A caminhada de Hugo Chávez, sem meias medidas ou meias palavras

Com protestos de rua em ebulição, a Venezuela prepara-se para no próximo domingo referendar as reformas constitucionais de Chávez e, como as sondagens apontavam a derrota de Chavéz, foram proibidas. Até lá, só se divulga a excelsa opinião do presidente que diz estar convencido de uma vitória por 10 pontos percentuais mínimos, enquanto o movimento estudantil, prepara para hoje dia 29, um mega-protesto na avenida Bolívar, em Caracas, contra a alteração constitucional que prevê a reeleição por tempo indefinido do presidente e aumento dos poderes nos casos de excepção, ou seja e sem espinhas: perpetuação do coronel Chávez na presidência e personalização do poder à boa moda do egípcio Hosni Mubarak, retirando assim, do caldo que alimenta as democracias modernas uma importante característica, que é a alternância regulada pela limitação de mandatos.

A Venezuela é hoje o centro da preocupação da América Latina e devia ser a maior preocupação do Brasil, porque Chávez se arma(*), porque anuncia a intenção de desenvolver um programa nuclear com o apoio técnico do Irão, e porque a sua beligerância verbal é acompanhada de financiamento aos grupos radicais nos países vizinhos, onde já se intrometeu nas eleições internas do Equador, Bolívia e Nicarágua, e, sem sucesso, no Peru e México. Agora tenta a Colômbia na sua caminhada para dominar a América Central.

Os sinais e tiques ditatoriais de Chávez, começaram a ser evidentes quando em 2004 alterou de 20 para 32 os juizes da Corte e nomeou os novos juizes, montando assim uma Corte onde, com a maioria, submete o poder judiciário ao poder executivo, fragilizando a certeza e segurança do sistema e libertando-se do domínio da lei, depois, e já este ano, conseguiu que o Congresso lhe concedesse poderes para governar por decreto e pelo prazo de 18 meses prorrogáveis, a seguir, fechando o cerco, virá o ataque à liberdade de expressão em todo o seu esplendor, começando pela censura à imprensa onde já avança sinais como a ameaça de suspensão de concessões de TV aos canais que lhe desagradem. Prova disso, esta sua afirmação, que põe uma pedra sobre reflexões éticas, morais e políticas na sua relação com a democracia: “Não podemos continuar a permitir que um pequeno grupo de pessoas use um espaço de transmissão que é do Estado”.

Quero só deixar explicito para quem quiser e com o necessário respeito, porque os que não acreditam em nada dificilmente morrerão na dúvida, que os sinais estão todos aí e só não vê quem não quer ver, mas infelizmente alguma esquerda, felizmente só alguma, não quer ver e defendem Chávez com argumentos próprios dos indígenas da luisiânia, que derrubavam as árvores para colher os frutos (isto, que até pode parecer uma ironia, não é).

(*)
Construção de uma fábrica de Fuzis.
compra de 24 caças russos Sukhoi 30, com capacidade de atacar todos os países vizinhos. Podem voar a 2.500 km hora, com capacidade até 3.000 km sem reabastecimento e carregam 8 toneladas de mísseis e bombas inteligentes.
36 blindados brasileiros, com canhões de 1.000 tiros por minuto.

4 comentários:

hora tardia disse...

:(((((((((((.






e mais não digo!


bjj.

Anónimo disse...

Algumas vezes acho que tudo é um circo, porque não é possivel tanta coisa ridicula assim.
Aram Aharonian, diretor da Telesur, TV multiestatal latina fundada na Venezuela disse:

"Estão loucos todos os que dizem que a Venezuela está se tornando uma ditadura. Não há nenhum tipo de censura, muito pelo contrário. Aqui, qualquer pessoa de qualquer veículo pode falar o que quiser sobre o que quiser, sem nem mesmo um compromisso ético que o responsabilize."

E logo em seguida lemos:

"Chávez chama religiosos da Venezuela de 'vagabundos' e ameaça prendê-los"

O Chavito, chamou de "vagabundos", "meliantes", "aduladores", "estúpidos" e "retardados mentais", entre outras coisas, a hierarquia da Igreja, que criticou em um documento público a proposta de mudança da Constituição, que será submetida a um referendo no dia 2 de dezembro.

Claro pelo que vejo, todos podem falar o que quiserem, contato que sofram com isso.

Quanto ao Brasil, me preocupo mesmo, ainda mais com o apoio do Lula a esse maluco, mas por fora o exercito brasileiro já se movimenta, depois da compra dos "Sukhoi" foi liberada uma verba (muito boa diga-se de passagem) para melhoria e ampliação das tropas, embora isso só me deixe mais preocupado.

E agora o Chavito está brigando com a Colômbia, fala demais e só se complica, com essa briga fica bem improvável a volta da Venezuela para o CAN (Comunidade Andina de Nações).

"socialismo bolivariano" é uma barco furado, que se zarpar, pode afundar muitos junto com ele, Chavito não gosta do imperialismos dos outros, mas está louco para montar seu império ...

:(

José Pires F. disse...

Pois é amigo Bill, acho bem que os militares brasileiros se preocupem, mas não fossem os EUA e Chávez tinha comprado os tucanos ao Brasil que, embora sejam aviões de treino, só não conseguiu porque estes têem tecnologia americana. Quando toca ao negócio, é ver quem mais ganha e tudo o resto é relativo.
Por aqui fala-se muito da legitimidade de Chávez porque foi eleito, mas não se fala do voto electrónico e do rumor que correu sobre a possibilidade de identificação do voto dos eleitores que pode estar na origem de só terem votado 1 em cada 4 dos Venezuelanos. Depois, e em vésperas de eleições, todos os partidos da oposição boicotaram o acto eleitoral como protesto à parcialidade da Justiça Eleitoral, o que foi um enorme erro tendo como resultado imediato a perda de todas as cadeiras da Assembleia Nacional onde a oposição ainda tinha alguma influência, entregando-as assim e de mão beijada ao Chávez, o que possibilitou a aprovação por unanimidade da governação por decreto.
As pessoas gostam de acreditar no salvador da pátria, no sujeito que vai limpar o sistema, mas nenhum sujeito que se anunciou salvador da pátria cumpriu com o que prometeu, nenhum.

Uma coisa é certa, Chávez soube aproveitar a fragilidade moral das instituições venezuelanas após o golpe, para torcer e moldar a democracia aos seus propósitos, porque, de facto, nem é a liberdade de expressão que define concretamente se um regime é democrático ou ditatorial e nem mesmo o voto configura a democracia. Verdadeiramente o que configura uma democracia é a independência dos poderes, e outra característica importante é a alternância, independentemente da vontade dos eleitores porque, com a máquina governamental nas mãos, qualquer poder, pode distribuir favores que lhe garantam apoio popular em tempo de eleições, corroendo legal e constitucionalmente a democracia. O assistencialismo e o proselitismo de bravata de Chávez são exemplos, aliás, o socialismo, requer medidas sobre os meios de produção, na sua melhoria e partilha, enquanto o socialismo de Chávez é um grande programa estatal, governando com demagogia e populismo, onde o petróleo lubrifica toda a engrenagem.

Como dizia um compatriota teu, Chávez pretende manter-se no poder, até morrer de morte morrida ou morte matada, e a esquerda acredita que quem tem rabo de gato, orelha de gato e pêlo de gato, não é gato.

Anónimo disse...

Pois é amigo, salvadores da pátria são os piores.

Concordo com cada palavra sua, infelizmente muitos preferem ver de outra forma, que até agora não consigo descobrir qual.

Se ele realmente conseguir aprovar a dita "reforma constituinte" será uma boba relógio pronta para explodir :(

Todos que não considerem os planos dele como sendo o melhor são chamados de "fascistas".
Vi hoje de manhã na TV um discurso dele, cheio de graça com aquela cara lavada, repetir e repetir a frase:

"um bando de fascistas não vai conseguir deter a marcha da História"

:(

Meu medo é de uma história com final nada feliz.

De tempos em tempos tem que aparecer um louco né... Só pode ser isso.


Abraço amigo
[s]s