Átimo de pó

Entre a célula e o céu
O DNA e Deus
O quark e a Via Láctea
A bactéria e a galáxia

Entre agora e o eon
O ião e o Órion
A lua e o magnetão
Entre a estrela e o electrão
Entre o glóbulo e o globo blue

Eu, um cosmos em mim só
Um átimo de pó
Assim: do yang ao yin

Eu e o nada, nada não
O vasto, vasto vão
Do espaço até ao spin

Do sem-fim além de mim
Ao sem-fim aquém de mim
Den'de mim

Carlos Rennó

Vou por aí. Volto depois de umas merecidas férias.
Fiquem bem.

Ele há coisas...

Na continuação do post anterior, desesperançado e já preparado para o pior, recebo um telefonema da oficina. Do outro lado, alguém voluntariamente diz que o meu carro está pronto.

Incrédulo pergunto: - Pronto como? - Está pronto e está neste momento a lavar, se o quiser vir buscar, pode vir. (pausa)
A incredulidade força-me a nova pergunta: - Tem a certeza que é o meu? - Claro... o seu carro não é o tal e tal que teve duas peritagens?... - Sim, sim, é. - Então, está pronto. - Mas então a outra seguradora já deu o ok? - Claro, se não, não o arranjávamos sem a sua autorização...
Perante esta realidade, o que é o mistério? Fiquei por aqui depois dos agradecimentos, sentindo-me bem vestido nos andrajos de um vulgar tolo.

Neste momento flâmulas pairavam no meu cérebro e ligo, ainda abstracto mas já com um sorriso abominável para o meu Agente de seguros: Relato-lhe a conversa. - Não me diga? Diz ele em divergência instintiva. Hehe... começo a sentir-me melhor, um tolo nunca está só, tem sempre outro por companhia e avanço com engatilhada matreirice: - Ó Sr. fulano, então não foi ainda ontem, que da seguradora lhe disseram que ainda não havia uma decisão? - Pois foi, responde vagarosa e presumo pensativamente. Nesta altura, sentindo em mim o gládio da inquisição, formulo no cérebro a pergunta derradeira, mas não a fiz. Seria indelicado e pô-lo-ia numa situação desconfortável, além de que, pretendo que continue a ser o meu Agente, logo, mudei o rumo da conversa para o transcendental que tudo explica e a inevitável constatação da consumação de mais um milagre.

Entre a realidade e o mistério, terminámos a conversa, com uma solução plausível para ambos: Alguém da seguradora, tinha dado a ordem directamente à oficina e a informação ainda não constava nos ficheiros. Só podia. Outra explicação seria do domínio dos deuses.

Encostei-me para trás na cadeira de convés de Pessoa e fechei os olhos.
Ele há coisas...

Está difícil!

Este tempo dá cabo de qualquer um e o excesso de trabalho dá-lhe uma excelente ajuda. Ou será o contrário? Bem... não interessa, interessa é que o gerente desta casa, displicentemente e calcando aos pés a consciência, não cumpre a básica obrigação de a manter actualizada, ou no mínimo, retribuir as gentis visitas que recebe.

É claro que pode alegar em defesa das fugas continuas, o infindável calor que se faz sentir, ou o excesso de trabalho por causa das “justas” férias de outros, ou ainda a falta de vontade por estar a trabalhar e outros “merecidamente” a banhos, ou que a culpa é da cadela que uiva na noite, ou até, tentando não ver negro o que é cor de laranja, o problema do carro, porque uma companhia de seguros não se decide a pagar e o carro tem a frente toda feita num “oito”, ou seja: não tem, porque está tudo desmontado e o gerente tem de se desenrascar com a caranguejola de carro de substituição a que teve direito e, se daqui a quinze dias não tiver o problema resolvido, lá vem a conversa de casa como o eco duma canção: Vá... agora diz-me onde levo as malas? Porque, e digo-o com suavidade, a porcaria de um VW-Pólo, em vez de um porta bagagens tem um estojo de unhas e isto para um gajo com alma eterna de navegador, é um problema de tal dimensão que o leva a ponderar se valerá a pena largar do porto e rumar às praias longínquas de areia branca e águas eternas do Algarve.

Tribolas para tudo isto. Mas também, quem o manda ter dois acidentes na mesma semana, parecendo que vê tudo através de um vidro embaciado?
Fica a lição: nunca ter um segundo acidente, antes da peritagem ao primeiro estar concluída e deixar para os outros a histeria das sensações em movimento.

Enquanto isto e para ajudar a não vontade de blogar, a ofensiva israelita avança por terra e são postas em causa as virtudes de uma resposta robusta e o actual conflito ilustra bem a total irrelevância política da Europa dos 25 e a sua posição Kantiana.
...Talvez por ser verão e estar a banhos.

Daniel Oliveira no Arrastão, diz que na Síria se sente Libanês, não se lembrando que quando a Síria ocupou o Líbano, apoiou o crescimento de uma milícia fundamentalista armada que está na génese desta guerra.

Como se o "isto" não bastasse, no JN e sem que se tenha removido uma pazada de terra, lê-se que o orçamento da Ota já está a ser posto em causa. Mário Lino nega, dizendo que neste momento não tem nenhum elemento que o leve a pensar que afinal de contas a Ota vai custar mais.
Pois... neste momento não tem... é como o ser sincero contradizendo-se.

Finalmente, no Random Precision, lemos que o Alberto João se preparara para aumentar o défice da Região Autónoma da Madeira atribuindo uma verba de mais de 3% do orçamento em ajudas aos dois principais clubes de futebol da região: o Marítimo e o Nacional e mais de um milhão de euros para o Jornal lambe-botas da região, o "Notícias da Madeira".
... E o Contenente a pagar os andrajos e as chagas da palhaçada.

Mas como não lhe apetece blogar, num remorso comovido e lacrimoso, aproveitou para actualizar alguns links de amigos que aguardavam no PC do escritório, só faltando fazer o mesmo, que fará com emoção comovida, aos que aguardam pacientemente no PC lá de casa, razão pela qual, a lista de vítimas a que chama vizinhança, cresceu um pouco.