Vão Trabalhar Srs. Deputados!

Hoje na Assembleia da República Portuguesa, Bob Geldof disse para quem quiz ouvir que considerava responsabilidade histórica de Portugal, exercer pressão junto dos grandes nas negociações de Hong Kong, que decorrem no âmbito da Organização Mundial de Comércio, no sentido de os forçar a mudar a politica do livre acesso dos produtos africanos ao mercado mundial, já que este é um dos assuntos em agenda.

Nas criticas aos aos Estados Unidos e à Europa, salientou: "as promessas de ajuda são tão fortes como as de um pai para um filho: se forem quebradas nunca mais há confiança".

Deu o exemplo de Moçambique, em que os produtores de açucar, não podem aceder ao mercado europeu, defendeu um Plano Marshal para o continente africano e apelou à sociedade civil no sentido de ser mais interveniente na causa da luta contra a pobreza.

Numa referência aos deputados portugueses disse-lhes: "Depois desta cerimónia, peço-vos que regressem ao hemiciclo e trabalhem para que Portugal possa forçar os grandes da Europa a mudar as suas políticas, a altura chegou, se estas negociações falharem, será catastrófico".


14 comentários:

Unknown disse...

Portugal nunca foi capaz de zelar por aquilo que em tempos foi dele, como é que ia agora interceder por alguém.

Ainda há pessoas que dão alguma credibilidade aos politicos portugueses. Deverá ser por não saber as lontras que são?

marinheiroaguadoce a navgar

José Pires F. disse...

Claro Marco, mas eu que tenho visto algumas pessoas criticar as intenções de Bob Geldof, e algumas de calibre intelectual, não quis deixar de postar o que ele diz quando surge a oportunidade, e parece que para ele todas as oportunidades são boas.
Mas o que interessa é que ele disse algumas grandes verdades sobre o comportamento dos portugueses, que tantas e enormes responsabilidades têm com os povos africanos.

Anónimo disse...

Trabalho e políticos não combinam pelo jeito no mundo todo :(

[s]s

José Pires F. disse...

Pois é Bill, talvez porque os politicos sofrem de uma grande doença chamada partidarite.

Cristina disse...

a mim parece-me que nunca mais o convidam para nada:(

agora a sério, também acho demais continuar com este trauma de que nós devemos sempre qualquer coisa a áfrica....e eles, os seus povos, os seus governantes, os seus licenciados, o que é que fazem por áfrica??? roubam...e pedem perdão das dívidas...assim, não há ajudas que cheguem..talvez lhes devessemos oferecer outra vez novos governantes???

desculpa o desabafo:))

beijinhos

José Pires F. disse...

Olá Riquita!

Desta vez não estou de acordo. Compreendo perfeitamente o que dizes e por vezes também eu, devido à faustosa vida que alguns líderes africanos ostentam, tenho vontade de pensar assim, mas essa é a forma errada de ver o problema, e nisto, desculpa mas sou peremptório.

O problema de África é um problema de todos nós, do mundo ocidental em geral que sempre os escravizou e explorou, e nós com uma quota-parte considerável de culpas no cartório.
Hoje, e se nada se fizer no futuro, muitos dos problemas do mundo ocidental têm a ver com o abandono a que estes povos estão votados e é também por isso que o terreno é fértil em lhes oferecer governantes que os escravizam e continuam a enganar, porque a falta de informação e educação proporcionam aos que tiveram possibilidade de estudar um pouco a tendência do poder e o caminho errado de continuar a escravizar o seu próprio povo.

Ninguém está em segurança no seu bairro se ao lado existir um gueto de pobreza e delinquência, veja-se o exemplo dos recentes conflitos em França, e isto aplica-se de uma forma geral a todos os países civilizados. Nós temos responsabilidades com a extrema miséria do vizinho do lado, mais ainda se somos nós que os forçamos a serem miseráveis, veja-se o caso de Moçambique, que de todos os países africanos é aquele que tem uma politica de desenvolvimento séria, mas a dívida que tem e as limitações impostas nas exportações, fazem com que eles, mesmo com uma politica honesta e séria de desenvolvimento não consigam recuperar.
Aceito que dar dinheiro aos países africanos é deitar dinheiro fora, mas existem outros meios de os ajudar e o exemplo de países como Moçambique que merecem toda a ajuda possível, se esta fosse dada funcionaria como incentivo para que os outros seguissem o exemplo positivo de uma via diferente.

Se há países a quem perdoava a dívida externa era a Moçambique e acompanhava essa medida com a abertura das exportações da cana-de-açúcar e tenho a certeza que estes seriam exemplo para os outros mais tarde ou mais cedo.

É por estes motivos que sou de há muito defensor da multicultural idade, que sei difícil nesta Europa de comerciantes, em que cada um olha para a sua loja sem se aperceber que a linha do horizonte fica bem mais além do seu próprio umbigo.

Cristina disse...

Pires
compreendo o que dizes...em relação às políticas dos países desenvolvidos em relação a Africa.Agora em relação a Portugal, siceramente não me parece que a nossa passagem por lá nos tenha que envergonhar especialmente comparando com outros colonizadores.
é verdade que muito do que áfrica é assenta na fragilidade dos povos, na falta de informação, etc.
mas há uma coisa que me espanta que é o facto de existirem milhares de africanos formados na europa (ao abrigo de cooperação) que se estão borrifando para o que lá acontece e para o destino dos seus países, entendes?

e claro que se podia fazer mais em termos políticos, mas como ultrapassar a "ingerencia nos assuntos internos"?

e em termos comerciais? por aí penso que seria mais fácil, mas os interesses...é como dizes:)e não vejo que se vá alterar alguma vez :
:(

é dificil chegar a grandes estratégias, não achas? afinal os eleitores dos países desenvolvidos acabam por querer nos governos quem defenda as suas supostas riquezas :(

beijinhos

José Pires F. disse...

Riquita!

Eu não falo em vergonha, falo em responsabilidade que é substancialmente diferente e acredito ser possível, não fácil, transformar o estado de coisas e estou convicto da necessidade que os ditos países civilizados do ocidente têm de que isso aconteça no futuro.

Portugal devido aos PALOP, tem uma grande vantagem na condução das medidas para esse desenvolvimento, creio que foi o que Bob Geldof quis dizer, e eu, não querendo parecer utópico diria que esse devia ser um desígnio nacional, que seria meritório senão por outros motivos mais importantes, pela defesa da língua portuguesa.

As mediadas que defendo para Moçambique, e que devem ser senso comum dos que defendem a multiculturalidade, nada têm a ver com ingerência nos assuntos internos, são medidas que os próprios Moçambicanos querem ver tomadas e essas medidas, reafirmo novamente o que disse, seriam um exemplo para os outros, pelo menos para os que não têm petróleo nem diamantes como Angola.

Mas é claro que comungo das dificuldades que apontas, só que eu acredito na extrema necessidade que o mundo “civilizado” tem de que isso aconteça, é até imperativo.

Dizia alguém que não recordo o nome:
“As grandes tarefas e as grandes confrontações estão à nossa frente e não atrás de nós”.
E quem sabe se este “desígnio de Portugal” não será o quinto império sonhado por Vieira, Pessoa e Agostinho, mas isso é outro assunto que não cabe num blog.

Intervencionista disse...

Pires... tou contigo a 100%

Intervencionista disse...

Quanto ao Bob... deviam-lhe dizer que vir cá falar para os Deputados é igual a ir pregar para o deserto... não dá em nada, a não ser que dê votos, ai sim eles mexem-se.

José Pires F. disse...

Nuno!

Por isso o título do post, que foi o que o Bob acabou por lhes dizer.

E quando um filho está connosco e com as nossas ideias sobre assuntos tão importantes, acreditamos que o futuro é possível.

Um abração para ti e obrigado.

Indivíduo disse...

piresf...

Quem critica o Bob Geldof, critica-o bem!

Há coisas muito mais importantes que perdoar dividas, isso não serve de nada, alias serve para comprar mais um aviões com sanitas de ouro...

Claro que se deve ajudar Africa, mas de outra forma, a apatia e a indifrença que a Europa tem por Africa é enorme, para que me entendas melhor aconselho que des uma olhada num post que tenho no meu blog acerca disso mesmo(egocentrismo mediatico)

Quanto ao facto de Portugal, Bob Geldof não tem a minima noção do nosso funcionamento, nos nem a nossa posição na UE conseguimos negociar em boas condições, quanto mais interceder a outros niveis, alias como dizes nem a europa esta interessada nisso, apenas interessa o mercado.
Portugal orgulhou-nos a todos com o caso de Timor, esse sim um caso bem tratado, naquele que foi o melhor serviço que Guterres prestou ao país, se o genocidio lá não foi total, foi graças a ele mesmo.
Em Africa acontece todos os dias. A Riquita tem toda a razão, a vontade tem que partir das chefias africanas, que alimentam guerras por motivos puramente racistas. Por detras disso tudo estão paises como a França que fornecem armas entre outras coisas. Enquanto isto assim funcionar a ajuda a africa tera que se basear em alimentos e pouco mais.
Nisto Bob Geldof parace alheado, de centrado que esta numa missaõ sem sentido e acima de tudo sem aplicabilidade de utópica que é.
Abertura de mercados é um assunto complicado, tal como é em relação a china..ai sim existem muitos interesses a funcionar, mas numa Europa mergulhada em crise, para ja essa não poderá ser a solução.

Abraço

José Pires F. disse...

Gentleman!

Recuso-me a aceitar a pequenez que tu aceitas para Portugal, e que este país nada pode fazer para ajudar África. Podemos e devemos no âmbito da CPLP juntar esforços para implementar nos PALOP a tolerância zero na corrupção com vista ao saneamento das finanças públicas, e criar condições através de parcerias comunitárias privadas e públicas para a reabilitação do aparelho produtivo, investir no capital humano em áreas como a educação e a saúde, direitos elementares das populações.

Segundo o documento ontem apresentado em Roma, na 33ª Conferência da FAO, 852 milhões de pessoas sobrevivem em todo o mundo quase sem comida e a fome mata 6 milhões de crianças por ano, sendo a África Subsariana a mais afectada.
Bastariam estes dados, para eu reafirmar a minha convicção da necessidade de Portugal, pelas suas responsabilidades históricas meter mão ao trabalho.

Não consigo compreender as pessoas que criticam o Bob Geldof, provavelmente criticam-no sentadas no sofá a ver TV, porque se existe alguém no mundo que dá visibilidade aos problemas de África é ele, poderão dizer que tira vantagens disso, pode ser, mas a acção que ele desenvolve de mediatização do problema é extremamente importante e necessária, assim como a de outros como os U2, só para dar mais um exemplo, este falar do problema, para alguns pode ser chato, mas que se lixe, ele é mais que necessário para despertar algumas consciências adormecidas.

Um abraço Gentleman.

Anónimo disse...

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