as singularidades para promover o ideal imaginado, com motivações e angústias que vão sendo desvendadas com novas, surpreendentes e bem medidas revelações, terminando no encontro da paz interior quando, Feaglar, sobe a falésia e dança com o vento.
Dos vários e “ricos” personagens, cativam-nos, principalmente, a cintilante guerreira aurabrana, Calédra, uma encantadora e fantástica mulher que imagino de beleza imoral, imanente a ela mesma e transcendente das demais que, com Feaglar, o rei do reino Dhorian, é a ordem da autenticidade e suporte de toda esta trama.
Uma coisa é certa, quando acabamos de ler, Goor - A Crónica de Feaglar II, fica-nos a mágoa de não o continuarmos a ler.
10 comentários:
Eu creio, ser suspeito para falar sobre esse livro, devorei e ainda mantenho-o perto das minhas mãos para releitura...
Gostei muito do post resenha, me lembrei que quando comecei a ler e não mais consegui parar, das tristezas e das alegrias que se seguiram...
Uma belíssimo livro, dos dois... E como quero que haja um terceiro x)
Abraço amigo e ótimo fim de semana.
[s]s
Grato pela leitura e comentário.
Abraço!
Não conheço o segundo volume, não posso opinar sobre o livro, ia ler os dois de seguida, mas a explosão levou-me o primeiro. Bad Luck!!
O Goor está programado para um futura leitura. Gosto muito deste gênero.
H. P. Lovecraft, outro expoente deste segmento, considerava Os Salgueiros, de Algernon Blackwood, o melhor conto fantástico do mundo. Concordo com o velho mestre. Jamais vi suspense, tensão e mistério descritos com tamanha maestria.
A edição em língua portuguesa, encontra-se esgotada no Brasil - não sei em Portugal, contudo se quiser fazer o download do ebook, clique este link:
Os Salgueiros
Tenho certeza que gostará, prezado PiresF, é nitroglicerina pura.
Um abraço!
Não conheço, mas aceito a recomendação... embora o boom literário (aqui e fora) pós películas do Senhor dos Anéis, com Harry Potter a dar também o seu empurrão, não me diga muito.
Pouco mais é que aproveitar a onda... os livreiros agradecem a engorda.
Abraço.
:)
.
.
ABRAÇO.
.NUMA CONSOLA. algures fora do tempo.
É espantoso que ninguém tenha reparado no "Jack, o estripador" do Bram Stoker...
"Obrigado, caro anónimo. Queria dizer Drácula.
Vou alterar o texto."
O Goor, Os Salgueiros...
Fantástico, simplesmente.
Vou aproveitar e tomar um pouco dessa glicerina que o Olivier te deixou aqui.
"O Goor" é fácil de encontrar em Portugal?
Ficquei com o bichinho aceso para o ler e assim comprava-o da próxima vez que passar por aí...
Desde que não me aconteça isto:
"Uma coisa é certa, quando acabamos de ler, Goor - A Crónica de Feaglar II, fica-nos a mágoa de não o continuarmos a ler." (OK, só a parte de ficar com mágoa)
de uma forma tão grave que me impeça de voltar a Barcelona:P
Beijos, Pires
Obrigada;)
Beijo
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