Não, não vou falar do debate, se bem que o título o sugira.
Hoje, em conversa com um amigo falávamos exactamente da mediocridade destes debates, como poderíamos falar do nosso desalento por serem estes os contendores perfilados. Começámos a tergiversar sobre algumas das coisas que têem sido ditas e elegemos duas situações, que, pela sua qualidade caricata, mereceram atenção e até alguma reflexão.
A primeira foi em resposta à pergunta de um jornalista, que após o debate de Soares com Cavaco, queria saber a opinião de Alegre:
“Não sei, não posso comentar porque não vi tudo, deu-me o sono e fui dormir”.
Esta não resposta, respondida com esta agudeza, mereceu o nosso sorriso cúmplice como se de um knock-out ao primeiro assalto se tratasse, ganhou logo, o prémio do dizer sem dizer, quando muitos nem conseguem dizer, dizendo.
Seguiu-se uma outra, que a uma diatribe de Soares, Alegre, responde assim:
“Se lê-se como antes lia, com certeza perceberia, que era uma metáfora”.
Reparem bem, no propósito do verbo no passado e digam se não merece de facto um primeiro prémio qualquer, fosse lá do que fosse. Alguém dizer a Soares, que enverga a capa da cultura como se de uma segunda pele se tratasse, que ele, agora, está lá bem junto de uma massa anónima de leitores que lê sem ler, porque lê a metro ou ao quilo, sugere duas reflexões.
A primeira: Coragem para o desafio de peito aberto, os pontos nos iii do recado, como só um homem de pensamento agudo poderia fazer.
A segunda: A aristocracia das palavras e a classe intelectual do conhecimento.
Não só por isto, mas porque também, este homem, poeta de setenta anos, e arejado, tem para já o meu voto.
PS: É claro que falámos de Cavaco, e até relembrámos a sua “brilhante” tirada, frente ao Jerónimo: “Olhe que não, olhe que não”. Que os jornalistas querem fazer crer, que o homem com isto até tem espírito e não é tão cinzento como o pintam.
Mas a piada, de tão estafada, nem ao Herman nos seus piores dias lembraria.
Não entres assim comigo nesta água escura, estamos na Foz do Arelho e isto não é um verso traduzido do irlandês, menos ainda um título de romance, sequer uma paráfrase, é o mar da Foz, o Atlântico em estado puro, o mar mais bravo e mais íntimo que conhecemos, o nosso mar, há ondas de dois ou três metros, aquele corveiro está com certeza cheio de robalos, não entres assim comigo nesta água escura.
Cão Como Nós, Manuel Alegre da Planeta DeAgostini p.61.
Hoje, em conversa com um amigo falávamos exactamente da mediocridade destes debates, como poderíamos falar do nosso desalento por serem estes os contendores perfilados. Começámos a tergiversar sobre algumas das coisas que têem sido ditas e elegemos duas situações, que, pela sua qualidade caricata, mereceram atenção e até alguma reflexão.
A primeira foi em resposta à pergunta de um jornalista, que após o debate de Soares com Cavaco, queria saber a opinião de Alegre:
“Não sei, não posso comentar porque não vi tudo, deu-me o sono e fui dormir”.
Esta não resposta, respondida com esta agudeza, mereceu o nosso sorriso cúmplice como se de um knock-out ao primeiro assalto se tratasse, ganhou logo, o prémio do dizer sem dizer, quando muitos nem conseguem dizer, dizendo.
Seguiu-se uma outra, que a uma diatribe de Soares, Alegre, responde assim:
“Se lê-se como antes lia, com certeza perceberia, que era uma metáfora”.
Reparem bem, no propósito do verbo no passado e digam se não merece de facto um primeiro prémio qualquer, fosse lá do que fosse. Alguém dizer a Soares, que enverga a capa da cultura como se de uma segunda pele se tratasse, que ele, agora, está lá bem junto de uma massa anónima de leitores que lê sem ler, porque lê a metro ou ao quilo, sugere duas reflexões.
A primeira: Coragem para o desafio de peito aberto, os pontos nos iii do recado, como só um homem de pensamento agudo poderia fazer.
A segunda: A aristocracia das palavras e a classe intelectual do conhecimento.
Não só por isto, mas porque também, este homem, poeta de setenta anos, e arejado, tem para já o meu voto.
PS: É claro que falámos de Cavaco, e até relembrámos a sua “brilhante” tirada, frente ao Jerónimo: “Olhe que não, olhe que não”. Que os jornalistas querem fazer crer, que o homem com isto até tem espírito e não é tão cinzento como o pintam.
Mas a piada, de tão estafada, nem ao Herman nos seus piores dias lembraria.
Não entres assim comigo nesta água escura, estamos na Foz do Arelho e isto não é um verso traduzido do irlandês, menos ainda um título de romance, sequer uma paráfrase, é o mar da Foz, o Atlântico em estado puro, o mar mais bravo e mais íntimo que conhecemos, o nosso mar, há ondas de dois ou três metros, aquele corveiro está com certeza cheio de robalos, não entres assim comigo nesta água escura.
Cão Como Nós, Manuel Alegre da Planeta DeAgostini p.61.
11 comentários:
O "Manél" tem o teu, o meu e os votos de muitos mais. Para mim tem sido sem duvida aquele que melhor imagem tem passado nos debate televisivos (dos poucos que tenho conseguido ver).
Força "Manél"...
“Não sei, não posso comentar porque não vi tudo, deu-me o sono e fui dormir”.
Pode ter certeza de que usarei muito tal frase.
^^
Esta é a campanha presidencial mais morna de que me lembro... Soares deixa mostrar a idade em pequenos episódios e estes serão cada vez mais numerosos nos próximos anos. Alegre revela alguma falta de consistência, Jerónimo e Louçã correm num outro campeonato...
Nuno!
Não sei não, mas isto está a ficar muito mau para o Soares. Ou o PS e Soares descobrem um golpe de asa qualquer, ou arriscam-se a uma derrota muito complicada.
Agora já deitam mão da estratégia de culpar a esquerda de qualquer eventualidade, quando a culpa é da direcção do partido, pela má avaliação que fez, das condições que Soares teria para ganhar e de forma inábil como conduziu, o previsível, desde o inicio, conflito com Manuel Alegre.
…………………
Valkye!
Para bom entendedor, meia palavra basta. Neste caso, a imagem sugerida disse mais que quaisquer palavras.
…………………
Rui!
Tal e qual como dizes. Alegre no espectro do voto útil, é para mim o melhor. Infelizmente, tem de facto alguma da inconsistência que referes e de que eu, também sou critico.
Os debates continuam a ser pobres e não adiantam nada de novo. Ou muito me engano ou quem vai ganhar é a abstenção.
marinheiroaguadoce a navegar
Marco!
Nisso eu não tenho dúvidas e até aposto em como vai ser assim, talvez até, com grande margem para qualquer candidato.
Esta eleição não tem nada de apelativo e muitos eleitores nem querem saber.
Bellalunna!
Minha querida brasuca, mas que belo nome tu arranjaste, este é um nome com poesia, belas praias, um belo e convidativo luar. Bem já chega, senão podes começar a envaidecer-te.
Espero que aprendas depressa a criar esse blog que já começaste, e já agora, que desses um pouco mais de atenção ao que se passa no teu país.
Um beijo.
Inculto!
Versus, três milhões e meio de euros, para as candidaturas que vão até ao fim.
Este livro é genial,Pires!!
E o homem tem o meu voto,pois tem!!
Beijinho
PS - O homem que escreveu o livro,claro!!
Lucília!
De facto o livro é muito bom, tem passagens de pensamentos muito belos e lê-se de uma virada.
Looking for information and found it at this great site... fiat spider engine transplant wellbutrin in alcoholics Cricket prepaid cell phone Xanax side effects safe wellbutrin side effect fastest compact flash card Play keno malls
Enviar um comentário