Hoje, no 116º dia do ano, no calendário gregoriano, festejamos a Revolução dos Cravos.

No dia 25 de Abril de 1974, conhecido por “Dia da Liberdade”, num golpe militar sem grande resistência das forças leais ao governo do Estado Novo, oficiais intermédios da hierarquia militar, na sua maioria capitães ex. combatentes da guerra colonial, derrubaram o regime político nacionalista, corporizado no golpe de 28 de Maio de 1926, comandado pelo General Gomes da Costa, que pôs termo à recém-nascida e, por isso, frágil Democracia portuguesa e ao descrédito da ingovernável Primeira República Portuguesa, que em 16 anos e debaixo de frenética intriga política, golpes e contragolpes, contabilizava sete Parlamentos, oito presidentes da República e cerca de cinquenta governos.

Tudo começa em Bissau -no contexto geral de pobreza e miséria de uma sociedade atávica mergulhada no obscurantismo, com a primeira reunião de capitães a 21 de Agosto de 1973. A 9 de Setembro, em Alcáçovas, é constituído o Movimento das Forças Armadas, a 5 de Março de 1974, é aprovado o documento “Os Militares, as Forças Armadas e a Nação” que é posto a circular clandestinamente, a 24 de Março, é decidido derrubar o governo pela força e, no dia 24 de Abril, no quartel da Pontinha em Lisboa, é instalado secretamente o posto de comando do Movimento das Forças Armadas, sob as ordens de Otelo Saraiva de Carvalho.
Nesse mesmo dia, às 22:55hs, dos Emissores Associados de Lisboa, é dado o primeiro sinal combinado com a canção “E depois do adeus” do Paulo Carvalho -emitido por João Paulo Dinis, que fizera tropa em Bissau sob as ordens de Otelo e que, desencadeia a primeira fase do golpe. Às 0:20hs do dia 25, na Rádio Renascença, o jornalista e poeta moçambicano Leite de Vasconcelos, emite o segundo sinal com a canção “Grândola Vila Morena” do José Afonso, que confirmava o golpe e iniciava a segunda fase do que viria a tornar-se uma autêntica Revolução social e mental, de profundo e seminal significado histórico e, nos conduziria de forma relativamente serena e pacifica, ao hoje, em que comemoramos o 34º aniversário da Democracia, com um Estado de Direito Democrático estável.

Nota: Confesso, a minha dificuldade, em descrever tão grande e significante dia e seus antecedentes de forma telegráfica, mas a preferência dietética do fast reading, foi aqui, levada em conta.

8 comentários:

Anónimo disse...

A liberdade conquistada, nunca pode ser esquecida...

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não
Trova do vento que passa

{Manuel Alegre}

Abraço amigo.

Oliver Pickwick disse...

Abaixo, a canção Tanto Mar, a homenagem de Chico Buarque, compositor/cantor brasileiro, para a Revolução dos Cravos.
Curiosamente, a letra original foi vetada pela censura brasileira dos tempos da ditadura.

Primeira versão
(Esta gravação foi editada apenas em Portugal, em 1975).

Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

__________

Segunda Versão
(Lançada no Brasil, em 1978).

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim


Um abraço, e boa comemoração!

Oliver Pickwick disse...

P.S.:Fast reading? Neste caso, convém mudar o nome do blog para McPiresF

Teresa disse...

Tem piada ter vindo hoje aqui e ter lido este post. É que ontem, exactamente às 22h 55m, pus o Paulo de Carvalho a cantar no meu blog...

Anónimo disse...

Uma breve sintese sobre a Revolução de Abril!
Que se possa ir aprofundando cada vez mais o seu significado, talvez seja uma das formas do 25 de Abril ir sobrevivendo.

Abraço

tb disse...

E parecem tão distantes esses tempos em que o povo cantava na rua... espero que cresçam sempre!
abraço

Manuel Veiga disse...

admirável a ironia. da nota final...

abraços

JAIME disse...

Caro Amigo,

Dê um pulo, se puder, a http://foreverpemba.blogspot.com/2008/04/uma-corrente.html

Um abraço.