Nenhum problema tem solução. Nenhum de nós desata o nó górdio; todos nós ou desistimos ou o cortamos. Resolvemos bruscamente, com o sentimento, os problemas da inteligência, e fazemo-lo ou por cansaço de pensar, ou por timidez de tirar conclusões, ou pela necessidade absurda de encontrar um apoio, ou pelo impulso gregário de regressar aos outros e à vida.
Como nunca podemos conhecer todos os elementos de uma questão, nunca a podemos resolver.
Para atingir a verdade faltam-nos dados que bastem, e processos intelectuais que esgotem a interpretação desses dados.

Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego"

8 comentários:

Sofia disse...

É por essas e por outras que considero Fernando Pessoa um escritor "único" em sua sabedoria.
Abraços,

Anónimo disse...

Desculpa servir-me do teu blog, mas este e-mail que recebi, precisa ser divulgado.


As coisas vão-se esclarecendo:


1 - Uma linha de força é dizerem mal do Alkatiri. Mesmo entre os jornalistas com mais pruridos, fica bem dizer que no mínimo Alkatiri não teve jeito, não soube lidar com a situação e não tem apoio popular...

Pois bem, de uma forma directa: Alkatiri é culpado de ter negociado as questões do petróleo sem corrupção, sem tirar nenhum proveito pessoal, apenas a pensar no seu povo. É culpado de ter defendido o mar de Timor e o governo da Austrália não gostou. É culpado de ter feito um concurso público para a concessão das explorações petrolíferas (que foi elogiado pelo Banco Mundial... pasme-se!) mas esse concurso não atribuiu nenhuma concessão às companhias petrolíferas australianas e estas não gostaram...

Em 2005, durante semanas houve manifestações organizadas pelos católicos, com apoio do bispo de Díli, contra o Alkatiri, foram no máximo 5.000 pessoas. Nessa altura também se disse "Abaixo Alkatiri" e também se perguntou onde estava o apoio ao Governo e à Fretilin e ao Alkatiri. Quando acabaram essas manifestações realizou-se um comício da Fretilin (em 20 de Maio de 2005 - há fotos) de apoio ao Governo e a Alkatiri. QUANTOS ERAM? 40.000.
Porque não foi mais cedo? para evitar confrontos...

2 - a segunda questão é que a Austrália se assume como força ocupante!
Não é novo, já o fez no passado nas Ilhas Fidji e há bem pouco tempo nas Ilhas Salomão, mas está lá tão longe da Europa que nem reparamos e as notícias dão o que dão... por exemplo ainda alguém se lembra da intervenção americana em Granada e alguém ouviu falar em eleições depois disso?

A Austrália sempre apoiou a ocupação pela Indonésia e com a Indonésia discutia a partilha do petróleo até... que tudo mudou...
A Austrália quer decidir o futuro de Timor, substituir o Governo e o Parlamento, suspender parte da Constituição, liderar todas as forças militares dos diversos países que aí se encontram...

Já se sabe que as tropas Australianas protegem os chamados rebeldes...
Já se sabe que as tropas Australianas queriam pôr em respeitinho a GNR de Portugal...
Já se sabe que agora as tropas australianas invadiram uma casa onde estavam médicos... cubanos...
Já se sabe que querem um outro tipo de leis em Timor...

A Austrália, mais a Inglaterra e os Estados Unidos têm um tipo de justiça diferente do resto do mundo (os juristas que expliquem), não têm o direito romano... e Timor seguiu os critérios da justiça internacional, fez a sua constituição, está a fazer os seus códigos, civil, penal, etc...mas não é à moda da Austrália, também por isso (mas não só) o governo australiano quer "substituir o aparelho judicial em Timor", os tribunais em Timor e juristas (que por acaso até estão lá em missão da ONU e são portugueses e brasileiros...e etc.)...

O Tribunal de Recurso e os outros Tribunais de Timor foram destruídos e vandalizados, o que não foi furtado foi destruído! E por exemplo foram roubados os PROCESSOS DOS CRIMES DE 1999 que ocorreram após o referendo! e a tropa australiana deixou ocorrer esse saque e destruição... porquê? adivinhem!

Acho que a questão essencial que agora se decide é se as tropas internacionais vão ficar sob a direcção da ONU ou sob a direcção da tropa que já está no terreno, isto é Austrália - há uma grande diferença e uma profunda influência quanto ao futuro...

Antes de terminar quero ainda referir duas notas:

- O profundo apreço pelos portugueses que estão em Timor e que nenhum saiu voluntariamente! Mas queriam que saíssem, reparem que logo nos primeiros incidentes os Estados Unidos fizeram deslocar um avião para retirar os americanos e ofereceram lugares à embaixada portuguesa para saírem portugueses...depois eram as imagens dos australianos a sair... e os portugueses aguentaram bem. Parabéns para o pessoal que está por lá!

- Os jornalistas estão a baralhar muitas notícias, por exemplo dizia o Público que alguns rebeldes tinham ocupado a fazenda Algarve "de Mário Carrascalão", bem a fazenda é do João Carrascalão (a quem foi assassinado um filho em 1999 e está enterrado nessa herdade), o seu irmão Mário foi o último Governador pelos Indonésios, e os dois irmãos nem se falavam por esse motivo. Será por acaso essa confusão entre Mário e João? O João não é Fretilin mas tem cooperado com o Governo, por exemplo foi nomeado Presidente do Comité Olímpico de Timor...

O texto vai longo, acho que vale a pena continuar a esclarecer e a denunciar o que se passa em Timor, se acharem que o texto vale alguma coisa, divulguem por favor

um abraço

Vasco Paiva

Anónimo disse...

Já agora divulga também este artigo do Expresso Online.

Ministra de Estado e da Adminstração Pública de Timor-Leste
«CPLP tem de intervir»

A reunião ministerial extraordinária da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, no domingo passado, durou cinco horas e Ana Pessoa falou três. Aparentemente convenceu os presentes da necessidade de intervir. A missão da CPLP que irá a Díli de 3 a 6 de Julho será presidida pelo MNE de São Tomé e Príncipe e integrará representantes de todos os países membros. Portugal já enviou ajuda a título bilateral, o Brasil vai enviar uma missão a 28 de Junho e Moçambique também.

Segundo o ministro português, Diogo Freitas do Amaral, os oito membros da CPLP deverão agir de concerto na ONU para «afastar a ideia que se trata de um estado falhado, defender a necessidade de uma força militar e policial da ONU no pais e participar activamente nesta força».

Como dirigente de um jovem país, que resolveu fazer do português umas das suas línguas oficiais, Ana Pessoa atribui à CPLP uma importância bem maior que muitos portugueses para quem falar esta língua é um «direito adquirido no berço», sem luta e sem risco. Diz que «num país como o nosso, que está a criar o seu Estado, a consolidar-se como nação, a língua representa um factor identitário, estruturante, e as nossas opções tem sido muito criticadas por quem não vê com bons olhos a nossa soberania. É para reafirmar a comunidade e a nossa ligação com ela que é importante a presença da CPLP em Timor».

Uma presença que não deve ser simbólica ou para expressar uma mera solidariedade retórica, mas sim efectiva e activa, «para influir desde o início no desenho da futura missão da ONU, através do peso próprio de cada um dos membros e da sua rede de relações, o Brasil com o Mercosul, Portugal com a União Europeia, os PALOP na União Africana». De forma a que possa garantir que as decisões que serão tomadas pelo Conselho de Segurança da ONU para que esta missão da ONU sirvam «os interesses de Timor, da sua viabilidade e desenvolvimento e não os de uma potência ou outra». Por outras palavras, para evitar a reedição de alguns erros cometidos durante a transição para a independência e cujas «culpas» são agora atribuídas a ONU ou aos próprios dirigentes timorenses.


Nicole Guardiola


17:01 23 Junho 2006

Cristina disse...

ah, o meu guru..

beijinhos, bom fim de semana.

António Gomes disse...

A solução é o problema.

Anónimo disse...

Salve salve


Pessoa, fabuloso, este livro ta na minha lista de leituras ^^
Ferias chegando, vou ler e ler =]

O que não tem remedio... Remediado está ?

Bom fim de semana amigo, amanha estarei aqui torcendo e gritando por Portugal, que no fim do dia possamos tomar uma boa laranjada =]

[s]s

della-porther disse...

Gostei mutio do que li.
Parabéns

Anónimo disse...

Uma pessoa iluminada, este nosso Pessoa!
Abraço forte