A Janela do Pensamento! (Parte III)


Segurou-lhe o rosto com ambas as mãos aproximando os lábios dos dela, viu-a fechar os olhos num sinal de abandono à sua vontade enquanto entreabria os lábios para o receber. Beijou-lhe suavemente os olhos, demorando-se o suficiente para que ela percebesse o carinho que já lhe tinha, ouviu-lhe um suspiro de prazer e juntou os lábios aos dela, primeiro, num beijo suave quase amigo, seguido do desejo de lhe sentir a língua na sua, saboreou o momento e a frescura da sua boca quando as línguas se entrelaçaram no rodopiar da descoberta.

Finalmente, as suas mãos soltaram-lhe o rosto, e desceram pelos seus braços até à delicada cintura que abraçou, puxou-a num gesto suave mas firme e sentiu-lhe o peito esmagar-se no seu, enquanto lhe ouvia novo suspiro e sentia o seu corpo abraçá-lo numa entrega e querer convidativos
.
Desabotoou-lhe a camisa com gestos lentos mas decididos. Acariciou-lhe os peitos em movimentos exploratórios sentindo-os oferecerem-se soltos e sem amarras. Lentamente, deitou-a no sofá da sala, e viu-a desenvencilhar-se rapidamente da saia.
Os seus beijos eram agora mais sôfregos e as mãos tinham derrubado as fronteiras que a timidez no início impunha, ele correspondeu e explorou com as suas cada milímetro de pele até se deter finalmente no sexo, primeiro, com suavidade, acariciou-o até o sentir húmido de prazer, depois, os movimentos tornaram-se tendencialmente circulares em volta do seu clítoris, até a ouvir num sussurro dizer: - Vem, quero ser tua agora.

Tinham sido as primeiras palavras desde que entraram em casa. Ele, colocando a mão no interior das suas pernas fez uma leve pressão para que ela as abrisse, ao que ela acedeu prontamente encontrando uma posição confortável para o receber. Olhou bem nos seus olhos no preciso momento em que o guiou na penetração.

Era quase manhã quando ela acordou, ele estava ali não era um sonho, ainda dormia e ela pensou em como tudo tinha acontecido, o encontro na Gulbenkian durante a exposição, o convite para um café, o descuido dele quando lhe agarrou a mão fingindo um desequilíbrio para não mais a largar, a boleia para casa já que eram vizinhos, o tempo saboroso que estiveram à conversa no carro antes de ele a convidar para uma bebida e depois aquela noite, mas que noite, uma noite de sonho, e que homem, melhor que todos os sonhos que tivesse tido até aí e que sempre eram interrompidos pelo seu gato… GATO!!! - Sim amor! – Não é contigo, esqueci-me de dar comida ao filho-da-puta do gato, deve estar uma fera, adeus e não te esqueças que moro ali em frente.

Enquanto fechava a porta ouviu-o ainda dizer: Eu sei, vi-te com essas bochechas esborrachadas na janela.


Nota Final: - Este conto que se pretende erótico, é uma oferta aos amigos, que de alguma forma manifestaram a sua desilusão, pela falta de condimentos nos contos anteriores.
Espero que gostem.

15 comentários:

Intervencionista disse...

Acabei de ler a parte II e para minha surpresa aqui está o que penso ser o fim do conto... até já, vou ler.

Intervencionista disse...

Temendo tornar-me repetitivo, está excelente tal como os anteriores. Gostei especialmente do pormenor em que o Gato (sempre o raio do gato) atrapalha mais uma vez a protagonista da historia naquele momento matinal que tão bem sabe, o acordar calma e tranquilamente sem correrias nem stress.

Não gosto desse gato.

José Pires F. disse...

Nuno!

Mas que rapidez, quase que lias o conto antes de o acabar.
Ok. Já conto com uma opinião positiva, mas tu és um bocado suspeito, o melhor é contar só meia.

José Pires F. disse...

Anda por aqui alguém indeciso, ora comenta, ora apaga.
Será que não gostou? Se esse é o caso, informo, que pode dizer mal à vontade que não me melindro com essas coisas.

José Pires F. disse...

Ok, não devia perguntar, mas não resisto: E porquê?
É evidente que só responderás se quiseres, eu como já disse não me melindro com essas coisas, de qualquer forma devo dizer que este conto seguiu uma linha que não me é habitual e que não tenho para já a intenção de repetir.
Pensei que o desafio, que me faziam era esse, se me enganei peço desculpa, até porque, para experiência bastou.
Por isso, estejam descansados se por algum momento pensaram que este blog iria descambar para algo pior que o erotismo. Não irá. Mas não se devem temer as experiências e as coisas novas, esses são desafios que devemos enfrentar e como têem visto essa tem sido uma constante nos últimos tempos.
Tentei escrever um conto que não baixa-se de um certo nível, provavelmente não o consegui, mas isto não passa de um passatempo divertido e como tal o encaro.
Para os amigos que não gostaram: Tentarei fazer melhor! Para os que gostaram: Apreciem-no porque a imaginação não tem limites.

José Pires F. disse...

Estás à vontade, mi casa es su casa.
Com o devido respeito ao In-Culto, evidentemente!

Valkye disse...

Eita que fico uns dias sem visitar seu blog e quando volto me deparo com seus contos que, devo dizer, são excelentes. Principalmente o bendito gato. ^^

Anónimo disse...

Piresssssssss =]

Não descambou para lado nenhum a não ser para o melhor.
Camarada, agora é fato, tu terás que sempre colocar uma “A Janela do Pensamento!”.
Meu amigo, 100% bom demais =]
De tempos em tempos é bom que ponhas outras janelas viu =]

Ótimo dia.

[s]s

Anónimo disse...

O mais sensato será esta senhora oferecer o gato!
Beijinho

Anónimo disse...

cheguei aqui através de um link da minha amiga riquita...valeu a pena! Vale sempre a pena ler bom português! Vale sempre a pena conhecer gente inteligente, imaginativa e criativa.
parabéns, um abraço
easy

Ana disse...

O Gato faz todo o sentido...é o leitmotif do conto!
Eu gostei de todas as partes :) só peço desculpa pela ausência dos meus comentários, mas...ando sem tempo para nada! Acho que, se tivesse um gato, agora também nem tempo tinha para lhe dar de comer!

Cristina disse...

ó meu querido amigo!!
estou estarrecida e bermelhusca até à sobrancelhas...até à raíz dos cabelos, enfim, ainda falta mais um bocadito:))))
isto os homens, tá mais que visto, é preciso dizer tudo, caneco!!
mas quando correspondem....bem vai a "coisa":))))))))))))))))

está fantastico e peço milhões de desculpas por não ter vindo mais cedo:(

muito bom!!! mas olha, pronto, não faças isso muitas vezes que a malta já não é jovem e pode dar mau resultado:)))

beijocas grandes e envergonhadas pelo atraso

Meia Lua disse...

Finalmente :).
Esse gato... um chato!!!! Nem sequer puderam continuar ou repetir o que aconteceu na noite anterior ;)

Anónimo disse...

Abel:

Surpreende-me este teu pendor literário, como já me surpreenderam outros teus pendores. Mas, compreendes como nos conhecemos e privámos, por dezenas de anos, num mundo assaz tacanho, onde todos parecemos meio toscos e patetas.
Sem rebuço te direi que o que mais admiro no teu conto é a forma descomprometida e escorreita como escreves. Não ignoras que o conto é uma arte muito complexa, se lermos Nicolau Gogol, talvez o pai de todos os contistas, o nosso Trindade Coelho, um seu discípulo remoto, ou o diabólico Alan Poe.
Escrever não é interdito a ninguém e os contos populares demonstram-no, mas a escrita tornou-se, hoje em dia, uma mercadoria vilmente traficada, à margem, as mais das vezes, de um elementar respeito pelo senso da criação literária.
Se ler, hoje, servir para impedir a leitura, melhor será não ler do que pensar que se lê, deglutindo prosas ao metro e ao quilo. Como - citando Pessoa - pensar que se pensa e pensar que se fala se apenas se move a cabeça e as cordas vocais.
Quando escreves, sabes o que fazes e faze-lo bem. Não temes que te julguem mal, pois, tal como Bento Caraça, também a ti não custa nada reconhecer um erro.
Quem te criticar terá que saber o fazes e ter em conta todos os teus activos intelectuais.
Mas sabes também, e isso é uma das tuas mais visíveis virtudes, como fazes o que fazes e o que terias de fazer para o fazeres melhor. Por isso, por aqui me fico e de mais me abstenho.

Um grande abraço

Aníbal de Sousa

José Pires F. disse...

Amigo Aníbal!

Tendo em conta os valores de amizade e respeito intelectual que tenho por ti, foi com imenso prazer e satisfação que li e reli este teu comentário.
Sabendo da tua pouca disponibilidade, consequência dos muitos afazeres que sempre tens é um imenso gosto encontrar-te no meu blog.
Fico deveras agradecido com a tua opinião e principalmente pela análise de conteúdo que fazes, não tanto sobre o que escrevo, mas como escrevo. Sabes bem, porque me conheces minimamente, que pouca é a minha bagagem para me aventurar nestas andanças, no entanto, o prazer há pouco descoberto da escrita, é incentivo suficiente para esta aventura despretensiosa.
Recolho todos os comentários com satisfação, mesmo os negativos, pois quem comenta deu-se ao trabalho de ler o que escrevi e isso para mim já é uma vitória.
Reconheço os erros que cometo, não pela experiência da escrita que não tenho, mas pela da leitura que sempre tive, e vivo também eu, e infelizmente, com falta de tempo para dispensar o cuidado necessário antes de mostrar o que escrevo, no entanto, como encaro esta actividade como um hobby que me dá imenso gozo, tudo o que vem é ganho, e tem dias que o ganho é substancial tal como hoje acontece com o teu comentário.

Como este teu comentário, foi feito num conto publicado já há alguns dias, e não querendo correr o risco de não voltares para ler a resposta, vou enviar-ta também por e-mail. Não precisas de responder, a intenção não é essa, é somente a de querer que tu saibas o quanto gostei da tua apreciação.

Um grande abraço.