Fabrício sabia que Marta não o amava, já o sabia antes de casarem e por isso aceitava o seu mutismo aos serões. Para ele tê-la ali parecia ser o suficiente, mas o desgosto de não ser correspondido minava-lhe os pensamentos. A cada dia que passava mais a amava, começava a tornar-se uma doença esta adoração sem retorno.
Lembrava-se bem do dia em que começara a ter ciúmes, e desde esse momento que vivia num inferno do qual não sabia sair nem parecia querer.
Marta não se dava conta do inferno em que ele vivia, tinha-o avisado que não o amava, tinha usado de toda a sinceridade antes de casarem e ele sabia que só casavam porque precisava da estabilidade que lhe podia proporcionar, não encontrava portanto a razão ou qualquer motivo para ele ter mudado tanto. Começara por querer saber tudo o que ela fazia, com quem saía, onde ia, a que horas regressava, e mostrava uma grande impaciência sempre que ela lhe dava respostas evasivas, só por não lhe apetecer estar sempre a explicar tudo, ou por não poder dizer o que lhe ia na alma.
Hoje, olhava para ele sentado no sofá junto à lareira, tinha desistido de sair, antevendo o rol de perguntas a que seria submetida e decidira ficar sossegada em casa, mas agora olhava-o com o lume reflectido na cara, parecia-lhe outro homem, aquele casaco de lareira que lhe comprara, ficava-lhe muito bem, dava-lhe um ar aconchegante, másculo e ela não resistia a olhá-lo.
Estava naquilo, fazia talvez uns bons dez minutos quando ele reparou e a olhou, ela desviou os olhos para o lume e ele pensou no que ela estaria a pensar, talvez a engendrar alguma mentira para lhe dizer que precisava de sair naquela hora, ou então a pensar como o detestava e como estava presa ao seu dinheiro. Devia odiá-lo por ser tão dependente, mas ela tinha aceite as condições, sabia que ele a amava e que estava disposto a tudo para a ter junto a si, por isso, o mínimo que lhe pedia era que estivesse em casa quando ele estava, nada mais.
Marta, viu que ele tinha retomado a anterior posição e voltou a olhá-lo, pensou que se ele não fosse tão frio talvez ela até o pudesse amar, hoje era um desses dias, sentia-se bem a olhá-lo, senti-lo ali, calmo e sereno, era isso que com o passar dos dias a tinha atraído, a sua calma, o nunca elevar a voz, a inteligência, a educação, e o porte imponente do seu metro e oitenta, mas as coisas não tinham corrido nesse sentido e por isso muitas vezes saía para não ficar ali a desejá-lo, tinha alturas em que se sentia descontrolada, sabia que se ele a abraçasse ela se renderia aos seus braços, mas ele nunca o fizera.
Nisto ele fechou o livro que lia e perguntou-lhe: Vais sair? Ao que ela respondeu, com a voz mais natural e suave que conseguiu: Não, hoje apetece-me ficar em casa.
Bem, nesse caso vou deitar-me, este livro do Lobo Antunes está a dar-me sono, até amanhã. Até amanhã respondeu Marta, sabendo que só o veria na manhã seguinte, já que sempre tinham dormido em quartos separados.
Enquanto se dirigia para o quarto, pensava em como só lhe apetecia agarrá-la e obrigá-la a fazer amor ali junto à lareira, esse desejo tornara-se tão forte que decidira sair de ao pé dela, não fosse Marta perceber o desejo que o invadira.
Lembrava-se bem do dia em que começara a ter ciúmes, e desde esse momento que vivia num inferno do qual não sabia sair nem parecia querer.
Marta não se dava conta do inferno em que ele vivia, tinha-o avisado que não o amava, tinha usado de toda a sinceridade antes de casarem e ele sabia que só casavam porque precisava da estabilidade que lhe podia proporcionar, não encontrava portanto a razão ou qualquer motivo para ele ter mudado tanto. Começara por querer saber tudo o que ela fazia, com quem saía, onde ia, a que horas regressava, e mostrava uma grande impaciência sempre que ela lhe dava respostas evasivas, só por não lhe apetecer estar sempre a explicar tudo, ou por não poder dizer o que lhe ia na alma.
Hoje, olhava para ele sentado no sofá junto à lareira, tinha desistido de sair, antevendo o rol de perguntas a que seria submetida e decidira ficar sossegada em casa, mas agora olhava-o com o lume reflectido na cara, parecia-lhe outro homem, aquele casaco de lareira que lhe comprara, ficava-lhe muito bem, dava-lhe um ar aconchegante, másculo e ela não resistia a olhá-lo.
Estava naquilo, fazia talvez uns bons dez minutos quando ele reparou e a olhou, ela desviou os olhos para o lume e ele pensou no que ela estaria a pensar, talvez a engendrar alguma mentira para lhe dizer que precisava de sair naquela hora, ou então a pensar como o detestava e como estava presa ao seu dinheiro. Devia odiá-lo por ser tão dependente, mas ela tinha aceite as condições, sabia que ele a amava e que estava disposto a tudo para a ter junto a si, por isso, o mínimo que lhe pedia era que estivesse em casa quando ele estava, nada mais.
Marta, viu que ele tinha retomado a anterior posição e voltou a olhá-lo, pensou que se ele não fosse tão frio talvez ela até o pudesse amar, hoje era um desses dias, sentia-se bem a olhá-lo, senti-lo ali, calmo e sereno, era isso que com o passar dos dias a tinha atraído, a sua calma, o nunca elevar a voz, a inteligência, a educação, e o porte imponente do seu metro e oitenta, mas as coisas não tinham corrido nesse sentido e por isso muitas vezes saía para não ficar ali a desejá-lo, tinha alturas em que se sentia descontrolada, sabia que se ele a abraçasse ela se renderia aos seus braços, mas ele nunca o fizera.
Nisto ele fechou o livro que lia e perguntou-lhe: Vais sair? Ao que ela respondeu, com a voz mais natural e suave que conseguiu: Não, hoje apetece-me ficar em casa.
Bem, nesse caso vou deitar-me, este livro do Lobo Antunes está a dar-me sono, até amanhã. Até amanhã respondeu Marta, sabendo que só o veria na manhã seguinte, já que sempre tinham dormido em quartos separados.
Enquanto se dirigia para o quarto, pensava em como só lhe apetecia agarrá-la e obrigá-la a fazer amor ali junto à lareira, esse desejo tornara-se tão forte que decidira sair de ao pé dela, não fosse Marta perceber o desejo que o invadira.
23 comentários:
Um autêntico "vulcão" mental, caro Pires! Coincidência ou não está agora em erupção um vulcão naquele país com um nome delicioso chamado Vanuatu!
Muito Bom !!!!
Um abraço, e o Espaço X já está actualizado.
Finalmente VOLTEI !!!!!
Um abraço.
JLS
Doritos!
Ainda bem, acredita que fiquei triste com o que imaginei influenciado pelos teus últimos posts.
Já lá irei, sacar o endereço para fazer a alteração no link.
Finalmente, consegui escrever um conto que te agrada, eu sabia que a persistência seria recompensada.
Beijinho.
……………………………
Raes!
Não tens de te desculpar, também eu tenho dias que não consigo visitar os amigos, e espero que não pensem ser falta de interesse, é mesmo falta de tempo, por minha vontade, estaria visitando-vos a toda a hora.
Obrigado pela tua opinião sobre o conto.
Um abraço.
…………………………...
Rui!
A coincidência como é evidente está só nas tuas amáveis palavras.
Agradeço a intenção.
Um abraço.
Pires, conhece o www.haloscan.com? (e demais blogueiros presentes). Vale a pena dar lá uma saltada. Eu aderi à coisa.
JLS!
Finalmente!
Espero que a estadia na Holanda tenha sido boa, que as holandesas já nós sabemos que são, tanto que o meu amigo nem tempo teve para actualizar os seus blogs.
Espero que agora lhes dedique algum tempo.
Obrigado pelo “Muito Bom”
Um abraço.
Rui!
Vou lá, já de seguida.
Pires, conhece o www.haloscan.com? (e demais blogueiros presentes). Vale a pena dar lá uma saltada. Eu aderi à coisa.
Ok, Rui. Também já aderi.
Caro amigo, o que posso fazer é realmente agradecer por nos proporcionar tão fantástica leitura =]
[s]s
Tem que tornar a fazer o Install no haloscan, Pires! E de facto, os comentários antigos "hibernam"...
Bill!
Obrigado amigo, sempre com uma palavra lisonjeira.
Um abraço.
…………………….
In-Culto!
Obrigado, e acredite que não me chateia absolutamente nada.
Vou alterar o link.
Um abraço.
………………………
Rui!
Essa é a palavra, hibernaram por alguns minutos.
Segunda falo contigo.
Um abraço.
belo conto! estes desencontros são tão comuns...
Muito obrigada pelo poema! Sorri!
Bom fim de semana
Boleia!
Obrigado.
De facto estas situações são mais comuns do que muita gente pensa.
A intenção do poema era exactamente essa.
Bom fim-de-semana e um abraço.
O que não perdemos por medo ou orgulho de revelar nossos desejos?
Meus olhos encheram de água, reconheci-me nesse texto, estou ansiosa pelo que há de vir.
Belo conto,amigo Pires!
Só discordo daquela coisa do livro do L Antunes,mas quero acreditar que é só o pretexto que se impunha.
Beijinho
que desperdicio....ora aqui está mais um caso em que se tem que dar a volta ao texto, não é imiguito??? ;)
beijocas
ps-embalaste, ein?
Pois...daí aquela coisa de 1º que tudo termos de gostar de nós.
A vida desse homem deve ser insuportável!
Fico à espera do próximo episódio...
Bom fim de semana
Eremita!
Acredito na excelente ideia do Inusitado. Essa ponte Luso-Brasileira é algo que vou gostar de ver triunfar.
Agradeço o elogio que é sem dúvida demasiado.
Um abraço.
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Valkye!
Garanto-te que acontece com muita gente? Muitas vezes as pessoas até percebem o que se está a passar, mas não cedem, o desejo é reprimido em nome de um qualquer orgulho.
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Lucília!
Obrigado.
Balancei entre o Saramago e o Lobo Antunes. Digo a verdade, acredite, não consigo chegar ao fim de nenhum livro deles por mais aplaudidos que sejam.
A minha mulher adora Lobo Antunes, e por isso tenho uma série de livros dele em casa, mas não dá, Lobo Antunes ainda consigo chegar a meio, mas Saramago, não passo de um quarto de livro.
Sei que é uma vergonha dizer isto de escritores tão aplaudidos, mas é mesmo assim, incompatibilidade minha.
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Riquita!
Obrigado pela visita, até pensei que já não tinhas tempo para visitar os amigos. Foi preciso provocar-te com o teu Benfiquismo para vires até cá.
Brincadeira! Vamos ver se é para continuar, ou se mudo de novo, amanhã verei o que sai.
Vespinha!
Não só a dele, a dela não é melhor. Estes jogos são a dois.
Fico a aguardar os proximos 5 capitulos...
Cada vez que leio um novo post, fico sempre com vontade de "quero mais"
Aguardo o desenrolar...
Nuno!
Cinco não. Ta vez mais um para acabar a história que estava acabada, mas verifico que como estamos na época do Natal, e também pelos comentários, merece um final feliz.
Abraço.
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Meia Lua!
Obrigado, vou tentar.
Quais finais felizes!?
Não não! está muito bem assim!
adoro historias incompletas! Torna o papel de leitor muito mais interessante.
Gosto do estilo e ja estou arrependido de não ter lido os outros textos grandes.
vou ler ja a seguir!
fica bem e não pares de escrever
Ipslon
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