Florbela Espanca
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Ser poeta!
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
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7 comentários:
Ah.. amo a delicada e sutil forma de Florbela escrever.
Poemas lindos.
Florbela Espanca bom para a alma =]
[s]s
Mais palavras para quê?! São dos meus poemas favoritos....fico sempre a pensar na grandeza do espírito que escreve sentimentos assim...Ela tinha essa grandeza!
Aaaamooo demais essa mulher, você nem sabe o quanto!
Incrível uma mulher carregar ao mesmo tempo tanta dor e beleza na alma, né?
=]
Arrasou, PiresF...
Florbela e Pessoa, cada qual na sua própria maneira de ser, são sem duvida os dois maiores poetas portugueses de sempre.
que bela homenagem... Obrigada!
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