Portugal e o Mar



O mar foi o nosso caminho para o mundo, a sedução permanente da aventura, a rota fascinante do desconhecido.
Com outras Nações da Europa fizemos o comércio do Norte, sozinhos avançámos além do Magrebe, “transpusemos” o deserto e achámos o caminho do ouro da Guiné.

As caravelas, que dolorosa mas firmemente galgaram os mares tremendos do Bojador, e as Naus, que passaram para lá do Cabo das Tormentas, encontraram a história da África Negra, e contribuíram para o encontro da Europa consigo mesma.

Com lágrimas, com heroísmo generoso, e estranhas vilezas, este povo virado para o Atlântico transformou os monstros que povoavam os mares em correntes e ventos, abriu novos caminhos de comércio, desenvolveu de forma inquestionável a ciência náutica, a construção naval e a cartografia.

Como diz António Sérgio, “As navegações não se fizeram a acertar (...) houve um plano de conjunto muito bem estudado nas suas minúcias, um querer consciente e positivo, e todas as forças na Nação se coordenaram para um grande fim”.

Ocupámos e povoámos ilhas desertas com homens e animais, e experimentámos as mais diversas culturas, em terras e climas até então desconhecidos.

Pelo mar, espantámos a Europa com animais tão estranhos como o Rinoceronte, ou tão belos quanto o Antílope, inundámos os mercados de especiarias e plantas exóticas.

Pelo mar, caldeámos homens e culturas, construímos uma mentalidade nova para um mundo novo.

Fomos os primeiros europeus a chegar ao Japão, a comercializar directamente com a China, a avançar pelo interior do Brasil, a substituir os moiros no domínio comercial do Índico.

É por via do mar, que milhões de pessoas de inúmeros países e regiões do mundo pensam e falam em português, e não têm qualquer dúvida em considerar como sua, parte da história deste povo antigo, que soube encontrar as suas fronteiras territoriais, muito antes de qualquer outro País Europeu.

Rui Rasquilho - Circulo de Leitores.

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