Diário pragmático de uma história.



Os últimos dias do regime.

21 de Abril de 1974
Intensifica-se a preparação do golpe militar. O posto de comando do MFA instala-se no Quartel do Regimento de Engenharias nº1, na Pontinha.

22 de Abril de 1974
Escolhem-se as senhas da Revolução: E depois do Adeus (canção de Paulo de Carvalho, vencedora do Festival da Canção).
Grândola, Vila Morena, de José Afonso.

24 de Abril de 1974 – 22:55
O Rádio Clube Português passa E depois do Adeus.

25 de Abril de 1974
A Revolução que se esperava.

0:30 – A Rádio Renascença transmite a canção Grândola, Vila Morena de José Afonso.
É o sinal para o inicio da revolução.


0:30 – 3:00 – Grupos de militares ocupam o Aeroporto, Rádio Clube Português, Banco de Portugal, Emissora Nacional, Radiotelevisão Portuguesa e Rádio Marconi.
Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, Caçadores 5 e Cavalaria 7 concentram-se na Praça do Comércio.

4:20 – O Movimento das Forças Armadas emite o seu primeiro Comunicado através do Rádio Clube Português.

7:20 – As Forças Armadas instalam um posto de comando na RTP.

10:15 – Um avião com pára-quedistas sobrevoa o Terreiro do Paço.
As Ruas Augusta, da Prata e do Ouro são barricadas.



12:30 – Uma força blindada, sob o comando do capitão Salgueiro Maia, posta-se diante da porta do quartel da GNR no Carmo, onde se encontrava o presidente do Conselho e alguns membros do Governo.
Comandos da GNR tentam alcançar o Carmo.



15:00 – Salgueiro Maia apela à rendição do Carmo.
Aumenta a concentração de populares.



18:00 – O General Spínola chega ao Carmo e recebe a rendição do Prof. Marcello Caetano, que não desejava «deixar cair o poder na rua»

19:20 – O Prof. Marcello Caetano sai do quartel do Carmo, numa viatura blindada. É conduzido, com os ministros Dr. Moreira Baptista, Rui Patrício e Silva Pinto, para o quartel do Regimento de Engenharia nº1, na Pontinha.

26 de Abril de 1974
O dia seguinte.

01:30 – São apresentados ao País pela RTP, os membros da Junta de Salvação Nacional.

- General António de Spínola – (Presidente)
- Capitão-de-fragata António Alba Rosa Coutinho.
- Capitão-de-mar-e-guerra José Baptista Pinheiro de Azevedo
- General Francisco da Costa Gomes
- General Jaime Silvério Marques
- Coronel da Força Aérea Carlos Galvão de Melo
- General da Força Aérea Diogo Neto

A constituição da Junta é motivo de surpresa nos meios políticos.
Porque preside o general António de Spínola e não o general Costa Gomes, que era o chefe da organização militar de que Spínola foi apenas vice-chefe?
Como foi possível que o general Jaime Silvério Marques, cuja detenção militar tinha sido ordenada pelos chefes da revolução, passe da prisão para o Governo?
A presença de Galvão de Melo e do general Neto revela a preocupação de formar uma Junta sem sinal de esquerda ou de direita, critério fundamental de António de Spínola.

Mas é possível fazer revoluções sem norte político? É esta a pergunta que os observadores atentos fazem.



Fonte: Diário da História de Portugal.
Fotos: Jornal Diário

24 comentários:

RS disse...

Grande Pires!
Afinal lá está o cartaz do Sérgio Guimarães, a mais bela imagem de Abril de 74. O centro de estudos da Universidade de Coimbra tem uma grande colecção (o PCP idem, mas mais "orientados") - deixei o link na resposta ao comentário que deixou na "Promessa".
Desta noite e deste dia de há 32 anos, tenho bobines de fita magnética gravadas pelo meu pai da rádio e da TV, com tudo o que ia acontecendo. Talvez nas comemorações dos 35 anos já tenha tudo em digital - seria curioso recordar algumas passagens.

Um bom 25 de Abril.
RS

Anónimo disse...

Amigo Pires, adorei o post.
Sempre bom se ter mais informação, tenho que dizer que a 1º imagem é espetacular, fabulosa.

Otimo dia

[s]s

Nina disse...

Adorei o post, a história é realmente uma coisa fantástica, e é lindo se comemorar uma libertação...

Obrigada pelos elogios, fico contente de dar a oportunidade para que o trabalho maravilhoso das ONG's brasileiras seja conhecido por todo o canto!

Lindo dia pra ti amigo! =]

teresa.com disse...

com a minha falta de memória para factos e dados, será que posso imprimir isto para nunca mais me esquecer?!
muito obrigada, sr.professor :)

José Pires F. disse...

Alcoviteiro!

Um abraço para ti.
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Rui Semblano!

Já depois de ter postado e estando nesse lugar uma foto com cravos (por sinal, muito bonita) vi no seu blog o cartaz do Sérgio Guimarães (confesso, que desconhecia de quem era), mas não era o seu que queria, era mesmo este cartaz que conheço muito bem e não desisti de o encontrar.
Quanto ao material que o meu amigo tem, é um luxo. E se por cá andarmos nessa altura terei todo o gosto. Ontem a hora de dormir foi depois das quatro, pois a RTP decidiu e bem presentear-nos com algumas memórias, pena ter sido tão tarde.

Um abraço, um cravo e um excelente 25 de Abril.
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Bill.

É amigo, aquele cartaz é simplesmente fabuloso.
O que relato no post são dados históricos que podes usar com confiança.
Um grande abraço e hoje para ti, também um cravo, símbolo do movimento do 25 de Abril.
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Nina!

Mas há quem não comemore e cada vez são menos a comemorar, nuns casos, têem razões para não comemorar, mas noutras é uma questão de memória curta e noutras ainda, da ausência dela.

Gostei que tivesses entrado no desafio de divulgar ONG’s e espero que tenha o mesmo sucesso aí que está a ter por cá.

Um grande abraço.
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Boleia!

Claro amiga, isto é história, é de todos.
Só há pouco tempo descobri que usas como ícone o beijo de Klimt e já agora a titulo de informação e para quem não saiba, este quadro que fazia parte de uma colecção de dezasseis, foi apresentado pela primeira vez em 1908, numa sala independente da Kunstschau, Onde também expôs ao mesmo tempo a sua Dánae.

Um grande abraço e um bom feriado.

ana rita disse...

seremos, de longe, família?
(mais uma pires)

hoje sempre :)

Anónimo disse...

Um Abrao. Está um bom trabalho.

Eles querem mas nós não esquecemos!

:)

Anónimo disse...

Corrijo: ABRAÇO.

:)

isabel mendes ferreira disse...

sublime. O poema. o Poeta. a memória.

todo este post.


(sensibilizada....agradeço....com um sorriso de abril)

enorme abraço. sempre solidário.

José Pires F. disse...

Ana Rita!

Quem sabe… A minha família devido à necessidade de emigrar, espalhou-se pelos quatro cantos do mundo, com grande incidência na América, mas do Sul.
Um abraço.
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Pois Claro!

Sem dúvida. Um abraço.
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Isa!

Só história. Esta não apagam, está escrita.
Um abraço.

Caracolinha disse...

Amigo Pires, GRANDE post para um GRANDE dia ... pena tanta gente hoje ainda, distorcer os valores das portas que Abril abriu e não perceber que a combatividade de ideias também pode gerar empatia e não cisões ...

Viva a LIBERDADE de podermos ser quem somos, vivam todos aqueles que sofreram para que hoje possamos estar todos aqui a falar do que nos apetece !!!!

Fica uma beijoca encaracolada em forma de cravo vermelho !!!!

José Pires F. disse...

Caracolinha!

É como dizes amiga, e eu não tenho vergonha do 25 de Abril, antes pelo contrário.
Aceito sim, que nem tudo correu como seria desejável e necessário à salvaguarda do direito de muita gente, mas em todas as revoluções acontece o incontrolável e o imponderável.
Um grande abraço.

Luma Rosa disse...

São poucos os que têm apego aos fatos e raízes da História. Parabéns pela lembrança do fato!

hala_kazam disse...

muito bem...
é bom ler que ainda ha quem se preocupe com a nossa historia...

:)


*beijos*

Parrot disse...

Piresf,

Parabéns pelo teu post para este dia especial. De uma forma simples, deixaste-nos um post de história e com história.

Um grande abraço e viva a liberdade

BlueShell disse...

Um abraço apertado, camarada!
BShell

Klatuu o embuçado disse...

Em vez de cravos... o machado! Ou há sangue ou não há revolução.

Cristina disse...

beijinho, e Abril, sempre!

BlueShell disse...

Grata pela visita...e pelo elogio.

são poemas feitos da seiva das árvores com as quais cresci...e aprendi a mar tudo e todas as coisas! São palavras simples de uma mulher que teima em ser criança...nascida da terra, filha da Serra...do frio e das searas de trigo...
Mulher que sabe o que é o medo...o não poder gritar...poruqe aqui naSerra tudo podia faltar...excepto a opressão e o medo!

também te não conhecia...parti...e encontrei-te-. Foi bom conhecer-te!
BShell

José Pires F. disse...

Luma!

Porque as memórias se vão apagando…
Por isso é responsabilidade nossa, os que recordamos, tudo fazer para que os factos históricos importantes não se apaguem.
Um abraço.
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Hala Kazam!

É isso mesmo.
Um abraço.
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Parrot!

A história é simples, são factos, nada mais.
Um grande abraço, também para ti e… VIVA A LIBERDADE!
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Dakidali!

Ok, “Gostei” é um bom comentário.
Um abraço.
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Blueshell!

Obrigada. Fui visitar-te e tive uma agradável surpresa.
Um abraço.
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Klatuu o embuçado!

Também houve, pouco para o teu gosto é certo…
Um abraço.
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Cristina!

É sempre um enorme prazer ver-te por aqui.
Obrigada e um grande abraço.
E… Abril, sempre! Claro…

Anónimo disse...

Parabéns pelo post. Bem estruturado, sucinto q.b., a história da Revolução em poucas palavras e muito bem ilustrada.

José Pires F. disse...

Manuel Gomes!

É sempre gratificante ver reconhecido o nosso trabalho.
Obrigado por isso.
Um abraço.

LM disse...

Obrigada pelo descrição do dia 26.
Beijinho

Unknown disse...

Desculpa, eu conheço o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, é o máximo, encontras muita informação online http://www.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=HomePage. Eu trabalho lá, é sempre bom ver um post igual a este. Parabéns