Outros ventos

Sem tempo para agir e sem vontade para renunciar.
É este estado de indefinido rumo a que me encontro preso no fio invisível que une todas as coisas indizíveis e onde, a esperança apesar de tudo se mantém essencial, embora, plácida e frugal.
À priori não se trata de insanidade e, por isso, se entende que o quadro clínico é reversível, já que, a constatação do facto é racional não necessitando de leitura peneirada, especial ou peculiar, da qual se deve guardar asséptica distância a fim de manter o mais longe possível, o contraditório cansativo no subterfúgio dos pormenores que no seu corolário aqui conduziram.

Com parcimónia de meios e sem mais delongas, até já, que bem pode ser amanhã ou depois. Quem sabe o futuro?…

Por enquanto, fiquem com Quinto Horácio e “Arte Poética”

"Há quem discuta se o bom poema vem da arte se da natureza: cá por mim, nenhuma arte vejo sem rica intuição e tão-pouco serve o engenho sem ser trabalhado: cada uma destas qualidades se completa com as outras e amigavelmente devem todas cooperar. [...]"

Nota a propósito de qualquer coisa que nem eu sei o quê, por isso, digamos que é uma nota de mero acaso.

Hoje foi dia de dentista. Dentista nova, também ela tão nova que se a visse na rua lhe daria entre 18 e 20.
Cá vai a conversa abreviada:

- Não sôtora, não quero isso. Cheguei à conclusão, sem pretender necessariamente qualificar quem me tenta convencer, que de tão caro é um roubo.
- Então tá bem… temos várias hipóteses mas só vou considerar as melhores quatro para o seu caso: Hipótese A: a que você não quer e de que eu não abdico como sendo a apropriada. Hipótese B: tal e tal só para manter as coisas aceitáveis enquanto você decide avançar para a hipótese A. Hipótese C, tal e coisa, coisa e tal, resolve para já o problema, mas mais tarde vai ter de considerar a hipótese A. Hipótese D: Ok resolve, mas vai andar o resto da vida com problemas que com a hipótese A nunca terá.

- A sôtora até parece estar a jogar à rabia, mas se a D resolve… quanto custa?
- Não digo e vou-lhe marcar já uma consulta para o director clinico.
- Para quê? Nem o conheço…desiste assim?
- Não! Precisamente por isso.
- Já reflectiu sobre democracia e totalitarismo?
- Já e também já fiz importantes reflexões éticas.

Nota com propósito a propósito disto: Enquanto Friedman, colocava a liberdade económica à frente da liberdade política, a sôtora, coloca os meus dentinhos à frente da minha liberdade de decisão. Mas é para bom fim.

Directo para a farmácia: Outra miúda como a primeira que, no fim de aviar o receituário sem que eu proferisse palavra, excepto o boa tarde inicial, diz:

- Estão aqui dois medicamentos comparticipados e dois que o não são, tirei fotocopia da receita que vai junta com a factura para dedução nos impostos e os medicamentos vão com esta etiqueta com a prescrição que a doutora colocou na receita. Mais alguma coisa Sr Pires?

Nota tipo rodapé: Ainda ontem li numa revista, um professor de Harvard que garantia, estar a despontar uma nova geração de gajas cheias de estaleca a que ele chama de geração Alfa; bonitas e com uma data de neurónios que vão pôr, nós os gajos, às aranhas.

Mas claro, isso é lá pelos EU. Em Portugal, já andem aí.

Mário Cesariny morreu

Alegre triste meigo feroz bêbedo
lúcido
no meio do mar

Claro obscuro novo velhíssimo obsceno
puro
no meio do mar

Nado-morto às quatro morto a nada às cinco
encontrado perdido
no meio do mar
no meio do mar

Radiograma, Mário Cesariny

Nota: Via Arrastão com o meu aplauso pela escolha.

Interrupção voluntária da gravidez.

A pergunta é esta:

Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

E a minha resposta é obviamente Sim!

O debate faz-se já há algum tempo na blogosfera, assim como, nos meios de comunicação tradicionais. Uns são pelo Não e outros são pelo Sim e, até aqui, tudo bem, a argumentação dialéctica com conteúdo de opinião sendo a favor ou discordante sempre foi por mim dignificada. O mesmo já não acontece quando, intencionalmente, se deturpam factos científicos com intenção de esgrimir, com base da manipulação linguística, argumentos panfletários.

Assim, não tendo eu qualquer resíduo de dúvida, em escolher entre um embrião de 10 semanas e a hipótese real da vida de um ser humano de pleno direito, afirmo, que a actividade cerebral só se manifesta a partir dos 120 dias, aquilo que o córtex emite às 10 semanas é a actividade eléctrica que qualquer planta emite e nunca ondas cerebrais que representem de alguma forma consciência.

Esta afirmação, é alicerçada nos livros de referência da especialidade como o “Electroencephalography: Basic Principles, Clinical Applications, and Related Fields”, segundo o qual, também, e passo a citar:

«An EEG involves measuring varying electrical potential across a dipole, or separated charges. To get scalp or surface potentials from the cortex requires three things: neurons, dendrites, and axons, with synapses between them. Since these requirements are not present in the human cortex before 19-24 weeks of gestation, it is not possible to record "brain waves" prior to 19-24 weeks.»

Posto isto meramente a título de esclarecimento e, já tendo este país, novelas, concursos e palhaçadas a mais, eu que sou católico, ainda espero a entrada da igreja nesta contenda, sabendo com os exemplos do passado recente, ir esta servir-se da falta de domínio da narrativa filosófica ou teológica que a maioria tem, para nos colocar em contradição e, por isso, o mínimo que se pede, é que refinem a discussão no campo da competência e do conhecimento.

Nestes tempos moralmente dissolutos, em que todos os meios são lícitos para atingir um fim passando mesmo pelos grandes exercícios de virtude, era bom que imperasse a sensatez. A vitória do Não, não acabará com o aborto, porque estes continuarão a ser feitos independentemente de qualquer lei, mas contribuirá decisiva e dramaticamente para esterilizar e matar muitas mulheres.

Os melhores dos melhores



Alguns amigos, aliás, grandessíssimos amigos, tiveram a feliz, indiscutível e meritória ideia (passo o brilhante por causa dos narcisos), de nomear entre outros, a minha Rua dos Contos para o melhor blog temático de 2006.

Essas nomeações, por mim apreciadas devidamente (vénia), decorrem no âmbito do concurso lançado pelo Geração-Rasca que termina a 7 de Dezembro. Ora, tendo já (que tenha dado conta), três nomeações (3) para melhor blog temático e uma (1) para melhor blogger (cof, cof, cof…) não podia deixar de os presentear com a minha cândida mas obviamente importante (desculpem a franqueza, mas a falsa modéstia é pecado) votação, já que, só a lembrança seria motivo bastante para o meu excelso agradecimento e consequente nomeação, porque, se isso não bastasse, sempre levariam a chancela por mérito próprio. Sendo assim, o, dois em um, justifica-se e impõe-se.

Mas não é só por isso que, podendo até ser confundido com um crente em contradição, me apresento a este concurso: Apresento-me, na tentativa de colocar um pauzinho na engrenagem. Acontece que, já estou farto de ver sempre as mesmas hortas arvorarem os seus prémios e é aqui que reside o fulcro da questão; como se isto da bloga fosse uma questão de famílias dominantes, que evidenciam os mesmos defeitos, incluindo alguns, onde a prática do pedantismo e do onanismo intelectual, não permite a fecundação. (leia-se, refinamento técnico do contraditório no domínio da polémica, onde, os argumentos cobrem todas as possibilidades.)

Ó pá, caraças… fui desafiado.

Por culpa do Outsider e da Kaotica, apanhei com uma correnteza que anda para aí. Se não fossem amigos especiais e merecedores de toda a atenção, lhes diria que sim mas que também, assim, lá vou ter de nomear, com esforço diga-se de passagem, alguns comportamentos que a muito custo fui desenterrar e que, para alguns, mal intencionados sem dúvida, podem até ser considerados como obsessivos.

Como o convite foi duplo, ficam cinco das minhas manias para cada um. Aqui vai:

1 – Tem dias, felizmente poucos digo eu, que sou um bocado parvo e outros que sou só um bocadinho.

2 – Quando os gémeos se apresentam como falsos, tento sempre descortinar se será só um ou se serão os dois.

3 – Estou convicto que todas as esquinas dos meus móveis, são inimigas dos dedos mindinhos dos meus pés.

4 – Nunca comprarei papel higiénico reciclado. (não acho a coisa lá muito segura).

5 – Quando num restaurante me dizem que já não há o vinho que quero, mas que há um outro tal e tal praticamente igual, nunca aceito. (não vou dar uma de frouxo com aquele gajo que não conheço de lado nenhum).

6 – Acho que os adolescentes que fazem as parvoíces que eu fazia na idade deles, são todos uma cambada de estúpidos.

7 – Invariavelmente apetece-me dar cabo dos calcanhares, daquela gente que guarda o lugar na fila da caixa do supermercado, enquanto, outra gente, anda a fazer o resto das compras.

8 – Quando aparece a mensagem, dirija-se ao multibanco mais próximo, nunca vou. (é um processo de desobediência às novas tecnologias, em que gosto de pensar que sou pioneiro).

9 – Quando alguém pede um café em chávena escaldada, fico expectante à espera de o ver queimar-se. (esse momento ainda não surgiu, mas eu não sou de desistir das coisas).

10 – Posso dividir o resto, mas não abro mão do meio da torrada.

11 – Esta é à borla. Tenho a mania de não passar estas correntes adiante. Gosto de pensar que a minha importância é tal, que a coisa morre aqui e, por isso, compenso-os com este recente e belo pôr de sol.


Divulgação.

Amanhã, Sábado dia 18, no âmbito do Fórum Fantástico 2006, decorre no Auditório IPJ do Parque das Nações e pelas 14:00hs. a apresentação do livro do Pedro Ventura “Goor – A Crónica de Feaglar” de que, já fizemos aqui referência.

Este livro, que corporiza a forma literária do romance, com processos narratológicos bem medidos, boa planificação da caracterização das personagens e também na elaboração de diálogos, abre-nos os sentidos no lúdico caminho da conceptualização da escrita fantástica, onde, a acção, acaba por estar sempre presente; num país, numa sociedade fantástica e num mundo em mudança. Mas não se trata só disso; o Pedro Ventura não foge da sua concepção moral e filosófica, embora não pretenda fazer declarações morais, pregar filosofias ou proferir juízos de valor, mas simplesmente contar uma bem engendrada história.

Este é um livro, que não sendo um dos enredos de Hamlet ou uma metamorfose Kafkiana, é extremamente colorido, inventivo e cheio de belas imagens, e, sendo o primeiro livro do autor, que se revela já como um exímio contador de histórias, deixou-me deveras surpreendido e expectante sobre o segundo que, espero desde já.

Eu não falto, não falte também o leitor deste blog.

Uma breve explicação.

O autor deste blog, adoptou como diria o Eça: “Uma lentidão de frade que se regala”.

É verdade, este blog deixou de ser repentista e reactivo em excesso, embora, as questões reactivas sejam de difícil resolução porque, entroncam na reflexão e na lógica interna do autor que sou eu, e, assim, se cria campo para a dúvida legítima e também do fundamento em exercê-la.

O problema é de fartura: fartura de fait divers, fartura de soft-core, fartura de parte da civilização em que vivo, fartura da vulgaridade e fartura de coisíssima nenhuma que, dá cabo da sanidade que ainda resta – ou se pensa que resta –. Embora a sabedoria dos anos explique tais coisas, tenho dificuldade de convivência com a dualidade permanente da dialéctica dos fainantes que, ao contrário do fluxo e refluxo que lhe dava uma natural grandeza, passou a ser o sustento de alguns ilustres de pouca confiança, que nos enganam e convencem, por nos deixarmos levar pelo fedor das fezes do refinamento técnico e palavroso, de uma ralé que vive na gandaia politica.

Mas tudo isto que para alguns não passará de uma frugal escaramuça de variante diletante, está preso por um fio de nylon invisível que une o efeito à causa e que, estando na origem, não permite refazer a trama que se exige e almeja. Os factos e pormenores desta excessiva saturação, necessitam de uma nova sementeira de ideias de forma a combater esta má safra, em que, campeiam os pimpões e mentirosos funcionais peritos em adjutórios manhosos, que, a toda a hora, produzem inanidades e as saboreiam sem pensar.

Que me desculpem os amigos, mas, por enquanto, só tenho disposição para a bisca lambida.

A performance do nevoeiro.

Navegando à bolina pelos jornais da nossa televisão, deparo na insistência com que noticiam, casos de hospitais, escolas e demais repartições públicas em que, este segundo dia de greve teve adesões a rondar os oitenta, noventa e até, vejam lá, uns retumbantes cem porcento.

Os sindicatos reclamam uma adesão relevante e não abrem mão de uns oitenta por cento – mais coisa menos coisa – e, no polo oposto, o governo sintomático e miserabilista, não vai além dos doze - ou será catorze? -, bem, já me confundi, mas é escolher um número ao acaso que também não é importante, se tivermos em consideração que as greves que contam são as expontâneas e não as organizadas pelos sindicatos, como dizia no dia anterior, na sua já costumeira e megalómana arte dialéctica o Sr. Primeiro Ministro, embora, não tenha percebido se estava a referir-se às de combustão e a lançar-nos algum desafio.

Enfim… continuando, vamos lá para bingo.

Os funcionários públicos em particular e o restante espectro eleitoral em geral - excepto os que leram Freud -, ouvem, e para além de se interrogarem sobre o grau de escolaridade dos que escrevem as noticias em rodapé, acreditam que foi desta que criaram as paraolimpíadas da matemática.

Depois disto, entre a cirrose e o álcool, escolho o que me dá prazer.

A Lenda de São Martinho.


Reza a lenda que no século IV às portas de Amiens, num dia de Outono tempestuoso, um soldado romano de nome Martinho, deparou no seu caminho com um mendigo seminu e cheio de frio. Martinho, conhecido pela sua generosidade, sofreou o seu cavalo e tirando a capa vermelha que o protegia, com a espada cortou-a ao meio, estendendo-lhe uma das partes.

Sacudindo rédeas prosseguiu o seu caminho quando outro pobre encontrou, ao qual estendeu a parte restante ficando ele exposto à tormenta. Quando, de repente, como por milagre, a tempestade se desfez e o Sol brilhou resplandecente.

Desde então, todo o ano por volta do 11 de Novembro, interrompesse o frio e surgem dias de calor. É o “Verão de S. Martinho” de dias amenos, numa altura de chuva e frio.

Falta-me a vontade de ter vontade.

Existem na nossa vida, factos, acontecimentos, circunstâncias, enfim, várias coisas - digamos assim -, umas relevantes outras nem por isso, mas que nos marcam e, sinceramente, não me recordo mesmo fazendo um esforço no sentido de factorizar qualquer agente empírico ou experimental, que tenha contribuído para esta condição que, resulta na falta de pachorra para os livros do António Lobo Antunes.

E logo o António Lobo Antunes (!?), que deu ao mundo em geral e em particular aos portugueses, obras como “Os Cus de Judas” ou o seu mais recente “Ontem não te vi em Babilónia”. Um escritor agraciado com quatro prémios literários e, de quem, tantos gostam e elogiam a começar por ele que se compara a Faulkner e a Scott Fitzgerald, que analisa a sua prosa com pérolas como: “É óbvio que estou a escrever cada vez melhor” e a quem, a desatenta academia de Estocolmo não presta o respeito e a outorga devida, o que, o leva a partilhar com o mundo em geral e em particular com os portugueses, este profundo sentimento: "Honestamente, se tivesse de escolher um escritor escolhia-me a mim". Ora, se este honesto sentimento/desabafo não fosse suficiente, bastaria esta sua consideração: “Eu gosto desta terra. Nós somos feios, pequenos, estúpidos, mas eu gosto disto”, que só por si, é merecedora de profunda reflexão e reconsideração da teimosia que mantenho.

Mas vejamos: Não se trata de falta de respeito por quem escreve e, muito menos, de alguma tentativa de abate de tão erudito autor, porque, não faço parte de nenhuma das matilhas uivantes que só escrevem por estarem mal com a vida e, assim, recentram o equilíbrio do seu alter-ego, não! Eu sei que a escrita pode ser um exercício catártico, no sentido emocional de traumatismos recalcados e exteriorização de sintomas que a psicanálise explica e, também, que muitas vezes, muitos autores, se estão nas tintas para a criação de cumplicidades com os leitores, já que, o objectivo da escrita, se encontra no âmbito da purgação de paixões por meio da arte que lhes permite expandirem-se ficticiamente, o que, torna dolorosa, tediante e enfadonha a sua leitura, por vezes, insuportável até.

Finalmente e para terminar, fica uma das suas geniais frases, que é um exemplo do porquê de não o conseguir ler: “É mais sensual uma mulher vestida do que uma mulher despida. A sensualidade é o intervalo entre a luva e o começo da manga”.

Juro que tentei, aliás, tentei uma, duas, três vezes e, conclui, que me falta a vontade de ter vontade de ler um livro deste grande escritor português.

Cenas bué-da-más.

Andava a anhar há bué da time, estava passadunte e não queria desatinar, foi então, que tive a alta fézada duma cena baita bacana.
Meti os calcantes e fui por aí ver as cenas que os cromos do antidesmancho andavam a dizer na bloga e, dei logo de olhos numa cena bué-da-má, mas não bufo a tasca porque não merecem publicidade, por isso, fica aqui, só um coche do que se passou:

Duas damas, armadas em dótoras que até parecia que usavam aquela baita bacana de farda branca, diziam algumas cenas desatinadas, como; os dentes de leite se começarem a formar na 7ª semana e na 10ª os dentes definitivos e por este andar táva a ver que na 15ª vinham os molares e quando o puto nascesse já vinha com a cena dos sisos, e pensei logo que távamos a caminho duma ganda party.
Deixei um recado para as damas fazerem uso da testa em vez da medula, debitando algumas coisas que o people sabe, como as baitas viagens das garinas com cheta às espanhas, os vãos de escada com muita aguinha quente p’ras sem cheta, etc, que eu queria era que pusessem na testa que a cena era de saúde pública e esperar para ver.

Como os comment ficavam na prisa de quarentena, fiquei um coche a ver se a cena dava à luz, enquanto isso, não parava de pensar que ia ser uma ól naite long, assim uma cena de curte tótil sempre a bombar que até me deu p’ra cantar aquela cena do “Gado caprino... tá-se bem! Gado bovino... pode ser!”

Como a cena táva demorada, dei de frosques e passei por lá um coche depois, mas já sem a mesma pica, e, fico bué-da-lixado porque, em vez das chavalas me responderem era um cromo bué da convencido que vinha debitar cenas e me insultava. Mas tá-se bem, o cromo queria defender as damas e não me deixava curtir, não tinha sido ele que tinha debitado aquelas cenas chungas e eu não queria desatinar com ele porque, mén que é mén defende sempre a sua dama, mesmo que a cena seja bué-da-fatela e, por isso, só meti pontos nos is da conversa do cota, acho que era, porque me chamou V. Exa. e a partir daí desbundei com o Exa. p’ra todo o lado, mas o mitra começou a armar-se em melga e a tirar da púcara cenas que eu não debitei, que até parecia um bófia a afiambrar e então tive de agarrar no chanato e cortar-lhe as bases, dizendo-lhe p’ra não abusar da interpretação e dizer cenas que o je não disse e, só aí, é que ele axandrou e mordeu o esquema.

Ainda lá voltei no outro dia, mas já táva uma baita desbunda. Havia um mano que sabia das coisas e começou a afiambrar nas chavalas ponto por ponto, até dizia, que se lhe mostrassem onde viram certas cenas, que ia para a praça do comércio engolir dúzias de chapéus, e, o bué da cena que deixa um gajo a anhar, é que o mano era do lado deles. Foi aqui que comecei a abardinar e decidi bazar.
Acho que não ponho lá mais os chispes.

“Pão por Deus“ ou “Trick or Treat”?

Nem sou nada destas tretas dos Halloween de enraizamento duvidoso, que equivale a dizer com o hábito de pensamento razoável que me caracteriza (cof, cof), tradição por tradição, mesmo que pagã, prefiro a nacionalmente genuína, onde, ainda se pede o pão, embora, por Deus, que os tempos e a religião trataram de lhe juntar.
Causam-me no entanto estranheza, estas reviengas importadas com o mesmo sentido e idêntico objectivo.

Mas enfim… já que a prática se generaliza em largas franjas da sociedade, onde, do velho ao catraio todos dançam a mesma música, já agora, e sem pretender ser sociologicamente coerente, sigo para a pista correndo o risco de parecer manipulável e indo às origens da tradição que, segundo consta, é geneticamente Céltica.

E assim, no entendimento desta coisada toda, que venha então o espirito de Samhaim para a grande festa dos demónios e dos espíritos dos mortos, ainda que, por ser mais adequado, lhe chame Dia de Todos os Santos e condescenda no folclore da abóbora anglo-saxónica chispando fogo à porta de casa, no arguto intuito, de trocar as voltas aos espíritos vagueantes da noite sem luz, conseguindo com esta colorida artimanha, que eles saiam do círculo.


Nota: No meio do nevoeiro está a resposta e se este post lhe trouxe indecisões ou hesitações filosóficas, a culpa não é minha, aliás, a única culpa que me pode ser imputada e que é pública, é a do aumento da electricidade.