A Velha Europa

Está na ordem do dia os acontecimentos tumultuosos de Paris. Para uns, não passa de violência gratuita, para outros, é uma forma de protesto, e o que mais sobressai é a ligeireza analitica.

Para mim, é tudo isso, mais a raiva de não poder sequer sonhar.

A nossa velha Europa, a Europa dita Social, tem criado ao longo dos anos autênticas bombas de rastilho curto, que desta vez, rebentaram com a morte de dois jovens que fugiam à polícia. A relação destes jovens com o estado policial é de guerra, uma guerra de agressão, humilhação e frustração com o pomposo nome de delinquência juvenil.

Combatida por meios opressivos que batem primeiro e perguntam depois, gerando uma espiral de violência.
A Europa Social não existe, é um engano. O que existe é a Europa do défice, dos rácios económicos, das proibições absurdas, dos bairros clandestinos de pretos e árabes, da guetização instituída, dos condomínios fechados da classe média alta, pelo medo da diferença, e da multiculturalidade.

Abrindo caminho a Le Pen, Sarkozy, não consegue ver o que tem à frente do nariz, daí as estúpidas afirmações e estúpidas teorias interpretativas que tem feito, para ele tudo se resume a meter a escumalha de voyous que fazem merda nas banlieues francesas na ordem, em nome do establishement, do estado de direito, da burguesia e da sua democracia que não precisa nada da merda dos estrangeiros.

A arrogância xenófoba francesa é de todos conhecida, pelas leis que aprova contra as comunidades de emigrantes africanas e antes pelas que aprovava também contra os portugueses.

Além da mão-de-obra barata, o desemprego, a falta de perspectivas e os guetos, constroem uma dialéctica própria de terrorismo caseiro, que por vezes, implode em focos críticos ao mínimo rastilho tal como aconteceu em LA. Lá com o espancamento de Rodney King e ilibação dos culpados deu-se origem a um levantamento racial.

Não sejamos autistas ao ponto de pensar que o problema dos franceses é com os franceses, olhemos para nós.

Li hoje num blog esta conhecida frase:

Quando a ordem é injusta, a desordem é, por si só, um factor de justiça!
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17 comentários:

Intervencionista disse...

Concordo em quase tudo o que escreves, inclusivamente concordo em algumas formas de "combate" utilizadas no inicio dos conflitos. Agora já chega... 11 dias tambem é de mais, e começam a piorar as coisas seriamente ao ponto de qualquer dia ficarem ainda mais excluidos do que já estão. Armas de fogo contra a policia, ataques a autocarros com pessoas... estão a abusar de uma maneira que já só falta começarem as pilagens... vão se "lixar" á grande vais ver. Por outro lado nós tambem deviamos seriamente pensar no nosso problema... ou a Cova da Moura toma a Amadora.

Fica bem...

Nina disse...

Realmente um absurdo todo esse caos. A verdade é que injustiças existem por toda a parte, e quando uma centelha acende a fogueira, difícil conter o fogo...
Abraços, e que tempo melhores venham logo!

Anónimo disse...

A frase realmente cai bem, pra mim essa zorra toda mostra a fragilidade escondida pelos governo Francês, confesso que saiba muito pouco sobre essa situação na Europa, para nós aqui, sempre é passado como exemplo que devemos seguir, vejo que as coisa realmente mudam pouco, pelo que já li e vi tudo começou uma declaração de uma pessoa que realmente foi uma besta.
Vi algumas entrevistas com jovens, totalmente revoltados com o descaso do governo francês, mostrando pra nós que problemas se tem e todos os paises, que quando apontam o Brasil como um pais de quinta categoria na verdade não olham nem para os seus.
Realmente fiquei abismado de ver a quantidade de carros queimados, uma anarquina total, infelismente fica revoltado é um direito,agir como loucos acho que não...
Até a pouco não se tinha relato de morte, agora já se tem, a coisa muda e figura...
Ad prefeituras já podem usar o toque de recolher, vai virar uma guerra civil???

Espero que não... vamos ver com o tempo... mais minha visão da Europa mudou e muito...

[s]s

José Pires F. disse...

Agradeço que nenhum dos amigos que comentou este post pense que estou de acordo com o que se está a passar, de forma alguma!
Especialmente para o Nuno, gostaria de dizer que a destruição de bens civis, o caos que acontece todas as noites e até uma morte já contabilizada, não pode de forma alguma ter o meu apoio ou concordância. A revolta inicial transformou-se numa competição por via SMS e da Internet, existem já blogs que anunciam os próximos confrontos.

Aquilo que entendo e constato é a falta de senso político para resolver estes problemas, não os deixando chegar onde chegaram. Não deve ser fácil dialogar com os super egos de Sarkozy ou de Villepin, seriam necessários mediadores mais apaziguadores que obteriam resultados mais imediatos, depois executar o pedido do SOS racismo no sentido de não se divulgarem a quantidade de distúrbios efectuados na noite anterior, para que a competição termine.

Não acredito é que estas coisas se resolvam à traulitada, não é essa a via.

Não creio que a França, chegue de forma alguma ás soluções americanas de estabelecer perímetros e deixar as populações combaterem-se como aconteceu em 1993 em LA. Esta é uma disputa diferente num país diferente, e os franceses além de serem mais inteligentes que os americanos dos stats, não têm uma população armada e por isso o controlo será mais facilmente estabelecido, mas não caiam no erro de pensar, que fica resolvido, longe disso, enquanto a França não desistir de querer ressuscitar algo em tudo semelhante ao Apartheid, o problema não estará resolvido.

Reparem no seguinte: Os árabes chegaram a França muito antes dos portugueses, praticamente todos os portugueses, já saíram daqueles guetos, acabaram por ter a oportunidade de construir a sua vida naquele país, em zonas de comunidades lusas, é verdade, sem grandes misturas, também é verdade, no entanto com alguma dignidade. Agora digam-me, porque é que os árabes continuam nos guetos em que já estavam, tendo-se-lhes junto os magrebinos que são todos Muçulmanos, mais os emigrantes do Mali, do Sudão e da Nigéria, só a comunidade islâmica em França conta com cinco milhões de habitantes de quinta categoria, que os franceses teimam em não integrar.

Desculpem o tamanho da resposta, mas estes são assuntos difíceis de sintetizar e quando se tenta corre-se o risco de ser mal interpretado como eu fui pelo Nuno. A última pessoa que eu queria que me interpretasse mal.

Cristina disse...

achei melhor vir ler tudo:)))
pois é, a arrogância dos franceses, não lhes permitiu ver que não é com leis como a da proibição do véu islâmmico que integram estas populações com culturas completamente diferentes deles e que isso culmina inevitavelmente numa sensação de revolta.

e a ingenuidade de pensar que conseguiam manter a frança turistica longe dos guetos...(de milhões)

vamos ver como resolvem agora!

beijinhos:))

José Pires F. disse...

Riquita!

Obrigado por teres vindo. Este problema é tão vasto e de alicerces tão profundos e conhecidos que é difícil em duas palavras ir ao âmago da questão.
É como dizes, vamos ver como resolvem.

Intervencionista disse...

Meu Pai,

Talvez não me tenha explicado bem… a expressão “formas de combate” não tinha o intuito de dizer que concordo com a violência… penso que poderiam ter efectuado outro tipo de acções concertadas sem prejudicar directamente pessoas… Ataques (sem violência) a instituições governamentais, greves, bloqueios de estradas. Não quero eu também que penses que concordo com o que está a acontecer… (penso que seria muito mais mediático, lógico e aceite pela opinião publica Francesa se milhares de pessoas no dia seguinte se tivessem apresentado á porta do Ministério do Interior Francês e de lá não saíssem sem a demissão do Ministro… mesmo que para isso tivessem de lá estar os tais 12 dias, ou que fizessem o mesmo á porta do parlamento, não deixando entrar nenhum deputado enquanto a situação não fosse resolvida com o re-tratamento publico do Sr. Zarkozy ) isso sim são formas de luta aceites pelas sociedades democráticas pelas quais nos regemos. Ou então que fizessem como eu ainda á uns anos fazia em Sintra… sempre que um Sr. De nome Le Pen cá vinha… o famoso “ovo no politico de extrema direita”… cá resultou… o homem veio cá 2 vezes e depois de levar ovos e tomates desistiu e nunca mais cá o vi. Não é violento, é engraçado e passa a mensagem que queremos passar… Vão-se embora que não os queremos cá.
Espero que tenhas entendido que não sou a fovor da violência mas sim da igualdade, justiça, fraternidade, liberdade e de todos os chavões utópicos desta nossa sociedade moderna.

Intervenção com qualidade e sem violência, é esta a única forma de luta democrática possível nas sociedades ocidentalizadas.

José Pires F. disse...

Nuno!

Ok estamos de acordo mais uma vez, ainda falaremos disto, aliás, creio que ainda vamos falar muito disto, pelos piores motivos é claro.

TheOldMan disse...

Parece que concordamos em algumas coisas.

Bom artigo

;-)

José Pires F. disse...

Eu já sabia disso OldMan. Passei no final da tarde pelo teu blog e vi que estávamos de acordo.

Sy disse...

Olá !
Quem sou eu ! Mas mesmo assim só um pequeno comentário : Não pense que os franceses não estão armados ! muito antes pelo contrário ! As "caves" estão cheias de armas que ainda são da "resistência", e infelizmente ou não, de há uns tempos para cá que muitos cidadãos estão bastante bem "armados" !

E, meu Amigo, o Ministro do Interior de facto nunca deveria ter utilizado a palavra "voyous" (infelizmente eles são isso mesmo, por ser um homem de estado. Podia pensá-lo mas nunca dizê-lo. Perfeitamente de acordo.
Mas uma coisa penso : Se o espaço Shengen não estivesse "escancarado" estes problemas não existiam !
E a cobertura massiva dada pelos "media" vai dando umas grandes "ajudas" às nossas "Covas da Moura" !

José Pires F. disse...

Raes!

Caramba meu jovem amigo, os jornais brasileiros têm dado a noticia!
O problema é que os carros não são os certos, são os de toda a gente, indiscriminadamente, as coisas transformaram-se num autêntico caos devido à competição entre bairros.

Sy!

Voltou de novo? Espero que esta segunda viagem também tenha sido boa.

Não sei se tem razão, o que eu sei, é que a criação dos guetos começou nos anos quarenta/cinquenta e agravou-se depois com o acordo de Shengen. Concordo quando diz que as portas se escancararam, e sou de opinião que temos de ser capazes de limitar a imigração ás nossas capacidades de integração, o contrário é o que tem sido feito, entram, entram, para depois serem tratados como sub-humanos devido à incapacidade que os países têm para os integrar, mas isso é culpa dos países de acolhimento, não do imigrante.

Em relação ao que diz do Zarkozy, devo dizer-lhe que uma das coisas que se pede a um politico que ainda por cima é ministro, é sensibilidade politica, ele não pode descer à rua tirar o chinelo e dizer o que quer, as consequências estão aí, e olhe que ele quanto a mim tinha até agora, sido um ministro que mostrava grande preocupação com a urbanização. Foi de facto de uma arrogância xenófoba extrema, e Villepin devia ter visto isso e tomado medidas imediatas para sanar o problema.

O problema dos media é o mesmo de sempre, falar ou não destes problemas, ás vezes sou a favor do não, mas é complexo, quem decide?

Por fim, desculpe a forma como tratei os franceses, compreenderá que falo na generalidade até porque na minha família contam-se à volta de uma dezena de franceses que felizmente e pelas informações que tive ontem, estão longe dos problemas.

Um abraço.

anarresti disse...

O meu medo é que neste momento a extrema direita europeia esteja já a preparar uma ofensiva. Quanto ao rosto político dessa extrema direita já falaste em alguns nomes. E essa ofensiva pode traduzir-se em leis restritivas, a médio e longo prazo. Ao nível das leis da nacionalidade, do acesso à legalização, das condições de trabalho dos emigrantes, de uma série de questões essenciais numa Europa onde a questão emigração é fundamental. E onde a questão da integração é absolutamente fulcral. No imediato pode traduzir-se num endurecimento na actuação das forças policiais. Mas pode, ou sou talvez muito pessimista, levar ainda a desacatos com grupos extremistas que serão a "segunda vaga" da ofensiva. Instigados pelos discursos do ódio, muitas vezes vêm a seguir os rapazes de cabeça rapada e seus congéneres com ataques selectivos a grupos minoritários. Esta aparente calmia dos líderes de extrema direita não me inspira confiança. Assusta-me. Penso que neste momento estão todos a esfregar as mãos de contente com esta desgraça e a pensar na melhor forma de tirar partido da situação. Sabemos que o medo é um dos melhor aliados da sua cor política.

José Pires F. disse...

Meu caro Velütha!

A melhor forma de responder ao teu comentário é dizer que não lhe tiro nem uma vírgula.

PS: A noite passada com o recolher obrigatório, os números do vandalismo baixaram para metade, esperemos que não se estejam a reorganizar.

Anónimo disse...

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