A criança olhou na sua direcção e desviou desinteressada a atenção. Não tinha ainda estrutura para desenvolver o subjectivo do enigma que era um estranho aventurar-se a entrar no seu bairro. Tivesse, e depressa correria para casa.
Fernando viu-o e percebeu que o desinteresse resultava de ainda não ter adquirido o traço fino do aguilhão que vicia a memória, ganhá-lo-ia rapidamente, sabia-o bem, tão bem, como conhecia aquele bairro. A memória não actua separada, é alimentada por um campo que por sua vez alimenta a sua base de informação, e sabia que perderia também a noção de segurança; ganhando conhecimento sobre a precariedade da existência.