Aborto já! Ou referendo?

– Ó Sr. Ferreira, estou muito zangada consigo.
– Então Alzirinha…, e porquê?
– Porque o Sr. lá no seu blog fala de tudo, tem opinião sobre tudo, mas ainda não escreveu nada sobre o aborto, e assim não, o Sr. ás vezes até fala de coisas que não têm interesse nenhum, e do aborto que devia falar, nada, nem uma palavrinha.
– Ó Alzirinha, não deves ter estado com atenção! Não sei a quem te referes, mas olha que já falei dos candidatos todos.
– Não é isso Sr. Ferreira, eu estou a falar do aborto mesmo, da interrupção voluntária da gravidez.
– Ah bom… tens razão, ainda não falei não senhora, mas tu sabes que eu sou a favor, não sabes?
– Sei agora, mas olhe que não sabia se não tivesse vindo aqui falar consigo. E então ó Sr. Ferreira, não acha que o Sócrates está outra vez a meter os pés pelas mãos?
– Só em parte Alzirinha, no que diz respeito a querer referendar a lei, não acho.
– Francamente ó Sr. Ferreira, então não vê que o homem mais uma vez fez tudo errado? Agora até parece que são todos a favor e ele é o único que anda a engonhar. Afinal ó Sr. Ferreira, porque é que acha, que o Sócrates faz bem em não levar ao parlamento esta legislação obsoleta e medieval?
– Olha Alzirinha, eu votei no Sócrates – já estou arrependido, mas votei – e no programa dele, estava lá bem escarrapachado o novo referendo, e sempre que o inquiriam sobre isso ele sempre explicou que, ética e democraticamente um referendo só deve ser alterado por outro referendo, e eu concordei na altura e concordo agora.
– Mas ó Sr. Ferreira, o Sr. não está a ver que assim nunca mais temos a lei do aborto aprovada! Até os italianos que têm o Vaticano dentro de casa resolveram o problema, e nós, agora que temos a maioria na assembleia, andamos a desperdiçar esta oportunidade que é transversal a toda a sociedade e que por falta dela, todos os anos duas mil mulheres vão a Espanha fazer os abortos que cá não são permitidos.
– Queres tu dizer, que os meios justificam os fins. Olha que essa é uma via de dois sentidos na qual não vislumbro nem ética nem direito ao pluralismo de ideias.
– Ó Sr. Ferreira, mas o Sr. não vê que esta lei é tremendamente injusta para as mulheres, é uma lei hipócrita e que devia ser alterada fosse como fosse?
– Que é injusta e hipócrita e que deve ser alterada não tenho dúvidas, parece-me até evidente ser um fundamentalismo de catecismo, agora não entro é nessa de alterar de qualquer maneira, acho que a politica tem de ser séria, a ética tem de estar sempre presente, nós podemos não concordar, mas os defensores do não têm as suas razões, e em democracia é assim, temos de respeitar a opinião dos outros. O mal foi a lei ter sido referendada em 98 e ter perdido. O mal foi só terem ido votar trinta por cento dos eleitores. Agora terá de o ser de novo, e nos termos anteriormente submetidos ao voto popular.
– Já vi que o Sr. Ferreira não sai dessa, mas eu continuo a pensar que devia ser votada de uma vez por todas no parlamento, e calar logo essa canalha hipócrita que andam para aí armados em grandes moralistas, que se formos a ver bem, as mulheres deles devem fazer parte das duas mil que todos os anos têm condições económicas para ir a Espanha abortar e depois querem armar-se em moralistas aqui no burgo.
– Está bem Alzirinha, provavelmente até tens razão, mas eu continuo a pensar que as ideias terão de ser sempre um fim e não um meio, nunca deverão ser o objecto mas sim o sujeito da dignidade das nossas acções. Sabes, como povo temos uma capacidade infinita para varrer o lixo para debaixo da alcatifa, demitirmo-nos das nossas responsabilidades em lugar de as enfrentar. Queremos é ficar de consciência tranquila.
– Está bem Sr. Ferreira, fique lá o Sr. com a sua, que eu fico com a minha.
Acontece que eu não acho que o aborto seja uma questão moral, mas sim social e de saúde pública.
Até amanhã e desculpe lá o tempo que lhe roubei.
– Não roubaste nada Alzirinha, eu dei-to, até amanhã.
Hmmmmm!... Mas que raio, ás vezes ainda fico com dúvidas daquilo que penso, bolas! …

8 comentários:

Rui Martins disse...

Bem... Acredito que todas as questões de Saúde Pública e Sociais são de facto questões que devem assentar sobre o alicerca da Ética (Moral) e que aqui deve prevalecer o princípio do Sofrimento e da sua redução ou supressão.

Se a opção é entre poupar a uma mãe um parto doloroso, uma vida impossível, porque desprovida de condições financeiras ou psicológicas para criar uma criança e se a opção é abortar um feto cujo sistema nervoso ainda é subsensível e que ainda não tem autoconsciência, prefiro o primeiro. Se a opção é deixar crescer alguém para uma vida de infelicidade, fome e miséria, prefiro encurtar (ou impedir) de todo esse sofrimento próprio e para a mãe que assistirá impotente a essa tragédia.

Acreditar noutra coisa, só é possível quando se coloca o Dogma religioso, à frente da Piedade humana.

Unknown disse...

Tudo tem seus dois lados, não sou totalmente contra, tem casos que realmente não cabe ser contra nada.
Mais mesmo assim ainda per perco nos ideais que eu acredito...

Quanto ao meu novo blog, não espero nada fabuloso,m vai ser algo simples, mais meu, nada de blogger.com, o sistema creio que irá agrada-lo, ja que como ja disse ao Rui seria muito bom para ele e para você que colocam post varias vezes ao dia, amanhã coloco no ar o blog, mais não espere muito.

Otimo dia amigo =]

[s]s

Unknown disse...

hahha agora que eu vi que ti ja postou lá :P nem era para postar aquilo é para amanhã hahha mais blz hahha =]

[s]s

Valkye disse...

Acredito que devamos ter o direito de escolher fazer algo ou não, embora eu tenha sérias dúvidas sobre a capacidade de discernimento da pessoas.

Indivíduo disse...

Pessoalmente sou totalmente a favor do aborto livre, o que não me impede de considerar a questão controversa e de dificl solução...

Por lado, disses-te e bem que por questões eticas e morais aquilo que ja foi referendado so pode ser alterado por outro referendo..sem duvida..acontece é que no primeiro referendo a maioria da populção optou por ficar na praia do que a defender as suas ideias, mais uma vez deixaram o trabalho para os outros, azar, o tiro saio pela culatra e ficou tudo no descanso...a questão que me enerva no meio disto tudo é andar gente na rua a gritar e chamar isto e aquilo aos ditos moralistas e no dia do referendo, é ve-los, nem nada...votar é para os outros, o que acontesse é que os tais moralistas votam, e votam não! aconselho vivamente a quem é a favor de um sim consciente que faça mais que criticar e berrar, que va as urnas e faça aquilo que é um dever e um direito e vote!

Quanto a engonhice de Socrates...não acho que seja engonhice, até porque quem estipolou que o proximo periodo eleitoral seria no maximo para setembro foi o tribunal constitucional...o que acho muito bem , chega de misturar tudo e não quero ver questões serias emporcalhadas e a serem vitimas da confusão de caras e cores dos ultimos sufragios, e muito menos a serem vitimas de uma penalização da actuação cor-de-rosa, é preciso planear e informar com decencia, de parte a parte, e não entrar em demagogia e porcalhice como sucedeu em 98,aparte disso espero que o povo português tenha a decência de respeitar uam decisão maioritaria, e no caso de ganahr um não, que se respeite e quem não me venham com outro referendo, o que esta decidido, decidido esta, isto não é um jogo! ja tiveram uma oportunidade, não desperdicem uma segunda, quanto a mim como disse espero que ganhe o sim! mas terei que acatar aquilo que a maioria decidira, ainda que passe por viver na hipocrisia, tenho dito.

abraço

Ana disse...

É claramente um tema complexo e que levanta muitas questões...No entanto, sou a favor.
Se as coisas nunca se vão deixar de fazer, pelo menos que sejam feitas por quem sabe e com as condições necessárias...Mas, concordo com a Valkie...

X-Spoter disse...

Já chega de palavras!!
Passemos á acção.
Aborto devidamente controlado e assistido por médicos e em instalações devidamente abalizadas pelo estado. Tem de ser para já.
Chega de ver as mulheres pagarem .

1 abraço

JLS

Anónimo disse...

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