Dias atrás, fiz aqui, mais uma incursão reflectiva sobre arte. Isto é, embora eu não seja um especialista em nada, paradoxalmente e com esforço até à hérnia, tento ser ecléctico e meto-me em tudo (bem… quase tudo). Faço-o com uma caixa de comentários aberta, onde qualquer um pode usar de um “pcht cala-te!” e sem pretender raciocinar ou fazer pensamento discursivo sobre o que é estético, mas sim, porque tenho vivências que a meu modo e como conclusão, gosto de partilhar (Depois disto, a coisa deve soar menos grave. Certamente, menos dramática).
Assim, e sobre a poesia, constato que hoje por ditadura do mercado, esta é relegada para a quase clandestinidade onde abundam o falso e o supérfluo, mas a poesia é útil e vale a pena ter consciência disso. Eu sei.
Não vou pretender definir a poesia, seria inviabilizá-la, porque sendo uma das artes tradicionais através da qual a linguagem humana é sempre utilizada com fins estéticos, tem a função de exprimir sucintamente e entre linhas o pensamento do eu-lírico, talvez por isso, sendo a poesia arte e estética na sua essência, os poetas não são para entender mas para fruir, e há, como eu, quem os frua, sendo sempre uma aventura neste país de poetas e trovadores e outros prosaicos pensadores, encontrar na net, apesar do abundante lixo, a divulgação essencial que, de outro modo, não estaria acessível a pessoas fora do circulo de amizades do poeta. Talvez por isso, há hoje poetas, que têem as suas searas de afectos nesta realidade virtual.
Porque ler e dar a ler, têm aqui lugar, ofereço-vos o link do sitio da poetiza Isabel Mendes Ferreira, e destaco este belo poema do Portugal finissecular, de sua autoria.
Assim, e sobre a poesia, constato que hoje por ditadura do mercado, esta é relegada para a quase clandestinidade onde abundam o falso e o supérfluo, mas a poesia é útil e vale a pena ter consciência disso. Eu sei.
Não vou pretender definir a poesia, seria inviabilizá-la, porque sendo uma das artes tradicionais através da qual a linguagem humana é sempre utilizada com fins estéticos, tem a função de exprimir sucintamente e entre linhas o pensamento do eu-lírico, talvez por isso, sendo a poesia arte e estética na sua essência, os poetas não são para entender mas para fruir, e há, como eu, quem os frua, sendo sempre uma aventura neste país de poetas e trovadores e outros prosaicos pensadores, encontrar na net, apesar do abundante lixo, a divulgação essencial que, de outro modo, não estaria acessível a pessoas fora do circulo de amizades do poeta. Talvez por isso, há hoje poetas, que têem as suas searas de afectos nesta realidade virtual.
Porque ler e dar a ler, têm aqui lugar, ofereço-vos o link do sitio da poetiza Isabel Mendes Ferreira, e destaco este belo poema do Portugal finissecular, de sua autoria.
a minha pátria é de chão de Pascoaes. árvore de Camões. e
lírica de Camilo. sofrida como uma maçã de Cesário.
um rasgo de Al berto e a mão de Pessoa.
o olho.tigre de Agostinho e o silêncio de Agustina.
Ondina nos pulsos e um pouco imenso de todo o Virgílio.
______________a minha pátria é tão antiga
que de sépia a rubro demora o tempo de reabrir as Farpas.
21 comentários:
Pires, grata pela visita.
Sou passageira frequente deste blog
iv*
É fabuloso este poema da IMF.
Fabuloso. Épico. Comovente
Exalta-nos a ser ! Seres plenos
Não conhecia ...
Grata
iv*
...pois é...:) "bem malandro".
olha, "roubo-o" para o livro invisível...que mt provavelmente será sempre isso mesmo: dotado à invisibilidade.
Beijos. gratos....com um sorriso!
Bom qualquer coisa que eu vá dizer aqui, sei que vão dizer que sou suspeito, tanto ao concordar plenamente contigo meu amigo, sobre a poesia, (que infelizmente nesse lado do mar sofre demais em armários empoeirados em cantos de livrarias), quanto a magia dessa moça poeta.
"______________a minha pátria é tão antiga
que de sépia a rubro demora o tempo de reabrir as Farpas."
O que dizer, senão, que maravilha.
(=
[s]s
Costumo dizer que não gosto de poesia. Digo sempre que prefiro a prosa, que sinto melhor o ritmo das palavras, porque a escrita tem muito de musical.
Não é bem verdade. Gosto de poesia mas apenas daquela que faz parar o mundo porque co meia dúzia de versos nos espanta.
Pior do que uma má prosa é uma poesia de rima fácil, povoada de imagens recorrentes e lugares comuns.
E nada disto tem a ver com erudição ou educação superior. Tem a ver com uso que se faz da língua e da metáfora, com um material acessível a todos. Se há quem pinte quadros, poucos são os pintam obras-primas. Com as palavras é exactamente a mesma coisa.
Mas são de louvar as iniciativas que estimulam a arte e a cultura. "Palavreando" é uma delas.
Deixo um link para abrir o apetite - http://www.novaodivelas.pt/sitemega/view.asp?itemid=546
Bjs
Isabel Victor!
Enorme é a minha satisfação em sabê-lo, porque hoje, logo cedo (e eu não ando por aqui de manhã), me vieste ao pensamento lembrando-me que há muito estava em falta contigo. De tal forma foi, que a excepção se impôs e lá fui em visita matinal.
Sei que a IMF é uma amiga comum e que também partilhas desta admiração, mas não supus desconheceres este poema que, embora só tenha sido publicado no Nova Águia, por isso mesmo pensei conheceres.
Sendo assim, dou-te uma novidade: este poema, foi de imediato seleccionado pela direcção da revista, para ser publicado no primeiro número que sairá lá para Junho.
Abraço.
IMF!
Querida Isabel, “bem malandro” fui, e bem o percebeste.
Sabes… era para te pedir autorização, mas às três da manhã não me irias responder e depois o poema já era público. Pensei por isso, que serias benevolente com este teu devoto leitor e me desculparias a ousadia com a generosidade habitual.
Abraço.
Bill
Pois é… a haver “suspeitos”, estes têem os nomes que aqui se encontram em admiração desta nossa poetiza.
Infelizmente, como digo, a ditadura do mercado relega para a clandestinidade tão belos momentos, e é uma sorte para alguns de nós, podermos fruir desta convivência generosa porque, a poesia é uma arma carregada de futuro e a história já o provou bastas vezes…e os homens, que também sabem ser bestas, já o provaram muitas vezes! Quase tantas, quantas as que pegaram em armas para matar alguém...
Eva Shanti!
Em primeiro lugar os meus agradecimentos pelo link. E eu aqui tão perto, não conhecia. De facto, abriu-me o apetite, e depois duma primeira incursão, já feita, vou acompanhar com atenção redobrada.
Mas sobre a questão:
A grande questão hoje, é o preconceito que encaixa a poesia no mundo dos sonhos delicodoces e a ideia banalizada de que não interessa para nada. Aquela ideia de “põe os pés no chão, pá!”, quando, a poesia enquanto expressão artística, nos alarga o quotidiano.
Cito de memória um pequeno poema de Novalis:
“A Poesia é o autêntico real absoluto.
Isto é o cerne da minha filosofia
quanto mais poético, mais verdadeiro”
Ora, Novalis, e perdoa a ousadia, procura dizer que há coisas indizíveis fora da poesia, e só com esta podem ser identificadas, porque a poesia é mais do que forma, seja verso ou prosa poética, poesia é o que tocar o essencial e como disse Almada Negreiros, um “acto vitalício”.
Abraço.
vim "espreitar". em boa hora!
deparei como uma excelente reflexão sobre poesia. e um belíssimo poema. que mais esperar da net?
aceita um abraço
Herético!
Ora, não podia estar mais de acordo, e dizer coisa tão acertada merece certamente um prémio. Por isso, dou-to aqui, com uma pitada de Lorca que certamente irás gostar porque a poesia é apenas uma outra forma, não científica, de pressentir que a realidade é muito mais desconhecida e inefável, do que o senso comum e o quotidiano fazem supor.
Do, Cidade Sem Sono
…
Um dia
Os cavalos viverão nas tabernas
E as formigas furiosas
Atacarão os céus amarelos que se refugiam nos olhos das vacas.
Outro dia
Veremos a ressurreição das mariposas dissecadas
E ainda, ao andar por uma paisagem de esponjas pardas e barcos mudos,
Veremos brilhar nosso anel e manar rosas de nossa língua.
…
Quanto ao abraço, aceito e retribuo.
Leio alguns de seus comentários - muitos deles, verdadeiros mini-posts, em alguns sites de amigos comuns, do Herético, da Isabel Mendes, da Isabel Victor, e do famigerado Klatuu, dentre outros. Assim, resolvi conhecer o seu blog.
Este poema da Isabel Mendes que muito merecidamente adicionou à esta postagem, é fantástico, fiz até um comentário a respeito no blog da Isabel Victor, outra visionária das artes.
Bem, já que me apresentei, vou continuar lendo outras postagens.
Abraços!
Caro Oliver,
É gente de quem gosto e por onde o tenho lido também, para além de seguir o seu blog embora só como leitor.
Fica o agradecimento pela visita que retribui e, principalmente, pelas simpáticas palavras que deixou.
Sei que também é um apreciador da poesia da Isabel, um “suspeito”, assim nos considera, pensando que por amizade dizemos bem do que escreve. O que não deixaria de ser verdade não fosse o facto de gostarmos de poesia.
Um abraço.
:)))))))))))cheguei. agorinha mesmo.
e claro para "concordar" com a lista de "suspeitos"...que aumenta...
.
e saio....
a voar.
ah e viva o SPORTING....vai indo entre o mal e menos bom ...:)
mas indo...
sportinguista sofre...:((((.
beijos.
ah...e obrigada aos suspeitos!!!!
pim!
A poesia é sempre a forma mais elevada do pensamento, do amor, da paixão, da razão e do momento.
Adoro bons poetas.
Gostei do link.
Um abraço
IMF!
Pois é… esta época o nosso Sporting só nos faz sofrer, embora já devêssemos estar habituados. Mas são assim as grandes paixões, que fazer…
E temos agora um Sporting vs. Benfica que vou ver na companhia de vários benfiquistas e sportinguistas. Veremos se o coração aguenta.
Abraço.
Silêncio Culpado!
Obrigada pela visita. E com um abraço, um poema do Herberto Helder
Sobre um Poema
"Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
-a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo no seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
-Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
-E o poema faz-se contra o tempo e a carne."
faz-me mesmo. contra o tempo e a carne. do dito. O tempo. osso indestrutível da memória.
Enorme e discretíssimo H. H. que não "vai" em tertúlias moles nem alinha pelo comum.
Grande o Poeta.
beijo.
(olhe morro de inveja...da ida ao jogo..) :)))).
mas claro que vou ver...via TV.
depois falamos...
mas como o Benfica também anda uma míséria...:) pode ser que ganhemos...
(ai se a Cristina me ouve...)...
beijo.
vou cuidar da cara de lua....:)
y.
(raios) : errata:
"FAZ-se" e não "faz-me".
desculpas.
y.
Ai!!!!
Lenta a instalação e a chegada obrigatória aqui...mas sei que me perdoarás a demora :) Viciada sou.
Nela e nas suas palavras :)
Coração com vicio de afectos.
Alma com sede de asas.
Que fazer? :)
Obrigada por nos dares a conhecer mais um pouco da seara da Isabel:)
Beijo, bom sabado, bom Março:)
Cheguei aqui ao som de um Piano
E nesta seara virtual está Ysabel que aqui generosamente oferece.
Obrigada
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