Ele há coisas do Arco-da-velha!


Começando pelo principio, que é por onde se deve começar, devido à falta de produtividade, de que são acusados os trabalhadores portugueses, tenho saído do escritório invariavelmente por volta da meia-noite, mais para lá, do que para cá.

Como trabalho numa empresa que está sediada no Parque das Nações, hoje quando fui jantar, tinha por intenção verificar em loco o comprimento da Gare do Oriente, já que, o amigo Raes carecia dessa resposta e eu de memória não conseguia precisar se teria uns quatrocentos ou quinhentos metros. Lá, na tal gare, cheguei à brilhante conclusão que teria entre quatrocentos a quinhentos metros, mais coisa menos coisa, tudo esclarecido portanto.

Isto para vos situar e dizer como dizia no início que ele há coisas do Arco-da-velha sim senhor, senão vejam:

Chegado lá, deparo com uma cena que me arrepiou e deixou perplexo. Então não é, que comecei a ouvir os gritos de uma mulher, que estava rodeada de uma pequena multidão e que atingia com impropérios um indivíduo aparentemente e ao longe, da mesma idade!?

Claro que me lembrei de imediato da história imaginária do post anterior, e várias coisas me passaram pela cabeça que não vou aqui contar, mas agora a curiosidade estava destravada e com rédea solta, nada impediria de me inteirar do que se passava.
Avancei portanto, para junto da multidão que rodeava os intervenientes, chegado lá constato que a mulher era mais nova que a da minha história, esta rondava os vinte e cinco anos e o homem andaria pela mesma idade, na mão, ela não tinha nenhuma criança mas sim uma pasta de executivo e os impropérios tinham um outro motivo, pois ela falava qualquer coisa sobre fotografias que ele lhe teria tirado e que agora andavam na Net.

Comecei então a ficar um pouco mais aliviado e vai daí, começo a posicionar-me para uma escuta apropriada ás circunstâncias como o mais vulgar dos mirones, quando, – e aqui é que a porca torce o rabo – atrás de mim, oiço uma voz feminina dizer: Isto vai dar um grande post para amanhã, vai, vai. E obtinha uma resposta pronta: Ó se vai!
Viro-me de repente e dou de caras com duas mulheres dos seus trinta. Talvez pela forma como as olhei, – presumo que devia estar com cara de queéqueestequer – elas abriram de imediato passagem, que aproveitei para me por a milhas dali, sem querer já saber mais porquês da discussão.

Ele há mesmo coisas do Arco-da-velha! Ó se há.


PS: Aviso aos que conseguiram chegar ao fim desta história!
A minha imaginação está num período fértil. E o desafio de hoje era conseguir dar continuidade à história anterior.

As aparências iludem.

A mulher que rondava os trinta anos gritava para quem a queria ouvir que aquele ali, apontando um indivíduo dos seus quarenta, era um patife. Enganou-me, gritava ela, e agora nada quer dar para a criança, puxando pela mão e mostrando uma pequenita dos seus cinco anos de olhos arregalados provavelmente pela força com que a mãe lhe apertava a mão, e continuava, nem sequer o nome lhe quer dar, o bandido.

Os curiosos que se tinham junto para assistir ao desacato já teciam comentários, e a maioria condenava já o homem. Diziam uns, que há gajos que são uns bandidos, querem é dar uma queca, mas depois não assumem a responsabilidade, outros, defendiam que não sabiam o que se tinha passado, mas que a criança não tinha culpa dos erros dos adultos e no mínimo devia ter o nome do pai, etc., etc.

O alvo desta confusão nada dizia, estava estupidificado, ora olhava a mulher, ora olhava as pessoas e balbuciava qualquer coisa que não se conseguia ouvir, porque, sempre que tencionava falar, a mulher berrava-lhe a plenos pulmões que ele era um bandido, que a tinha enganado, que as havia de pagar, que a mãe bem a tinha avisado... Numa gritaria tal, que se ouvia de uma ponta a outra da Gare do Oriente.

Não assisti ao resto da discussão, estava com pressa e tive de ir andando, e enquanto me afastava, continuei a ouvir os impropérios da mulher, que sobressaíam da multidão que engrossava à volta dos protagonistas.

No dia seguinte fazendo o mesmo percurso, reparei logo ao longe, que havia outra confusão precisamente no mesmo sitio, enquanto me aproximava, reconheci os gritos da mulher que gritava a plenos pulmões os mesmos impropérios da véspera, que ele era isto, que ele era aquilo, que não dava nada à criança, e os curiosos à sua volta tal como antes, tratavam de dar já a sua opinião.

Tudo igual, ao que tinha visto no dia anterior, com um pormenor que fazia toda a diferença, incrédulo, avancei para me certificar, e finalmente constatei sem sombra de dúvida, que este era mais forte e mais novo que o outro, até mais alto, este homem, nada tinha a ver com o de ontem.
Tinha sido apanhado na teia imaginária da loucura da mulher, tal como, os que chegaram ao fim desta história.

Rookie of the year

Até 3 de Dezembro,

Está a decorrer a votação para eleição do " rookie of the year nos Autosport awards", (é a maior e mais prestigiante publicação no mundo automóvel)

Este título é muito importante e prestigiante para o Tiago e para Portugal.

Porque o Tiago Monteiro o merece e deixaria todos os Portugueses orgulhosos, participem na votação.

(basta carregar neste link e escrever o vosso email)

" http://www.autosport.com/awards/"

Um Domingo de Vitórias.

Podia ter sido um domingo igual a tantos outros, a manhã por vezes encoberta e o frio que se fazia sentir, a isso convidavam.
Durante a manhã que começou tarde, foi posta em dia a leitura dos jornais da véspera, após o que, iniciei as tarefas rotineiras de limpeza da lareira e reposição do stock de lenha, tarefas, que nunca me deram qualquer prazer para além do objectivo a que se destinam.

Avançámos para o então já esperado e apetecido almoço. Um coelho frito em azeite e banha, a que no final da fritura, foram adicionados o alho, vinhos do Porto e maduro branco nas doses necessárias. Este esperava-me fumegante.

Após a apreciação gulosa do petisco que acompanhei com um Reguengos tinto, a Lena teve a ideia de fazermos um ensaio ao estado da minha mãe, que completa agora a quarta semana de fisioterapia, depois de uma intervenção cirúrgica em que colocou uma prótese completa no joelho esquerdo. Consistia este, em nos deslocarmos a casa dela para ver se já conseguia subir as suas características e inigualáveis escadas.

Tudo combinado e com a aprovação imediata da mãe, a meio da tarde lá rumámos a São Bento esperançados num teste positivo.
Não podia ter corrido melhor, o primeiro lance de escadas foi atacado com cautela e algum receio, depois, com a confiança entretanto adquirida, atacou o resto sem problemas. O regresso de retorno ao carro foi feito com ligeireza e um outro à vontade.

Acomodados, partimos então, para ver as iluminações de Natal na baixa lisboeta, não esquecendo a visita à maior árvore de Natal da Europa (?...) colocada no Terreiro do Paço, que a Catarina não dispensou nem quando a tentei demover devido a enfrentarmos uma fila imensa de trânsito para lá chegarmos.

Tudo visto e regresso a casa, já atrasado para ver na TV – hoje o meu lugar no Alvalade XXI ficou vazio – o meu Sporting ganhar 2-0 ao Guimarães, com uma segunda parte bem jogada – não vi a primeira –, talvez a melhor desta época e sem dúvida a melhor da época Paulo Bento.

Soube então, que os nervos da minha mãe lhe tinham desarranjado um pouco o estômago, tinha escondido o medo de não conseguir.
A vitória alcançada e com certeza, merecidamente recordada por algum tempo, tornou este domingo bem diferente do que inicialmente prometia, mesmo com o trânsito lisboeta a retirar-me por momentos a boa disposição.

Dilemas? Definitivamente não!

Sou por vezes, assaltado pela dúvida, de se devo ou não comentar os comentários do meu blog. A dúvida reside na falta de tempo que por vezes tenho para os comentar, e penso nessas alturas se os que fazem o favor de me visitar e ainda por cima deixarem a sua opinião, estranharão que umas vezes comente e outras não.

Acontece que, eu gosto de comentar, e sou visita de blogs que comentam e de outros que não comentam, outros que nem sequer abrem os comentários, e até de outros que comentam o comentário no seu blog, no blog do comentador. Constato por exemplo: que no Brasil são raros os blogueiros que cometam os comentários, também os há, mas são percentualmente poucos, pelo menos no universo que conheço.

Agrada-me a interactividade que por vezes se desenvolve naquela caixa, e já tenho tido algumas “discussões” muito gratificantes, mas, como em tudo, é uma questão de opção, se vou comentar, não sobra tempo para visitar os amigos, e nessas alturas salta o dilema, em que, invariavelmente ganha o lado dos amigos.

Ontem por exemplo, quando abri o blog, o post que eu tinha publicado na madrugada anterior, tinha nada mais nada menos que onze comentários, cada um merecia o respectivo agradecimento, mas não seria possível, assim, como resolver o problema?

Há sempre uma forma quando queremos, nada melhor que explicar e agradecer a todos os que me visitaram, e assim se faz um post.

Ficam portanto aqui e com o devido link os meus agradecimentos ao DJ, à Riquita, à Passarinha, à Doritos, ao Bill, à Nina, à Valkye, ao Raes, ao Marco Ferreira, ao Zedtee e até ao Anónimo que por ser anónimo não posso linkar.

Obrigado a todos pelos vossos comentários.

De desilusão em desilusão.

O Sr. Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, que eu apoiei e pode-se até dizer que fiz campanha a seu favor, promulgou os diplomas do governo que reduziram as férias judiciais de dois para um mês e que também retiraram os serviços sociais do Ministério da Justiça aos magistrados, diplomas esses que estão na génese das lutas que então os magistrados encetaram.

Até aqui tudo bem, no entanto, como se verá adiante, ou o Sr. Presidente da República Dr. Jorge Sampaio deu uma queda ou eu já não percebo nada disto, o que é natural.

Ontem o mesmo Sr. Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, na sessão de abertura do Congresso dos Juízes Portugueses, proferiu as seguintes palavras:
“Ninguém que conheça a vida forense ignora que apreciável segmento das férias judiciais constitui na primeira instância, e sem esquecer os turnos, um tempo de recuperação de atrasos de despachos de maior complexidade ou de decisões com maior fôlego”.

E mais à frente referiu-se à questão dos serviços sociais dizendo:
“A opção por uma crescente uniformização dos regimes de segurança social não exige, na sua fundamentação, que seja qualificado como injustificado privilégio um regime que tinha fundadas razões para ser instituído e mantido”.

Esta aparente contradição, quererá dizer que o Sr. Presidente da República Dr. Jorge Sampaio promulgou os diplomas contrariado?É que, nem eu nem a esmagadora maioria do povo português, que concordou com estas medidas, consegue tirar outra ilação deste discurso, e desculpem a ignorância, será que, já não existe a figura do veto político?
Que eu saiba a lei foi promulgada à primeira, não me lembro de ela ter voltado ao hemiciclo para nova votação, pelo que, ainda acho mais estranho que venha agora dizer, que afinal não concorda com o que aprovou.

Sabe-se que o Ministro da Justiça Dr. Alberto Costa estará amanhã no encerramento do congresso, como tem sido ele o principal argumentador das medidas, vamos certamente ter discurso de encerramento para os próximos dias.

Comentários anónimos?


Alguns blogueiros, entre eles, alguns amigos, insurgem-se por vezes chegando ao extremo de censurar comentários anónimos

Diga-se desde já, que nada tenho contra quem o faz, cada um gere o seu blog da forma que acha ser a mais conveniente, eu não o faço. Para mim um comentário anónimo é sempre bem-vindo, mesmo que seja só para dizer mal ou pura e simplesmente para me xingar, como dizem os nossos irmãos brasileiros.
Ora, esta minha posição tem uma razão de ser, e a razão, é que também eu sou anónimo para muitos que me visitam e para muitos de quem sou visita, e quem me xinga pelo menos lê o que escrevo.

Afinal quem é o Espreitador, ou o PiresF?

Exceptuando os amigos e familiares que me conhecem e visitam, para todos os outros não passo de um anónimo que se permite publicar as suas opiniões, que por vezes são até algo contundentes e não posso por isso querer utilizar a critica opinativa e não querer receber a mesma.

Nunca até hoje censurei um comentário, – exceptuando os de Spam e um comentário da amiga Valkye que anulei por engano, e me apressei a informá-la, até porque, era um comentário amigo – e penso nunca o vir a fazer. Aqui neste blog todos podem opinar, estejam ou não de acordo com o autor, dá-me até um certo gozo discordarem de mim, porque me obriga cada vez mais a documentar-me sobre os temas que publico.

Faz um tempo, li no blog do amigo Zedtee o seguinte: “O meu blog é o meu castelo!” fiquei a matutar naquilo, mas cheguei rápidamente à conclusão que o meu não era porra de castelo nenhum, seria quanto muito, umas vezes a minha bílis e outras o coração, dependendo do estado de espírito ou de outros factores, o meu castelo é sem dúvida nenhuma a minha família, e assim quero continuar.

Por isso meus amigos anónimos estejam à vontade, aqui podem opinar o que quiserem e até podem descarregar a bílis sempre que vos aprouver, só me permitirei eventualmente censurar a ordinarice, despropositada e desnecessária, evidentemente por uma questão de educação para com os outros leitores.

fait-divers

Pinocchio e o Poeta Rebelde.

O Candidato a Presidente, diz que o Primeiro-ministro disse isto.
O Primeiro-ministro diz que não disse aquilo.
O Candidato a Presidente, diz que ele lhe disse isto e isto.
O Primeiro-ministro diz que o que lhe disse foi aquilo e aquilo.
O Candidato a Presidente diz que não foi de facto isso.
O primeiro-ministro diz que foi.
O repórter pergunta então ao Candidato a Presidente: Vai continuar no partido?
O Candidato a Presidente responde: Não vejo porque não?
O repórter responde: É que ele é o líder do seu partido e desmentiu-o!
O Candidato a Presidente contrapõe: E eu desminto-o a ele!

Nós, povo português que assistimos à contenda sabemos que um deles é um grande mentiroso, temos até provas, e não percebemos porque é que o outro não lhe vai ás fuças.
Enfim!... Sinais dos tempos que precisam de um átomo de oxigénio.


O Sr. Contenção Salarial.

Felizmente nem tudo é mau. Segundo um estudo do Central Banking Journal, o Banco de Portugal, ocupa um honroso terceiro lugar entre os 30 países da OCDE.
Performance só ultrapassada pelos bancos centrais da Grécia e da Islândia.
É portanto de inteira justiça, louvar os valorosos esforços ao longo dos últimos anos de Vítor Constâncio, que ao apresentar custos com pessoal equivalentes a 0,08% do PIB, ganhou com inteira justiça o título de Sr. Contenção Salarial.

Depois de sabermos que o custo médio dos empregados do Banco de Portugal é de 90.140 dólares e que países como os Estados Unidos a Suiça e a Alemanha pagam pior que nós, pode o povo português regozijar com a constatação da competitividade do Banco de Portugal.

Tout va très bien, Madame la Marquise!

Ontem Zapatero, anunciou que vai reduzir os impostos ás empresas, como forma de reforçar o crescimento da economia espanhola já de si excelente e considerada nalguns círculos como motor da recuperação europeia.

É este o contraste que se verifica com Portugal, por cá sobrecarrega-sse tudo e todos com impostos, retirando toda e qualquer competitividade ás empresas.

Não faltará muito, para as melhores mudarem as suas sedes sociais para Espanha, à semelhança do que já aconteceu em tempos com a fuga de muitas para a Holanda.

A Europa dos comerciantes.

“É o que está à vista. Portanto, temos de lutar pelo nosso, que é mais antigo e que é mais substantivo e que não é o de uma Europa de comerciantes mas sim um projecto político, económico, financeiro e social. Tudo coisas que a Grã-Bretanha não quer admitir e está a tentar diluir".

Afirmações criticas de Freitas do Amaral, antes da Reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 25, adiantando, que em cinco meses de presidência, o governo britânico nada fez em matéria de perspectivas financeiras e que a sua politica é uma politica economicista.

Vão Trabalhar Srs. Deputados!

Hoje na Assembleia da República Portuguesa, Bob Geldof disse para quem quiz ouvir que considerava responsabilidade histórica de Portugal, exercer pressão junto dos grandes nas negociações de Hong Kong, que decorrem no âmbito da Organização Mundial de Comércio, no sentido de os forçar a mudar a politica do livre acesso dos produtos africanos ao mercado mundial, já que este é um dos assuntos em agenda.

Nas criticas aos aos Estados Unidos e à Europa, salientou: "as promessas de ajuda são tão fortes como as de um pai para um filho: se forem quebradas nunca mais há confiança".

Deu o exemplo de Moçambique, em que os produtores de açucar, não podem aceder ao mercado europeu, defendeu um Plano Marshal para o continente africano e apelou à sociedade civil no sentido de ser mais interveniente na causa da luta contra a pobreza.

Numa referência aos deputados portugueses disse-lhes: "Depois desta cerimónia, peço-vos que regressem ao hemiciclo e trabalhem para que Portugal possa forçar os grandes da Europa a mudar as suas políticas, a altura chegou, se estas negociações falharem, será catastrófico".


A380

A primeira fotografia do interior do cockpit disponível na Internet.


Prazeres do quotidiano

O Natal já pode vir, a árvore está enfeitada, e a casa praticamente decorada para a quadra festiva que se aproxima.
A Lena e a Catarina trataram disso com a antecedência, vontade e a costumeira alegria, que sempre põem neste ritual.
Para elas o ritual do Natal começa bem cedo, há quinze dias que as ouvia falar na decoração da árvore, acto em que participo apenas com um dos sentidos, e hoje, porque o dia chuvoso convidava mais uma vez a ficar em casa, não resistiram.

Logo após, termos praticamente devorado um lombo assado no forno, com batatinhas aos quartos e legumes gratinados em bechamel, tudo regado com um tinto de Reguengos, e terminado com fruta da época, café e a costumeira cigarrilha, fui requisitado para uma viagem ao sótão onde nos aguardavam algumas caixas com os enfeites natalícios acumulados de outras quadras e todos os anos acrescentados.

Durante o resto do dia, o ritual da decoração tomou conta delas e absorveu-as completamente.
Eu mantive-me no meu posto, vigilante, para que a lareira se não apagasse, e gozando o supremo prazer de mais um dia passado com algumas das mulheres da minha vida.

Quotidiano.

Mais um Sábado de céu escuro e chuva de tolos que finda, um dia que se apresta a acabar sem recordações que mereçam ser retidas. Nada de importante se passou neste dia de chuva e céu cinzento, uma manhã preenchida com trivialidades, um almoço – bem, o almoço merece ser recordado, que aquelas lulinhas à algarvia estavam de se lamber os dedos caso eu não fosse civilizado e não usasse talheres – e uma tarde sem nada de novo – excepto para os benfiquistas que viram o seu clube perder em Braga – e agora a noite que nem vi chegar, e logo se instalou mais o frio e a chuva num conluio desagradável.
Faço-lhes frente, e atasco a lareira precisamente na altura em que o jantar está pronto para ser degustado.

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Voltei, depois de enfrentar uma canja de galinha com alho francês, salpicada de cenoura e uns bagos de arroz que estava divinal, rematando em seguida com uma tortilha à espanhola, seguindo-se a cafézada e uma cigarrilha que me retemperaram as forças e me aprontaram a disposição para um Cardhu Pure Malt, que agora me sorri ardente de desejos irresistíveis, qual gaja com cio. Não me faço rogado, avanço para uma golaça aveludada e macia que me percorre a faringe, dá de passagem um suave abraço à laringe, desce devagar, enrolada e voluptuosa pelo esófago para finalmente e com amor se aninhar no estômago, e segreda-me já dona da minha intimidade: Afinal, quando tiramos partido do que temos, mesmo o dia mais monótono, que nada parece ter que mereça ser retido no canto das recordações, pode ter outros prazeres, prazeres que fazem dele um dia bom e digno.

Oop´s!... Tarde de mais.



Óóóóóóó mãe estou no MESSENGER... Sai daíííííííííííííííííí


Os Ianques



Os auto proclamados policias do mundo, como é costume fazem das suas.

O El Pais afirma que aeroportos espanhóis foram utilizados em voos secretos para transferir prisioneiros para cadeias secretas e algumas delas na Europa, com o fim de serem interrogados e torturados, desrespeitando as normas do direito internacional.

A Focus divulgou que aviões alegadamente da CIA foram vistos no aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto e no aeroporto de Sines, e pelo menos dois foram fotografados.

Vindo estas noticias no seguimento da que há duas semanas o jornal Washington Post noticiava, e que se relacionava com as prisões secretas da CIA na Europa, noticias essas corroboradas pela Human Rights Watch, que apontou mesmo a existência de centros de detenção na Polónia e Roménia, e evidentemente negadas de imediato por Varsóvia e Bucareste, o que não é de estranhar.

Chegamos facilmente há conclusão óbvia, em que é muito difícil existirem dúvidas da veracidade destas noticias e da politica ianque antiterrorismo, da politica do vale tudo para os policias do mundo. E neste contexto os direitos humanos que se fodam, o direito internacional que se foda, os direitos territoriais de estados independentes que se fodam, e o presidente da assembleia parlamentar do Conselho da Europa, René van der Linden, mais o seu relator para averiguação da existência de centros da CIA na Europa, que se vão foder também, e já agora, que os seus 46 Estados membros mais a Comissão Europeia que se fodam todos juntos, que eles estão-se cagando e rindo.

E depois ainda há por aí uma cambada de cabrões de merda, energúmenos e mentecaptos que defendem esses grandessíssimos filhos da puta. Eu quero é que esses imbecis se fodam, o Bush mais as suas medidas liberticidas, e os seus “Patriot Act”.

PS: Desculpem a linguagem, mas os bois têm de ser chamados pelos nomes.

Frases!

Daqui a cinco anos você estará bem próximo de ser a mesma pessoa que é hoje, excepto em duas coisas: Os livros que ler e as pessoas de quem se aproximar.
(Charles Jones)

Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas ainda não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.
(Martin Luther King)

Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas.
(Goethe)

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de errar.
(William Shakespeare)

Desculpem lá!

H5N1

Enfim, uma boa notícia:

Um dos nossos deputados contraiu gripe das aves.
Portanto, vai ter que se abater todo o bando.


Inacreditável!

Jorn Olsen trabalha para a Companhia Dutton-Lainson em Hastings, Nebraska, e mora perto do Parque Hartwell, ao lado do Hastings College.

Numa noite, provavelmente depois da uma forte tempestade, ele tirou estas fotos e enviou-as à Universidade de Nebraska, que as colocou no link abaixo. Os postes de luz são do Estádio do College, a leste da casa do fotógrafo.

Esse tipo de nuvem chama-se Mammatus. São formadas quando o ar já está saturado de gotículas de chuva ou cristais de gelo, e começa a "afundar". O pior da tempestade geralmente já passou quando este tipo de nuvem aparece. São bastante raras e belíssimas.



O Link aqui.

França – Desenvolvimentos

Dominique Villepin, hoje na Assembleia Nacional e após a sua deslocação a Aulnay-sous-Bois, confirma que a situação continua difícil, e informou que propôs a Jacques Chirac o prolongamento do estado de emergência por mais três meses. Invocando a inadmissibilidade de continuarem a arder todas as noites mais de 200 viaturas e que esta, para além de ser uma medida de precaução que permite dispor dos instrumentos necessários para o restabelecimento da ordem, é também uma medida de protecção das populações.

Segundo o Le Monde, o director da polícia, Michel Gaudin, informou que 80 porcento das 2.838 pessoas detidas, já eram conhecidas das autoridades.

Jacques Chirac, dirigindo-se à nação na segunda-feira, apelou a uma luta colectiva contra o racismo, porque a discriminação envenena a sociedade. Considerou que esta onda de violência urbana é uma crise de rumo, uma crise de referências e uma crise de identidade, e que o governo responderá sendo firme e justo, já que as crianças dos bairros difíceis são todas filhas da República.

Na ocasião, informou da decisão de criar um serviço voluntário que irá abranger 50 mil jovens até 2007, para ajudar a resolver a crise das zonas suburbanas

Depois de 19 dias de conflitos, 8.810 veículos incendiados, e 2.838 pessoas detidas, pela voz de presidente Jacques Chirac, começamos agora a ouvir palavras sábias e de entendimento do fenómeno que dura há cerca de três semanas.
Mas este é o mesmo Chirac que em 2002, se serviu das causas fracturantes e da segurança para ser reeleito, e por isso, hoje é visto com grandes responsabilidades na actual crise.

Animais Políticos


Foto indecentemente gamada ao Arioplano.


Acabei de assistir a mais uma entrevista presidencial muito bem conduzida por Constança Cunha e Sá.
Excelentemente preparada e sem ser agressiva, fez suar o Candidato de Boliqueime, que em certas alturas me pareceu completamente perdido e a ver um outro filme – até me pareceu mais velho que o Soares –, ainda assim, consegui perceber que o homem se assume como tecnocrata. Hummm… seria académico?

Quanto Tempo

Pai e filho encontram-se para a conversa das suas vidas. O pai é José Manuel Osório de 55 anos, o português há mais tempo infectado com o vírus da SIDA, e o filho Luís Osório de 31, o mais premiado jornalista da sua geração.
Segui a entrevista em directo, na televisão, revi-a em repetição mais tarde, e quando o livro saiu apressei-me a comprá-lo. São 124 páginas que se lêem de um fôlego e começa praticamente assim:

O ajuste de contas

Mas a minha imagem de ti não era completamente negativa. Tinha um grande prazer em estar contigo e uma grande admiração pelas coisas que dizias, pelos amigos que conhecias, pela coragem que dizias ter e se veio a provar, pela arrogância… Só que o fascínio se foi esbatendo com o tempo, percebi decerto que te estava a mitificar. Os filhos acham que os pais são heróis, depois percebem que os heróis são figuras que não existem, não passam porventura de personagens de ficção. Basicamente percebi na adolescência que não tinhas concretizado os objectivos que julgavam estarem ao alcance da tua mão, a partir de determinada altura comecei a ver-te como um falhado…


No prefácio diz o Dr. Daniel Sampaio:
[…] Este livro é diferente. Não é possível entendê-lo sem um olhar para dentro de nós, sem escutarmos a voz distante dos nossos antepassados, sem nos projectarmos num futuro que desejamos e tememos ao mesmo tempo.
[…] Este livro é sobre o «ser pai» e o «ser filho», sobre os laços emocionais que definem essa condição, sobre a forma como nos identificamos com alguém que nos determinou, em derradeira análise sobre a intimidade, que vemos (re)construir ao longo destas páginas.
[…] O pai poderia socorrer-se de António Franco Alexandre e dizer:
“É mais fácil de longe imaginar / o que seria ter-te aqui presente / do que seria ter-te e não saber / com que forma do corpo receber-te.”
E o filho responderia com o mesmo poeta:
“Se me prendo ao teu rumor ausente / não é que me consuma numa imagem / ou deseje real o imaginado; / é por outro real em ti presente.”


Quanto Tempo da Oficina do Livro



...mais vale ser criança que querer compreender o mundo.
Alvaro de Campos

A verdade acima de tudo!

Neptuno

Estado Social?


Vi algumas partes da discussão do Orçamento de Estado, que acabou por ser aprovado na generalidade com os votos a favor do PS e contra de todas as outras forças politicas. Casa cheia no Parlamento, e centenas de jovens à porta da Assembleia, para assistir à discussão da proposta do plano para as contas públicas deste Governo.

Houve no entanto um outro facto que me chamou a atenção, e não tinha nada a ver com o tema do debate.
A assembleia tem 230 deputados, houve alturas que esteve cheia, estavam lá algumas mulheres, poucas, mas nem um negro lá estava, nem sequer na bancada do Bloco, partido que muito deve às causas fracturantes.

Não será isto leviandade, quando se teoriza o Estado Social?

Ça se calme, mais…

Era este o título que o diário Le Parisien apresentava ontem na primeira página, deixando no ar um “mas” muito grande, enorme e incómodo para toda a Europa.

O recolher obrigatório foi decretado em autarquias de violência mais recente, ao que se sabe nenhuma autarquia de Seine-Saint-Denis, a zona mais afectada pela violência, ou Aulnay, ou Clichy-sous-Bois, decretou a medida do recolher obrigatório, a violência nessas zonas já tinha terminado dias antes, no entanto, 73% dos franceses, segundo o Libération, aprovam a estratégia guerreira de Villepin e acreditam que a instituição do recolher obrigatório levou à diminuição dos confrontos.

Os factos são: Os números e o nível de violência diminuíram mais uma vez e pela terceira noite consecutiva, também as televisões deixaram de recorrer aos motins para a abertura dos seus jornais e o Governo ao que parece tenta encarar de frente o problema, com um sem número de medidas já consideradas pela esquerda de demasiado musculadas, mas Jacques Chirac assume que agora é tempo para a acção, só depois virá o tempo da reflexão.

As medidas em causa, vão desde o recolher obrigatório, à intenção de expulsar do país os estrangeiros – legais ou ilegais – que se envolvam nos motins, e passam por buscas autorizadas durante o dia e noite, dá poderes aos presidentes de câmara para pôr em prisão domiciliária quem cause problemas, assim como, permite o impedimento à entrada nos bairros de pessoas que ameacem perturbar o trabalho das autoridades, prevê também o encerramento dos locais de ponto de encontro para gangs, e dá liberdade ás autoridades para levarem a cabo raids em locais suspeitos, etc. etc.
Estas são medidas contidas no decreto aprovado esta terça-feira, e que invoca a lei de 1955 do estado de emergência destinado a lidar com a agitação durante a guerra de independência da Argélia.

Ninguém sabe ao certo se a violência vai terminar, hoje é feriado em França e o Le Parisien faz a primeira página com o titulo: “ Week-end décisif “ mas… como certo, só as feridas que estes conflitos abriram na França e a certeza da urgência em mudar.
Como disse ontem o Arcebispo de Paris, André Vingt-Trois numa conferência de imprensa em Lisboa: Quando somos obrigados a decretar um recolher obrigatório para as nossas crianças, quer dizer que há quem não esteja a fazer bem o seu trabalho.

Anti-americano?

Ele existem bloggers e jornalistas – com as devidas diferenças evidentemente –, que quando alguém mexe no Sr. Bush, saltam de imediato em defesa do Liberalismo, da América, e do raio que os parta, como por exemplo, o Luís Delgado que há anos andamos a aturar nas colunas dos nossos jornais e em tudo que é rádio e TV, de venda nos olhos a desculpar – melhor dizendo, a tentar desculpar porque já não é levado a sério –, o Sr. Bush.

Para esses, aqui fica uma pérola: Do editorial da passada terça-feira do “anti-americano” New York Times:

«Depois da desastrosa visita do Presidente Bush à América Latina, é enervante pensar que a sua presidência ainda tem mais três anos pela frente. Uma administração sem agenda e sem competência seria suficientemente dura para suportar no plano doméstico. Mas o resto do mundo não pode simplesmente aguentar um governo americano tão mau por tanto tempo».

Esta não precisam de engolir, vão digerindo…

Qui devorant plebem meam

A diferença que há entre o pão e os outros comeres, é que para a carne, há dias de carne, e para o peixe, dias de peixe, e para as frutas, diferentes meses do ano; porém o pão é comer de todos os dias, que sempre e continuadamente se come; e isto é o que padecem os pequenos.

São o pão quotidiano dos grandes; e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos, não tendo nem fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em que os não defraudem, em que os não comam, traguem e devorem: Qui devorant plebem meam, ut cibum panis.

Parece-vos bem isto, peixes?


Padre António Vieira in Sermão de Santo António.
Pregado em S. Luís do Maranhão.

A Velha Europa

Está na ordem do dia os acontecimentos tumultuosos de Paris. Para uns, não passa de violência gratuita, para outros, é uma forma de protesto, e o que mais sobressai é a ligeireza analitica.

Para mim, é tudo isso, mais a raiva de não poder sequer sonhar.

A nossa velha Europa, a Europa dita Social, tem criado ao longo dos anos autênticas bombas de rastilho curto, que desta vez, rebentaram com a morte de dois jovens que fugiam à polícia. A relação destes jovens com o estado policial é de guerra, uma guerra de agressão, humilhação e frustração com o pomposo nome de delinquência juvenil.

Combatida por meios opressivos que batem primeiro e perguntam depois, gerando uma espiral de violência.
A Europa Social não existe, é um engano. O que existe é a Europa do défice, dos rácios económicos, das proibições absurdas, dos bairros clandestinos de pretos e árabes, da guetização instituída, dos condomínios fechados da classe média alta, pelo medo da diferença, e da multiculturalidade.

Abrindo caminho a Le Pen, Sarkozy, não consegue ver o que tem à frente do nariz, daí as estúpidas afirmações e estúpidas teorias interpretativas que tem feito, para ele tudo se resume a meter a escumalha de voyous que fazem merda nas banlieues francesas na ordem, em nome do establishement, do estado de direito, da burguesia e da sua democracia que não precisa nada da merda dos estrangeiros.

A arrogância xenófoba francesa é de todos conhecida, pelas leis que aprova contra as comunidades de emigrantes africanas e antes pelas que aprovava também contra os portugueses.

Além da mão-de-obra barata, o desemprego, a falta de perspectivas e os guetos, constroem uma dialéctica própria de terrorismo caseiro, que por vezes, implode em focos críticos ao mínimo rastilho tal como aconteceu em LA. Lá com o espancamento de Rodney King e ilibação dos culpados deu-se origem a um levantamento racial.

Não sejamos autistas ao ponto de pensar que o problema dos franceses é com os franceses, olhemos para nós.

Li hoje num blog esta conhecida frase:

Quando a ordem é injusta, a desordem é, por si só, um factor de justiça!
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Uma vaga ideia…

Esta é mais uma pequena história do António Alçada Baptista, que se insere nas histórias de tontos que todos nós conhecemos.
Apreciem-na que é de ir ás lágrimas.

O Café Chiado tinha um porteiro tontinho mas que lá ia fazendo o seu papel. Não é que não soubesse as coisas: eu acho que ele tinha delas uma vaga ideia. Querem ver:

Um dia entrei no café com o pintor Rolando Sá Nogueira. Sentámo-nos numa mesa e ele aproximou-se do Rolando e ouvi o seguinte diálogo:
Ele: - Ó Senhor Doutor, O Senhor Engenheiro é de Letras?
Rolando: - Não. Porquê?
Ele: - É que estava aí um tipo que queria que lhe pintassem umas letras…

A Empregada.



Olhava a rua, e via as pessoas, que em passo rápido fugiam da chuva e daquele final de manhã desagradável.
Apercebo-me que alguém entra, e rodo sobre a minha direita para ver de soslaio a empregada que entra com o almoço, reparo que é uma mulher que ronda os quarenta anos, roliça, de pele brilhante e faces rosadas.
Oiço-a dizer num sotaque nortenho familiar: - Ora boa tarde menina, aqui está o almocinho! Apercebendo-se nesse mesmo instante, que mais alguém estava presente, atira: - Para o Sr. também, uma santa tarde!
Agora, já virado de costas para a janela, retribuo na mesma moeda: - Que santa também seja a sua!
Ela olha-me dos pés à cabeça, mede-me a largura, fixa-me nos olhos e pergunta à doente acamada que recupera num pós-operatório: - É seu filho? - É sim senhora! Responde de imediato a minha Mãe como se esperasse a pergunta. Ela continua a fixar-me o olhar, mas mais uma vez a pergunta não me é dirigida: - É filho único ou tem mais? - É filho único, mas já me deu três netos, e a mais nova é a cara do pai. Assim, tal e qual, estava tudo dito e despachado.
Finalmente, desprende o olhar do meu, olha para a minha Mãe e contínua: - Então é bonita, que o pai é um rapagão bem apessoado!
Apessoado!? Nesta altura já não consegui prender por mais tempo o riso e a gargalhada saiu estridente.
- De que ri o Sr? – Desculpe, provavelmente do apessoado, é um termo que não estou habituado a ouvir.
De imediato e elevando a voz um tom, replica: – Se não costuma devia, porque é uma grande verdade! Ó se é! Vá Dona Maria, vamos a comer tudo, que já lhe trouxe pouquinho.
Não ouvi mais nada, e só saí da casa de banho quando tive a certeza que se tinha ido embora, não fosse o diabo tecê-las e o riso atraiçoar-me.

No correio

As mulheres que me desculpem, mas esta está o máximo.
Encarem a coisa na desportiva, e riam um bocado.

Conversas de mulher

Olá amor!
- Olá!
- Trabalhaste muito?
- Sim
- Tás cansado?
- Um pouco.
- Toma um banho!
- Vou já... preciso de sair.......
- Ah!... vais sair?
- Vou dar uma volta.
- Sozinho?
- É... sozinho.
- Vais aonde?
- Por aí.
- Sozinho?
- Sim.
- De certeza?
- Sim.
- Queres que eu vá contigo?
- Não... deixa lá... prefiro ir sozinho.
- Vais sozinho andar pela cidade?
- Vou.
- De carro?
- Sim.
- Vais demorar?
- Não... p'raí uma hora.
- Vais a algum lugar específico?
- Não... só andar por aí.
- Não preferes ir a pé?
- Não... vou de carro.
- Traz um gelado pra mim!
- Trago... que sabor?
- Chocolate.
- Ok... na volta eu passo e compro.
- Na volta?
- Sim... senão derrete.
- Passas lá, compras e deixas aqui.
- Não... é melhor não! Na volta... é rápido!
- Ahhhhh!
- Ok! Beijo... volto logo...
- Ei!
- O que é?
- Chocolate não... Manga...
- Não gosto de Manga!
- Então traz de manga pra mim e o que quiseres prá ti.
- Ok! Vou indo.
- Vem aqui dar-me um beijo de despedida!
- Querida! Eu volto já... depois.
- Depois não... quero agora!
- Tá bem! (Beijo.)
- Vais com o teu ou com o meu carro?
- Com o meu.
- Vai com o meu... tem leitor de CDs... o teu não!
- Não vou ouvir música... vou espairecer...
- Tás a precisar?
- Não sei... vou ver quando sair!
- Não demores!
- É rápido... (Abre a porta de casa.)
- Ei!
- Que foi agora?
- Pronto, malcriado! Vai embora!
- Calma... estou a tentar sair e não consigo!
- Porque queres ir sozinho? Vais encontrar alguém?
- O que queres dizer?
- Nada... !
- Olha lá... achas que te estou a trair?
- Não... claro que não... mas sabes como é...
- Como é o quê?
- Homens!
- Generalizando ou falando de mim?
- Generalizando.
- Então não é meu caso... sabes que eu não faria isso!
- Tá bem... então vai.
- Vou.
- Ei!
- Que foi, porra?
- Leva o telemóvel, estúpido!
- Pra quê? Pra me ligares?
- Não... caso aconteça alguma coisa, tens o telemóvel.
- Não... deixa lá...
- Olha... desculpa pela desconfiança... estou com saudades... só isso!
- Ok meu amor... Desculpa-me se fui chato. Tá.. eu amo-te!
- Eu também!
- Posso mexer no teu telemóvel?
- Prá quê?
- Sei lá! Joguinhos!
- Vais jogar com o meu telemóvel?
- Vou.
- De certeza?
- Tá.. ok... então leva o telemóvel senão eu vou mexer...
- Podes mexer à vontade... não tem lá nada...
- Ai é?
- É.
- Então onde está?
- O quê?
- O que deveria estar no telemóvel mas não está...
- Como!?
- Nada! Esquece!
- Tás nervosa?
- Não... não estou...
- Então vou!
- Ei!
- Que ééééééé?
- Afinal não quero gelado!
- Ah é?
- É!
- Então porra, afinal também não vou sair!
- Ah é?
- É.
- Que bom! Vais ficar aqui comigo?
- Não... tou cansado... vou dormir!
- Preferes dormir a ficar comigo?
- Não... vou dormir, só isso!
- Estás nervoso?
- Claro, porra!!!
- Porque é que não vais dar uma volta para espairecer?

No correio

O que acontece quando um pitbull encontra um ouriço?
O pitbull naturalmente ataca o ouriço.

O que faz um ouriço quando é atacado?
Ele eriça os espinhos...

E um pitbull fica impressionado com isso???
Nããããããã....

E qual é o resultado dessa luta?




Pensamentos


A noite convidava à queima de uns quantos cavacos de azinho, o dia tinha sido de alguma emotividade e agora o corpo clamava por descanso. A Tv. estava ligada, mas os meus sentidos recusavam-se a fazer a ligação com esta, talvez, por passearem por lá os mesmos rostos de sempre e este era um daqueles dias que nem o costumeiro zapping apetecia.
A filha mais nova, assim que reparou no lume, veio aninhar-se no sofá pequeno como era seu hábito, este era do comprimento ideal para o seu tamanho, e eu sabia que daí a pouco estaria a dormir, também sabia, que mais tarde a Mãe que naquele momento monopolizava o computador, a acordaria com uma dezena de beijos e sussurros cúmplices com o fim de a levar para a cama, ela acordaria com alguma relutância e com o costumeiro sorriso de quem está nas nuvens, seguiria guiada por mão amiga em direcção ao quarto. Era um ritual que me dava prazer, o gosto de ver as coisas boas e familiares repetirem-se vezes sem conta.
A ligação com a Tv. definitivamente não se estabelecia, os meus olhos teimavam em vaguear pelo lume que crepitava abafado.
Acabei de saborear a caneca de café e a cigarrilha que deveria ser a última do dia, quando decidi finalmente ver aquele filme emprestado há meses pelo meu filho. Tinha ganho alguns Óscars, mas não tinha ainda conseguido conquistar a minha atenção, dispus-me a vê-lo devido a um dos actores ser o Morgan Freeman. Peguei no DVD e reli o titulo, “Million dollar baby”, além do Morgan Freeman, são protagonistas o Clint Eastwood e a Hilary Swank.
Avancei, finalmente decidido a despachar aquele que fazia parte de uma meia dúzia que tinha para ver já há algum tempo. Não me arrependi, nem quando a Maggie (Hilary Swank) decide convidar o seu treinador Frankie Dunn (Clint Eastwood) a acompanhá-la numa visita à sua Mãe, uma cena constrangedora pela extrema pobreza de sentimentos, valores e ideais que a família de Maggie revelou.
Entretanto tinha recebido um telefonema da minha filha mais velha, não seria necessário ir buscá-la, ia tomar café com uma amiga. Pouco depois, já contava com a companhia da minha mulher e acabámos de ver o filme juntos.
Fiquei por ali, agora já disposto a algum zapping o que me levou a ver bocados de vários programas, mas sem que algum me tivesse despertado a atenção.
Quatro da manhã e decido ligar para a minha filha, talvez à décima e insistente tentativa, atendeu: Vinha a caminho! Lembro-me da última vez que olhei o relógio, marcava as quatro e meia, seria mais uma noite mal dormida.
Pela manhã desloquei-me ao hospital onde a minha Mãe recuperava de uma cirurgia efectuada nessa madrugada. Estava tudo bem e recuperava com a normalidade comum àquele tipo de intervenção segundo fui informado. Regresso a casa para almoçar, e tenho então oportunidade de ver a minha filha mais velha, quando se preparava para sair, atiro-lhe: Espero que hoje não repitas a graça! Ela, do alto do seu metro e setenta e oito e escudada pelos seus vinte anitos, responde algo imperceptível, vira as costas e sai. Constato sem sombra de dúvida a minha falta de autoridade, não que fosse a primeira vez que passava por isto, acontece que nas outras eu era o filho e penso agora que a minha Mãe deve ter ficado tão preocupada como eu.