As questões da educação, longe de estarem encerradas, ganharam por estes dias outros contornos e novos figurantes. Caso do vídeo feito no Carolina Michäelis do Porto e que podem ver aqui. De facto, em termos de valores, somos filhos de pais ricos e pais de filhos pobres, o que, se reflecte em grande parte da blogosfera e nos media em particular, levando-os a comportarem-se como alunos indisciplinados, produzindo metros de frases gordurosas e apedrejando a tal aluna.
Não defendo a falta de disciplina, nem desvalorizo o retrato sobre a falta de distinção entre o cá fora e o lá dentro de uma sala de aula, aliás, nem a aluna, ao que parece, nem os pais, defendem, e já pediram desculpa concordando que o procedimento foi incorrecto. Tudo o resto, é exorbitar sobre um caso que devia ser resolvido na escola, com recurso a um processo disciplinar simples.
Mas que fazer se, por um lado temos as mentes tayloristas da ministra da educação e seus defensores, que mais não fazem que fragmentar o que resta da estrutura do sistema com discursos de facilitismo e desvalorização dos docentes, manipulando-os politicamente para cumprirem os números de sucesso a todo o custo e, por outro, temos os ignorantes pedagógicos que enchem o peito, ajeitam a gravata, e há falta de argumentos para defender ideias, defendem sentimentos e paixões pretendendo uma escola fechada ao exterior, onde os problemas da sociedade não penetrem e esquecendo que os valores se medem pelo número de valências que comportam.
Ambos os lados, têm algo em comum: imaginam saber sobre o que falam e querem chegar à Índia navegando para Ocidente.
Perguntei à minha filha de 13 anos, como devia aquele problema especifico ser resolvido. A resposta foi ponderada e pode ser dada como exemplo: a professora não devia ter tentado retirar o telemóvel à aluna, devia ter-lho exigido e, caso a ordem não fosse acatada, devia, isso sim, tê-la expulso da sala.
Quer isto dizer o quê? Quer dizer, que um professor não desce ao nível do aluno porque, caso o faça, está tão tramado como os pais que descem ao nível dos filhos adolescentes quando, estes experimentam medir a autoridade dos progenitores. Uma professora, é o caso, não fica dois minutos a disputar um telemóvel com uma aluna. Não o pode fazer. E não é preciso ser um profissional de educação para saber isto porque, a disciplina e a autoridade, tanto em casa como na escola, conquistam-se todos os dias e nunca estão garantidos.
O caso, está já no Procurador Geral da República, sintoma da grave patologia que enferma este país onde a falta de respeito é transversal a toda a sociedade e, a indignação, para além de ser uma excelente terapia colectiva, não serve para grande coisa nem garante a retaguarda dos professores, porque, o problema, está no entendimento antagónico e conflitual que, professora e aluna, têm sobre os padrões de comportamento numa sala de aula. No caso concreto, devia a professora pedir assertivamente o telemóvel ou mandar desligá-lo. Não sendo respeitada, devia mandar a aluna sair e proceder ao respectivo relatório para processo disciplinar. A aluna não acatava a ordem de saída da sala: devia então a professora chamar um Auxiliar Administrativo de Educação, para encaminhar a aluna ao Concelho Executivo, e, caso esta resistisse, devia dar por terminada a aula elaborando relatório circunstanciado para o director de turma. Tão simples como isto.
Não defendo a falta de disciplina, nem desvalorizo o retrato sobre a falta de distinção entre o cá fora e o lá dentro de uma sala de aula, aliás, nem a aluna, ao que parece, nem os pais, defendem, e já pediram desculpa concordando que o procedimento foi incorrecto. Tudo o resto, é exorbitar sobre um caso que devia ser resolvido na escola, com recurso a um processo disciplinar simples.
Mas que fazer se, por um lado temos as mentes tayloristas da ministra da educação e seus defensores, que mais não fazem que fragmentar o que resta da estrutura do sistema com discursos de facilitismo e desvalorização dos docentes, manipulando-os politicamente para cumprirem os números de sucesso a todo o custo e, por outro, temos os ignorantes pedagógicos que enchem o peito, ajeitam a gravata, e há falta de argumentos para defender ideias, defendem sentimentos e paixões pretendendo uma escola fechada ao exterior, onde os problemas da sociedade não penetrem e esquecendo que os valores se medem pelo número de valências que comportam.
Ambos os lados, têm algo em comum: imaginam saber sobre o que falam e querem chegar à Índia navegando para Ocidente.
Perguntei à minha filha de 13 anos, como devia aquele problema especifico ser resolvido. A resposta foi ponderada e pode ser dada como exemplo: a professora não devia ter tentado retirar o telemóvel à aluna, devia ter-lho exigido e, caso a ordem não fosse acatada, devia, isso sim, tê-la expulso da sala.
Quer isto dizer o quê? Quer dizer, que um professor não desce ao nível do aluno porque, caso o faça, está tão tramado como os pais que descem ao nível dos filhos adolescentes quando, estes experimentam medir a autoridade dos progenitores. Uma professora, é o caso, não fica dois minutos a disputar um telemóvel com uma aluna. Não o pode fazer. E não é preciso ser um profissional de educação para saber isto porque, a disciplina e a autoridade, tanto em casa como na escola, conquistam-se todos os dias e nunca estão garantidos.
O caso, está já no Procurador Geral da República, sintoma da grave patologia que enferma este país onde a falta de respeito é transversal a toda a sociedade e, a indignação, para além de ser uma excelente terapia colectiva, não serve para grande coisa nem garante a retaguarda dos professores, porque, o problema, está no entendimento antagónico e conflitual que, professora e aluna, têm sobre os padrões de comportamento numa sala de aula. No caso concreto, devia a professora pedir assertivamente o telemóvel ou mandar desligá-lo. Não sendo respeitada, devia mandar a aluna sair e proceder ao respectivo relatório para processo disciplinar. A aluna não acatava a ordem de saída da sala: devia então a professora chamar um Auxiliar Administrativo de Educação, para encaminhar a aluna ao Concelho Executivo, e, caso esta resistisse, devia dar por terminada a aula elaborando relatório circunstanciado para o director de turma. Tão simples como isto.
33 comentários:
Caro Pires,
Estes ( acrescento o tal da auxiliar agredida ) casos pontuais, dificilmente o serão. São antes pontas do iceberg. Nem quero imaginar o que acontece em algumas escolas deste nosso país...
Enfim...
"a professora não devia ter tentado retirar o telemóvel à aluna, devia ter-lho exigido e, caso a ordem não fosse acatada, devia, isso sim, tê-la expulso da sala."
Bem, exigir algo a moçinhos e moçinhas que só sabem ser eles a exigir não é fácil... Usaste a palavra "ordem"? Os professores não podem usar essa palavra... Shiu! Tal como não podem usar a palavra "ensinar"... Nem nos programas!
Expulsar? Quem nos garante que a jovem donzela acataria a ordem? Não seria inédito...
Não é fácil olhar para estas situações e dizer de cabeça fria que "eu faria isto" ou "eu faria aquilo"... O que eu faria, a quente? Provavelmente algo que me valeria um processo disciplinar... Uma boa estalada naquelas trombas! Não há eufemismo politicamente correcto para o dizer de outra maneira!
"um professor não desce ao nível do aluno porque, caso o faça, está tão tramado como os pais que descem ao nível dos filhos adolescentes quando, estes experimentam medir a autoridade dos progenitores."
Concordo! O problema é que o próprio sistema de ensino(?!?) obriga os professores a descer de nível. As tais teorias "modernaças" do professor compincha, do professor que é um igual, etc...
E como pode um professor incutir autoridade, se em casa o exemplo primordial desse estatuo está apodrecido, fragilizado ou mesmo ausente?
"devia então a professora chamar um Auxiliar Administrativo de Educação, para encaminhar a aluna ao Concelho Executivo, e, caso esta resistisse, devia dar por terminada a aula elaborando relatório circunstanciado para o director de turma. Tão simples como isto."
Duvido dessa simplicidade... Isso era o que os miudos queriam! Não ter a aula!? Feriado! - gritariam pelos corredores. Encaminhar a aluna para o Conselho Executivo? Amigo Pires... No meu tempo, a malta ainda respeitava o Conselho Directivo! Hoje?! Hoje é tão "leve" como ir comprar pastilhas. Os próprios Executivos não têm qualquer poder e a canalhada até se ri de lá ir.
"produzindo metros de frases gordurosas e apedrejando a tal aluna."
Como já disse, seriam tabefes... Pedrada? Não, respeito os minerais.
Mas meti os dedos, ou melhor a língua, na gordura. Ehehe! Mas volto a reafirmar que a mera análise sociológica dessa miríade de espercialistas, sempre finalizada com o passar da mão pelo pêlo, já não me satisfaz.
Se estamos quase cercados por um incêndio ( também aqui falo por experiência, mesmo nunca tendo sido bombeiro ), mas nos vamos sentar a pensar: Epá, qual terá sido a causa deste fogo do caraças? Nem o tentamos apagar com uma bisnaga, só porque uma mangueira fará muito estardalhaço...
"nem a aluna, ao que parece, nem os pais, defendem, e já pediram desculpa concordando que o procedimento foi incorrecto. Tudo o resto, é exorbitar sobre um caso(...)
Pois... No fim, desculpas... Agora que estamos na Páscoa recordo-me da estória de um tal de judas: Epá, desculpem lá e tal, mas estava a precisar das moedas para comprar uma túnica nova... Fui um canalha pelo que fiz, eu sei! Desculpem lá! Olha, agi mal! Bem, vou-me matar!
* O Judas sempre mostrou coerência... E nem foi filmado!
Abraço, amigo Pires!
Só tu! Só tu me tiras tempo ao pouco tempo que já tenho! :-)
Sá Morais,
Amigo Sá, eu andei na escola pública. Sei muito bem que casos destes sempre aconteceram, como sei, que hoje, por reflexo da sociedade, da alteração do estatuto do professor e etc, a incidência é mais elevada. Não digo em lado algum que é um caso pontual, digo sim, que se exorbita sobre um caso que, sendo motivo de matéria disciplinar, é-o em processo simples. Ou seja, suspensão temporária. Neste caso, que alguns pretendem tornar exemplar, a aluna, de facto, teve um comportamento motivador de sanção, e a professora não soube lidar com a situação. Compreendo a dificuldade de alguns professores em lidarem com alguns tipos de situações, mas nesta, em particular, porque é desta que falamos e não de outra qualquer, um professor tem de saber que não pode descer ao nível do aluno, porque se o fizer e caso não tenha físico para se impor, dá no que der, e deu nisto.
Hoje o problema nas escolas, para além dos problemas do próprio ensino e da falta de educação de alguns (muitos) educandos, tem uma série de valências que precisam ser tidas em consideração, e não podes resolver os problemas ao tabefe.
Dizes que passo a mão pelo lombo da aluna e lhe desculpo a atitude. Não é verdade. Acho sim, é que esta aluna e pelo que vemos no vídeo, não deve ser o bode expiatório do tanto de errado que se vê hoje no ensino. O caso não é para tanto, e devemos saber situar as coisas na sua real dimensão.
Tenho filhos em idade escolar, e sabem que serei intransigente com qualquer acto de indisciplina com professores. Talvez por isso, nunca tive queixas dos educadores estando o encarregado de educação presente em todas as reuniões, mas também sei, que os meus filhos são pessoas em formação e, por isso, não estou livre de um dia ter algum dissabor. Recuso o castigo físico, obviamente, passei por isso e não foi o mais importante na minha educação, embora, admita, que em certos aspectos tenha ajudado, mas isso eram outros tempos. Lembro-me que um dia, cheguei-me à minha mãe e disse-lhe que a professora me tinha batido e a resposta que esperava fosse de aconchego, não se fez esperar: meu filho, certamente estavas a rezar o terço para ser alvo de tão grave punição, disse-me a minha mãe, olhos nos olhos. Compreendi de imediato de que lado ela estava e também o poder do professor. Compreendi melhor, mas muito melhor, que as tais reguadas me fariam compreender.
Bato-me para que os professores readquiram a autoridade perdida nem que seja com penalizações aos pais sob forma de multa, apoio a luta dos professores no que ela tem de importante para o futuro deste país, sou pela manutenção das faltas, das suspensões e dos chumbos, mas separo o trigo do joio e não meto todos os casos no mesmo saco nem catalogo os educandos como números. Cada caso é o caso de um ser humano, com todas as envolvências desta sociedade onde não se pode esterilizar os pais que não sabem educar os filhos e, mesmo sabendo, sabe Deus. A praça pública, por varias razões, principalmente pelo seu costumeiro exagero, não é de forma alguma o lugar adequado para julgar esta aluna. Existe hoje, a necessidade de tornarmos a escola num instrumento social, útil e credível e por isso, há que ponderar seriamente sobre os métodos pedagógicos a seguir.
Grande abraço, amigo Sá.
É o samba do crioulo doido. Aqui no Brasil utilizamos esta expressão popular para designar um determinado sistema em estado de pré-falência, isto é, falta-lhe ordem, não há senso de hierarquia, e os métodos que o regem, ou são ineficazes, ou ultrapassados ou ainda inapropriados.
Vi em outro blog, o vídeo que mencionou. Concordo que a atitude da professora resulta numa falta grave - na prática, quase em luta corporal com a estudante, além do despreparo para contornar uma circunstância que - como bem disseste, desde tempos imemoriais se resolve na diretoria das escolas.
Estudei por onze anos no mesmo colégio, e bastava um simples "lá vem dona Lindaura" - querida e saudosa diretora, para nos enquadrarmos como se fossemos uma tropa de recrutas diante do mais rigoroso sargento.
A divulgação do vídeo desgasta ainda mais um sistema educacional já oscilante, como sugere em seu artigo.
Por aqui, nunca vi em vídeo, contudo, casos deste tipo são freqüentes. Especialmente no sistema de ensino público.
Abraços!
P.S.: Obrigado pela gentileza de enviar o resumo dos artigos a respeito do acordo ortográfico. Assino em baixo sem mudar uma vírgula.
O ano letivo aqui no Brasil começou em fevereiro. No começo de março a agenda de aviso do meu filho tinha duas folhas repletas de bilhetes das professoras avisando da falta de tarefas efetuadas da "gentil criatura". Ele não estuda em escola pública. Todos os dias buscava em sua agenda aviso sobre tarefa a ser feita e o que achava eram bilhetes de tarefas não efetuadas! Fui parar na Coordenação da Escola, já que o "pequeno ser" angelical jurava, de pés juntos, que nunca teve tarefas a fazer! Na verdade, a escola não lhe tirava nota se deixasse de fazer as tarefas e nem lhe acrescentava nada se fizesse. Como o "lindinho" é muito inteligente, até então tinha-se saído muito bem, com notas muito acima da média - então, para que tarefas escolares? Disciplina é uma palavra desconhecida hoje em dia... Autorizei a Coordenadora a tirar pontos dele a cada tarefa não efetuada. Ela negou. Não podia, porque seria uma prática discriminatória. Então, já que eu pagava aula de futebol para a "figura", que a Coordenadora o tirasse da aula de futebol para completar as tarefas não feitas - só fez uma vez. Por mais que eu tente um acordo com a escola para domar o "pequeno ser", sempre existe uma barreira em que ele sai ganhando, ou pensa que está! Esta semana vieram as notas das provas - novamente acima da média, entretanto, uma delas, ele deixou de fazer uma questão! Era a prova que eu precisava para mostrar a ele que tarefa escolar era justamente para sanar isso, uma vez que aquilo era prova incontestável que ele havia "viajado" durante a aula! Ficou sem argumento, desta vez...
E hoje, fica cada vez mais difícil você enquadrar alunos disciplinarmente, pela política altamente democrática e politicamente-correta, que ao invés de ensinar o que é um governo democrático, sugere uma anarquia histérica.
:) perguntei o mesmo ao meu filho de 14 anos. A resposta foi a mesma da sua filha.
e quanto ao resto...
só não está tudo conversado porque está tudo por conversar.
ou seja, num país em queda de valores (que me desculpem os "modernos") que se pode esperar?
Quando temos ministros e quejandos, mal educados e pouco cultos, facilitadores e facilitistas, que se pode verdadeiramente exigir?
talvez uma nova geração...talvez só daqui a mais trinta anos...
digo eu.
_____________disse?
saio. mas devagar. não bato com a porta. e deixo o tlmóvel desligado.
deixo também um beijo. escrito em papel de seda.
:)
não resisto!
________________tão simples...como "aquilo".
beijo.
Piresf
Concordo com tudo o que aqui é dito com particular destaque para a professora que não sabe gerir conflitos. Puseste o dedo na ferida e a tua filha de 13 anos também.
Independentemente dos problemas que os professores enfrentam, e que são de todos conhecidos, há aqueles que o sabem ser e aqueles que não o sabem. Conheci professores bastante afáveis e camaradas mas que eram profundamente respeitados. E professores autoritários que eram escarnecidos.
Um abraço
parece-me que o Procurador Geral da República tem muito com que se ocupar. se quiser...
... e que a tua filha tem uma opinião sensata!
abraços
"professora não soube lidar com a situação. Compreendo a dificuldade de alguns professores em lidarem com alguns tipos de situações (...) um professor tem de saber que não pode descer ao nível do aluno, porque se o fizer e caso não tenha físico para se impor, dá no que der, e deu nisto.
Volto a reafirmar o que já disse: A professora é um ser humano e esteve envolvida numa situação de grande tensão. Agora é fácil dizermos o que devia ou não ter sido feito mas, no momento, quantos de nós fariamos o "correcto". A professora até pode não ter competência disciplinar, mas não é isso que está em causa. Os alunos têm de respeitar os professores e mais nada! E a professora não pode ser acusada! Não pode! A professora foi atacada fisica e psicologicamente e é ela a vítima! Culpá-la é como culpar alguém que foi assaltado, dizendo-lhe que não devia trazer dinheiro na carteira...
Aquilo que chamas "tipos de situações", eu chamo de animalidade. Os professores não estão preparados para as "tais situações", porque ainda não integraram nos cursos uma cadeira de defesa pessoal ou coisa do género...
Se a professora não tem fisico, isso deve-se a uma herança genética... E se chegarmos ao ponto de os professores terem de ser "gorilas", para conseguirem controlar os alunos, então falatará pouco para o cenário Mad Max...
O professor não desce ao nível do aluno. O professor já lá está! Este modelo de ensino coloca o professor num patamar idêntico ao do aluno. Não hajam dúvidas disso.
"sim, que se exorbita sobre um caso que, sendo motivo de matéria disciplinar, é-o em processo simples. Ou seja, suspensão temporária."
Matéria disciplinar?! Onde encontras uma sansão disciplinar dentro da educação que não seja um ridiculo sinal de fraqueza do próprio sistema? Suspensão temporária? Amigo Pires, isso é o que os miúdos querem! Mini-férias!! Iupi!! Faltas? Há sempre uns artigos que limpam tudo!
"e não podes resolver os problemas ao tabefe."
Não?! E porquê? Tens dúvidas que a aluna acalmaria logo os ânimos à primeira bolachada? E porque não o tabefe dado com razão e na altura certa? É assim tão traumático psicologicamente? Gera individuos recalcados? Somos psicopatas por termos levado uns? Somos pessoas com traumas por termos levados uns cachaços?
Mas vamos pensar então em alternativas: E que tal uma multa de 500 euros para os país e a suspensão imediata do abono? Acho que os papás iriam ponderar dar algum educação à filha, em vez de lhe comprarem telemóveis...
Por falar em telemóveis... Porque não fazer como algumas escolas alemãs: não entram telemóveis nas escolas! Os portugueses pensam que é impossível viver sem o sagrado-simbolo-de-estatuto-social-parolo ( vulgo telemóvel ), mas já se viveu sem ele. E seria só por umas horas...
"Dizes que passo a mão pelo lombo da aluna e lhe desculpo a atitude"
Sim, acabas por fazê-lo, mas eu referia-me aos "encartados especialistas" que surgirão nos media a falar deste assunto e que, se calhar, até fogem quando veem garotos...
"O caso não é para tanto, e devemos saber situar as coisas na sua real dimensão."
O caso é para muito! O caso é um exemplo de tentos e tantos que não chegam a ser filmados. Este foi! Tem de ser dado como exemplo devido à sua mediatização! A imagem de impunidade não pode passar para os outros miúdos! Eles têm de perceber que estas situações são punidas. E esta é uma oportunidade excelente de o fazer.
Qual é a "real dimensão" de um professor a ser tratado como m... por um aluno? Eu acho que é uma dimensão bem grande!!
"presente em todas as reuniões,"
Muito bem! Mas já conheci pais que nem sabiam o ano ou turma do filho! Parece anedota? nÃO é...
"que serei intransigente com qualquer acto de indisciplina"
Amigo Pires... Claro que se te deres a ti próprio como exemplo, eu nem digo mais nada... Mas estou a falar da maioria e essa maioria pouco terá de Pires...
"Recuso o castigo físico, obviamente, passei por isso e não foi o mais importante na minha educação, embora, admita, que em certos aspectos tenha ajudado, mas isso eram outros tempos. "
É uma opção que respeito, mas não compreendo. Outros tempos?! O ser humano não mudou practicamente nada nesta nesga de tempo que separa gerações. São assim tão diferentes as crianças de agora, se lhes tirarmos os gadgets? São feitas de outra matéria? Não me parece... Tu próprio dizes: " que em certos aspectos tenha ajudado ". A mim também ajudou. ENtão o que mudou assim tanto?
Mas pronto, estou a falar na generalidade.
"A praça pública, por varias razões, principalmente pelo seu costumeiro exagero, não é de forma alguma o lugar adequado para julgar esta aluna."
Como já disse, não há os tais lugares adequados! E se os há, não funcionam! Estamos a falar do ensino ( que é maioritáriamente público ), logo a praça pública é realmente o lugar adequado. Vamos deixar que tudo fique nas torres de marfim dos tais "especialistas"? Não! E se o ensino é pago por todos nós, então temos todos uma palavra a dizer! A democracia funciona para os dois lados.
Para mim, esta aluna portou-se como uma besta ( não encontro eufemismos! ) e tem de ser punida! Mas essa punição não pode ser o sermãozinho brando do costume, com o habitual sorriso logo ao virar costas. Haja responsabilização, tenha-se 16 ou 60 anos. Seja-se uma pirralha ou o Sr. Dr Tal e Coiso. Impunidade, não obrigado!
E veja-se aquela auxiliar agredida ao murro e pontapé! O CE ainda tentou abafar o caso... Vergonhoso! Onde estavam os mecanismos disciplinares, amigo Pires?
Mas se fosse ao contrário... Logo caia o Carmo e a Trindade!!
Abraço, amigo nemesiano de certos assuntos! Poucos, felizmente! Que para tristezas já bastam as alegrias do Sado...
Sá Morais,
É evidente que os alunos têm de respeitar os professores, assim como, os professores, devem usar de bom senso e inteligência perante a previsibilidade das situações. Coisas que, foram inadequadamente esquecidas.
A professora, não tem em absoluto culpa alguma da má educação e brutalidade da aluna, mas tem parte na culpa de esta ter chegado ao ponto a que chegou por má gestão da situação. Talvez por isso, por reconhecê-lo, a professora não apresentou queixa. O exemplo que dás do assalto, não passa de um sofisma, embora o compreenda devido ao calor da discussão que sei ser-te cara e por isso, arremessas de seguida com argumentação imprópria. Quando eu disse “porque se o fizer e caso não tenha físico para se impor, dá no que der, e deu nisto.” não defendia que para ser professor devia ter físico, somente assinalei uma causa efeito e um predicado necessário à sua imposição, o resto é interpretação tua tirada do alto da cadeirinha.
Como acho que estás um bocado off topic, vamos lá à parte dos tabefes: quem te garante que hoje - chamo a tua atenção para os tempos em que vivemos, porque hoje é que conta, por mais que te custe a adaptação (é a vida), a aluna não reagiria também ao tabefe?… podia, não podia?… e depois?… Repara: eu levei alguns, tal como tu e não me fizeram mal, mas os tempos eram outros e os níveis de respeito, assim como a aceitação desse tipo de autoridade, bem diferentes. Embora por vezes apeteça dar umas bolachadas, não pode ser. Presenciei casos, enquanto aluno - no tempo em que os profs. davam as tais bolachadas, que foram de arrepiar: num dos casos, um colega meu, por repetidamente não saber a matéria, levou 30 vigorosas reguadas em cada mão – enquanto dois colegas mais encorpados as seguravam, com uma coisa a que chamávamos a menina dos cinco olhos. No fim da aula, as mãos dele estavam completamente negras e inchadas, assim como, o nariz, que no dia anterior tinha sido alvo de uma das tais bolachadas. Conclusão: não voltou à escola. Dito isto, sou contra o retomar desse tipo de autoridade que pode ser bem nefasta nas mãos de quem a não sabe usar e, sabemos bem, que muita gente não sabe e não sabemos, de todo, quem sabe. É como o caso da pena de morte: nalguns casos sou a favor, mas entre não executar dez violadores de crianças e executar um inocente, sou obrigado a ser contra.
O sistema de penalizações monetárias já existe na Inglaterra onde, estão muito pior que nós devido às reformas da Sra. Tatcher, e não vejo porque não as implementar cá, se estes putos são fruto dos nossos educandos, e, se forem graves, podemos ao fim de algum tempo, até dispensar as expulsões que, para alguns, como dizes, são um prémio, mas incrementar tarefas de serviço cívico, ao fim-de-semana por exemplo. Sobre os telemóveis, se estes forem lesivos, também podem ficar nos cacifos. O estatuto do aluno, é bem explícito ao referir a proibição de todo o tipo de objectos que possa impedir o bom funcionamento da escola, e sobre a matéria disciplinar, esta tem de existir como retaguarda do professor.
Mas deixemo-nos de trocas de galhardetes, bons como já te disse em tempos à mesa com umas cervejolas, e vamos ao que interessa, que é a necessária resolução dos problemas que hoje afectam a educação, com medidas concertadas, uniformes e lúcidas. O caminho das pedras dos assuntos complexos.
A Feneprof, aponta “doze medidas pela não-violência e convivência escolares", entre as quais a garantia de apoio jurídico e judicial a todos os professores e auxiliares de educação vítimas de agressão física e verbal. A redução do número de alunos por turma e do número de turmas distribuídas a cada docente, a criação de equipas multidisciplinares de mediação de conflitos e o estabelecimento de regras de co-responsabilização das famílias relativamente à convivência e sucesso escolares dos alunos. Defende ainda a integração da temática da gestão de conflitos na formação inicial dos professores, considerando igualmente que a formação contínua relacionada com esta matéria deverá ser considerada pelo Ministério da Educação como prioritária e ter a mesma valorização, em termos de avaliação de desempenho, do que as acções científico-pedagógicas. Ora, estando eu de acordo com tudo isto, e sabendo que estas medidas constam de uma resolução aprovada no ano passado no congresso nacional, não percebo porque ainda não foram entregues à ministra da educação?
É por aqui que se começa, com propostas que podem iniciar a mudança, e não como o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, quer começar, como ontem ao anunciar, que as escolas com problemas graves de indisciplina podem apresentar ao Ministério da Educação uma proposta para a contratação de técnicos como psicólogos e mediadores de conflitos. "Se uma escola tiver um grande problema de indisciplina generalizada pode apresentar à Direcção Regional de Educação uma proposta para o reforço dos meios técnicos". Isto sim, é uma treta de apaga-fogos, até porque, resalvou logo, que estas medidas seriam para 35 agrupamentos identificados como “Territórios Educativos de Intervenção Prioritária".
Toda esta pagaiada passa para os alunos, porque toda a desorganização do sistema educativo passa para a cabeça daqueles imaturos chavalos de 15 anos – que é a idade da tal miúda, e querem resolver tudo de uma penada, com um julgamento exemplar, onde a sentença está dada pela populaça, e vai de zurzir o chicote a torto e a direito. Querer fazer deste caso, exemplo nacional dos problemas educativos, é querer gozar com o pagode.
Amigo Sá, já vi pessoas a defenderem a suspensão da miúda de todo o ensino em Portugal e, convenhamos, nada como estas excitações populares, frutos da modernidade em que se perdeu a referência do exemplo histórico – raízes e modelos, para se fazer merda. É nesse sentido, que defendo a resolução deste problema dentro da escola - e volto a frisar: deste e não de outro qualquer, porque cada exemplo é um case study de uma vasta realidade -, de forma ponderada e não como agora querem resolver em processo no Tribunal de Menores, onde se irá verificar haver ou não ilícito penal por parte da jovem, quando esta tentou retirar o telemóvel à professora, isto é, se houve ofensas à integridade física da docente ou crime de injúrias. Uma treta para te tapar os olhos e a outros que estão a reagir como tu, porque não existe agressão alguma, nem nenhuma injúria que configure ilícito penal. Um caso de cinismo e oportunismo mais do que óbvio. Aliás, Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, em entrevista à Sic considerou a intervenção do procurador-geral "excessiva", já que o direito criminal não serve para combater estes crimes. "Acho que o Ministério Público devia investigar a verdadeira criminalidade e apresentar resultados" disse ele.
Grande abraço, amigo Sá, deste que não é nemesiano – no sentido do Latim Nemesis, mas é, teu amigo.
Caro PiresF, gostei muito de ler o seu texto sobre este assunto tão complexo, bem como os comentários de resposta que já aqui escreveu. A sua filha de 13 anos é um exemplo para todos os adolescentes da idade dela, sem dúvida. A meu ver, o que mais mudou desde os meus tempos de escola foi o grau da autoridade. Com essa idade, eu nem sequer tinha telemóvel. Os professores deviam desde logo proibir o uso do telemóvel durante as aulas. Mas muito mais do que isso será preciso para recuperar a dignidade dos envolvidos nesta lamentável situação.
beijinho grande.
Amigo Pires,
"não tem em absoluto culpa alguma da má educação e brutalidade da aluna, mas tem parte na culpa de esta ter chegado ao ponto a que chegou por má gestão da situação"
Não acredito que a situação tenha eclodido ali, naquele momento, sem ter um background. Esses antecedentes podem ter sido originados por um sistema de ensino onde "o crime compensa", sem mecanismos punitivos eficazes. Mais uma vez não culpo a professora!
Teimoso este gajo - pensa o amigo Pires!
"devido ao calor da discussão que sei ser-te cara e por isso, arremessas de seguida com argumentação imprópria."
Não estou a leccionar, pelo que poderia dizer aos professores: quiseram um sistema assim? Agora aguentem! Mas a verdade é que esta situação me faz ferver. Nem que o agredido fosse a ti Maria da mercearia. Esta degradação de valores é como fel na minha boca. E que já deves ter percebido que quando fervo, o discurso sai-me do mesmo modo que a tal água fervida salta do copo... E como sou cada vez mais um gajo fora de validade, logo impróprio para consumo... EhEH!
Tenho um emprego de contacto com o público ( lá estou eu a levar a conversa para outro lado... Regresso em breve. ) e acredita que quase todos os dias me apetece dar tabefes... E acho que também te apeteceria...
" alto da cadeirinha"
Já andei por lá, nunca muito alto. Mas poucos terão um conhecimento das escolas como eu, pois já lá exerci diversas funções. Não falo apenas do interior da sala de aula. Conheco os bastidores.
Mas esta onde agora me sento é baixa e até me deixa as pernas dormentes, ao fim de um tempo...
"mas os tempos eram outros e os níveis de respeito"
Talvez o problema seja mesmo o respeito e o tempo seja a desculpa... Amigo Pires, não defendo espancamentos insanos, nem nada do género. Apenas o tabefe comedido e terapeutico... Bem aplicado, pode até ser único e evitar novas aplicações futuras.
"umas cervejolas"
Onde andam essas loiras arredias?
"A redução do número de alunos por turma e do número de turmas distribuídas a cada docente"
Ora aí estava algo interessante! Mas não acredito que vão na cantiga...
"responsabilização das famílias"
Ora! Aí está! As tais familias que se descartam da educação e geram trogloditas deste género.
Os país serão então mestres de troglodice ou coisa do género. Culpados primordiais da situação, apesar de achar que com 15 anos já se deve ter algun tino.
Ah! Não acredito em teorias do bom selvagem, retorcido pela sociedade... Mas acredito no mau selvagem, deixado sem rédea.
Voltando à "vaca fria"... Parece que o castigo da garota vai ser transferência de escola... Sempre me ri deste castigo! Castigo?! É apenas passar a "batata podre" a outro...
"Querer fazer deste caso, exemplo nacional dos problemas educativos, é querer gozar com o pagode."
Deixa-me cá então gozar com o pagode chinês... Pelo mediatismo que teve, continuo a achar que deverá servir de exemplo. Ou corremos o risco de servir de exemplo nefasto de impunidade. E depois todos os miúdos pensarão: Se aquela fez e não aconteceu nada, também vou fazer!!
Não é caso, mas sim o seu mediatismo que obriga a punição exemplar. E não, não tenho pena da aluna...
"uma proposta para a contratação de técnicos como psicólogos e mediadores de conflitos."
Concordo que é treta... O que raio é um mediador de conflitos?
"Uma treta para te tapar os olhos e a outros que estão a reagir como tu, porque não existe agressão alguma, nem nenhuma injúria que configure ilícito penal"
Aqui discordo, claro! Os que estão a reagir como eu são aqueles que estão fartos de conversa, de debates televisivos, de propostas, enquanto a situação se degrada. Seria bom começar aqui e agora uma nova metodologia: acção! Se esta situação não configura ilícito penal, devia fazê-lo. Não falo de prisão, claro! Mas as tais multas e sansões podiam já ser algo positivo.
E se tivesse sido ao contrário? Aí já haveria enquadramento... Um Processo disciplinar à professora? Suspensão?
Se eu for para o meu emprego abanar pessoas e intimidá-las, sou despedido. O que é essa garota mais do que eu e do que os milhões que lhe pagam os estudos? O que lhe confere essa "sagrada impunidade bestial"?
E acredita que ela vai sair impune. Nem irá sofrer as sansões que eu defendo, nem as que tu defendes.
Sei que a punição da garota não vai resolver os problemas da educação - não sou assim tão acéfalo, apesar de fervente - mas seria um sinal de que algo está mal. Um ponto de partida para uma mudança de mentalidades e de politicas.
OFF TOPIC: Nemesianos de tópicos! Ehehe! Amigos Cervejianos de vontade, infelizmente adiada!
Este povo está doente. Este governo precisa urgentemente de fazer análise de grupo ou vamos todos ao fundo (sem alarmismo claro. no pincípio já tivemos guelras...)
Que cansaço!!!
Sá Morais,
“Não acredito que a situação tenha eclodido ali, naquele momento, sem ter um background. Esses antecedentes podem ter sido originados por um sistema de ensino onde "o crime compensa", sem mecanismos punitivos eficazes. Mais uma vez não culpo a professora!”
Ora bem, grande amigo, acabas de pôr o dedo na ferida e devíamos ter começado por aqui, pelas causas, em vez do “dá cá – dá cá tu”, porque aquilo que se destruiu com este sistema rousseauninano que faz do aluno o centro do ensino, foram os mecanismos que geravam, naturalmente, por meios para além do talento de cada um, o respeito exigido à posição que se ocupa. E não, não considero teimosos - no sentido obtuso, aqueles que como tu se batem por ideias e defendem galhardamente as suas convicções. Esses, se já não forem, como é o caso, tornam-se logo merecedores de toda a simpatia. E também não estás fora da validade, tu ao pé de mim és um “puto”, um “puto” um pouco gasoso ou fervente, é verdade, que tem de se cuidar nas curvas para que a tampa não salte, porque embora existam valores da velha guarda que são universais e intemporais, outros, nem serão tanto assim.
Sendo também de opinião que, um tabefe terapêutico e pedagógico dado a tempo nunca fez mal a ninguém, mas obviamente tarefa dos pais e não dos profs., esse teu tique do tabefe sempre engatilhado, incomoda-me um pouco, quase dois poucos para dizer a verdade.
Acho no entanto que continuas a errar. Não foram os profs. que quiseram o sistema assim, têm sido, de há uns bons anos para cá (mete dezenas nisso), as irresponsáveis medidas da tutela que transformaram o sistema e o tornaram neste laxismo e libertinagem educacional que, receio e encaro com apreensão, poderá levar a uma reposição de medidas drásticas atentatórias da liberdade, e, também não é o mediatismo que deve obrigar à punição de todos esses pirralhos mal criados, mal amados e desprezados por toda a gente a começar nos pais e a acabar em ti. Esse é um erro tremendo e essa opinião, vestuta e austera, marca o debate.
Deixa-me dizer-te uma coisa de pai para pai, devido à tarimba que tenho (3 filhos e 30 anos de aprendizagem): nenhum puto, por melhor educação que tenha, está imunizado contra a má educação. Todos eles, em dada altura, podem pular a cerca dos valores que se devem ter como intrínsecos: o respeito pelos mais velhos e pelos outros em geral e a acatação de ordens razoáveis, os exemplos, estão por todo o lado, é normal. E é tarefa dos pais saber lidar com a situação quando ela chega, não penses que do alto desse Olimpo de perfeição em que te encontras (pronto pá, sei que não mereces esta frase, mas leva a coisa para o campo da retórica), estás livre disso e que os teus filhos nunca serão actores nesse palco. Todos passamos pela fase do enfant terrible infantilizado e a adolescência é fodida. Eu sei, andei por lá.
Grande amigo Sá, tinha mais umas coisitas para dizer, mas estou e responder-te entre a ida a um Centro Comercial comprar uma prenda para um aniversariante e a ida para a festa do mesmo. Por isso, a coisa foi um bocado à pressa, mas o essencial está dito.
Já comecei a ler o teu segundo livro e, logo, logo, terás a minha “critica” feroz. Confesso, no entanto, que estou com alguma dificuldade em poder utilizar algumas frases cortantes e bem afiadas como tanto gosto.
…Ou isto muda, ou terei de dizer melhor que do primeiro.
Grande abraço para ti e tua excelsa esposa e uma beijoca ao Rodrigo, do tio Pires.
Como diria o Major Alvega: Vamos a isto! ( se nunca disse, devia ter dito )
"tu ao pé de mim és um “puto”"
Pondo um ao lado do outro, ninguém diria! Por isso, estás enganado! :-) Mas olha que me sinto velho, mais do que devia.
"existam valores da velha guarda que são universais e intemporais, outros, nem serão tanto assim."
Os que não são tanto assim, não são valores, são modas.
"esse teu tique do tabefe sempre engatilhado"
Tique bem contido... Por outro lado gosto de animais, de dias de Sol, etc...
Eheheh! Mas que ás vezes me apetecia engatilhar e disparar... Esperemos pela tal cerveja e veremos se também não engatilharias.
"à punição de todos esses pirralhos mal criados, mal amados e desprezados por toda a gente a começar nos pais e a acabar em ti."
Essas carências afectivas e factores socio-económicos não justificam tudo... Essa é a desculpa fácil, somatório da incapacidade de actuação real. Essa sim, é uma poeira atirada para os olhos. Felizmente desviei a cabeça a tempo.
Poderia então dizer-te que é preferível ser irresponsável e estar com a verdade do que ser responsável e no erro.
Deixa-me dizer-te uma coisa de pai para pai, devido à tarimba que tenho (3 filhos e 30 anos de aprendizagem):
Tinha antecipado essa estocada, à altura da minha experiência multifacetada no ensino. De facto, nada se compara à experiência. Desvio-me e faço uma vénia, mas mantenho a guarda.
"não penses que do alto desse Olimpo de perfeição em que te encontras"
Eheheh! Olimpo! Poderia desconsiderar-me modestamente para vir de lá aos tombos... Mas a modéstia é apenas uma forma sopurtável de orgulho. Como descalçar a bota? Bem, se estivesse no Olimpo seria possuidor de uma sabedoria divina, da perfeição e eu acho que a perfeição deve ser extremamente aborrecida. Também não me parece que lançar raios seja coisa que me divertisse muito... Resta-me estar no Olimpo por ser alpinista! O que seria bom! Sinal que tinha saído do Hades em que realmente estou...
Amigo Pires, essa não foi subtil, ao bom estilo Piresiano... Ai,ai! O eterno retorno!
"Todos passamos pela fase do enfant terrible"
Passamos? Quem disse que já a deixei?! :-)
"fodida"
Antes fodida, que fundida. A fundida vai para o lixo!
Por mim, isto fica tipo mexican standoff. OK
Bem, esperando que não estejamos em desacordo sobre outra coisa... É que magoa a alma este esgrimir contigo! Acreditas?
Não estamos em desacordo sobre o Tibete, pois não?
Ehehehe!
O Goor!! Isso sim é que é falar! Vamos lá a essa leitura e depois freses afiadas e cortantes( estilo Piresiano ). Que muito me importa a opinião do meu grande amigo!
Um abraço do sobrinho!
Sá Morais,
Ok amigo, assim fica. Acredita que foi um enorme prazer trocar algumas impressões contigo e, este teu último comentário, é prova de que o prazer foi reciproco.
Mas feriste-me de morte com a estocada da poeira em que felizmente desviaste a cabeça a tempo. Ainda estou para saber o que me levou a escrever aquilo, e não é que não saiba o que escrevi, tu é que não o merecias. Espero não ter perdido muitos créditos com essa, preciso deles, as vidas estão inflacionadas.
Sobre o Tibete, só podemos estar de acordo, evidentemente.
Grande abraço.
Quando eu digo que passar por aqui é sempre uma aula, ninguém há de discordar.
Vi o dito vídeo, achei um tanto quanto grotesco toda situação, uma balbúrdia geral, quase um ringue com todos os pequenos gritando a volta da cena de batalha por um tele-móvel.
Li cada comentário desse jogo de xadrez em palavras, entre tu e o amigo Sá, dignos sempre de leitura cuidadosa , em tempos imaginei os dois vociferando debates, ri me dos "tabefe terapêutico e pedagógico" do Sá, as mãos mais rápidas de Portugal (=
Debate saudável onde para quem por aqui passa, se torna um complemento fabuloso para o post.
Na minha opinião, sem banquinho e sem experiência nenhuma, digo que a culpa é um pouco de cada, da professora, da aluna, da familia e a maior parte do sistema de ensino.
Professora errou de não ter colocado a aluna para fora da sala , e mais ainda por brigar pelo tele-móvel como se fosse a ultima garrafa de agua do deserto.
A aluna por não respeitar o professor, para dizer o mínimo.
Creio eu que muito disso é base familiar, aqui no Brasil acontece muito, casos até bem piores do que esse, que não ficam só no "puxa-que-puxa" do dito aparelho, professores são agredidos pelos alunos que se acham donos da verdade.
Atualmente os pais mandam os filhos para serem educados na escola, não para aprender a material mais sim aprender tudo, assim professor tem que bancar o pai e mãe e ainda ensinar o 1+1.
Falta educação de casa para saber respeitar os mais velhos, minha mãe , que perto de mim, hoje é uma baixinha, quando me olha brava eu ainda hoje fico com medo e olha que nem os "tabefe terapêutico e pedagógico" eu levei nos tempos de puto.
Mesmo que não garanta a total isenção de apuros, já que os pequenos são sempre uma caixinha de surpresa, em muitos casos evitaria tal situação.
Abraço aos dois amigos e obrigado por nos proporcionar tem belo combate de idéias.
[s]s
Arraial! Arraial! Arraial pelo kaos que foi vilmente ofendido no seu blog por causa de um post sobre o Jerónimo de sousa e o tibete!
Fiz um pequeno intervalo e vim até aqui espreitar o espreitador. Devia ter-te guardado para o fim. Perdi-me na leitura do post e da animada argumentação entre ti e o Sá Morais. Escrevo o quê? Logo que eu que sou uma preguiçosa ? :)
Deixo um beijo e subscrevo muito (quase tudo) do que disseste.
bom e mt alargado...:) o fim de semana...
obrigada.
:)
beijo.
y.
Vim agora do campo de refrega... Isto promete! Estilo Piresiano, suavidade sábia Martinsiana e o meu toma lá disto.
Uuuuu! That boy is going down!
:)
Bem meus amigos, tudo depende do posicionamento do ângulo de observação, para considerar o evoluir da espiral no caso, de desproporcionada gravidade ou não, e embora toda a gente tenha o direito a ser parva e a asneirar quando chega a Primavera, as medidas tomadas, são erradas, porque tomadas à revelia do verdadeiro problema.
O povão indignado, quer e precisa de um bode expiatório para tudo. A SIC, foi ao extremo de transmitir 38 segundos de um anúncio de 52, como se fosse o caso real de um professor a tirar o telemóvel a um aluno e a arremessá-lo com violência ao chão. Deputados, Procurador Geral da República e o Presidente da República, tiveram também de fazer uma perninha de autoridade e de indignidade duvidosas, enquanto a inteligência pedagógica, a competência social, pessoal e profissional, ficou nas couves.
Para já, alguém juntou à música Star Wars uns loops do vídeo e fez um mix mal parido que colocou no Youtube, e já circulam toques para telemóvel com frases do vídeo como, “Dá-me o telemóbel já!” ou “Ó gorda, ó peixona, sai daí!”, frases também já usadas em t-shirts, tornando os agentes provocadores do 9ºC, numa turma de heróis acossados devido à promoção que os indignados linchadores e os media televisivos levaram a cabo.
Enfim…uma professora e uma jovem aluna, foram sacrificadas virtualmente para gáudio da multidão.
Concordo. Mas este caso não vale tanto por si. Vale mais, a meu ver, como um exemplo de muitos outros. É, pois, um caso simbólico. E, apesar de tudo, acabou por ter o mérito de trazer para a discussão pública os males da educação e, mais ainda, os males das duas últimas gerações e da falta de eduação existente no seio das famílias. Porque é disso que se trata, não só de Escola. Porque a doença está, principalmente, nos paizinhos e mãezinhas, que se demitem do seu papel. Para cúmulo, ainda ontem ouvi, num qualquer telejornal, que um "encarregado de educação" agrediu um professor! Está tudo dito.
(devia de haver escolas para pais...)
"Enfim…uma professora e uma jovem aluna, foram sacrificadas virtualmente para gáudio da multidão."
A essência do Coliseu, prezado Pires, é da natureza humana, e, não morre jamais. Panis et Circences.
Abraços!
Socorrendo-me da sabedoria popular que é infinita e diz ”cão que ladra não morde”, tudo o que se vai vendo da parte dos nossos políticos, não passa de artifícios para calar as turbas excitadas.
O problema é estritamente político e bem identificado no economicismo deste e doutros governos, que tudo fazem para meter umas massas ao bolso.
Na Inglaterra, tem sido um verdadeiro tiro ao professor, e por isso eles fogem. Primeiro, a Thatcher, denegriu-os como o Sócrates está a fazer por cá, depois entregou-os à turba que os abate nos recreios da parte Leste Londrina. No verão passado, tivemos a infeliz oportunidade de ver nas televisões, um prof de educação física, a ser malhado em pleno recreio, com tacos de baseball, por putos com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos.
É verdade que a escola pública é cosa nostra para muitos alunos e pais que se julgam possuidores de um poder igualitário, rejeitando, quase sempre, a autoridade de quem tem o poder na sala de aula, mas estamos a tempo de não asneirar e escaqueirar o que resta como parece querer o senhor Procurador Geral da República, ao vir para a televisão, denunciar os que vão para a escola armados. Do senhor Procurador-geral, espera-se que aponte caminhos para combater a desmotivação, espera-se um forte sentido de Ordem e competência sem entrar nos excessos da exposição pública, esperam-se medidas para as denúncias que lhe chegam, espera-se que mande investigar quem dá essas armas aos meninos, espera-se que crie condições para punir os pais que ele agora denuncia, espera-se que combata aquilo que tem de combater: as fraudes, ou roubos, os homicídios, os crimes sexuais, a corrupção, os crimes de colarinho branco, etc. O que não se esperava, era que o senhor Procurador-geral, se armasse em repórter do Tal & Qual e viesse para a televisão com conversa de vizinha reformada, no que, começa a ser useiro e vezeiro.
Há que separar a indisciplina do crime. Essa história da crise de valores não justifica tudo o que se passa na escola. A diferença para o ontem, é que se destruiu com este sistema rousseauninano que faz do aluno o centro do ensino, os mecanismos que geravam, naturalmente, por meios para além do talento de cada um, o respeito exigido à posição que se ocupa, desapareceu o castigo pedagógico: as faltas a vermelho que metiam alguma ordem nos agitadores, as expulsões das aulas, os chumbos por faltas, as expulsões da escola, agravados pela falta generalizada de pessoal, formação de professores, cantinas, ginásios, estabilidade, etc.
Um abraço.
O fim de semana está a ser muito prolongado...:)
Já tudo foi dito sobre este assunto...e confesso que estou farta dele!!!
Um beijo
grande
de Alberto Caeiro:
Deito-me ao comprido na erva.
E esqueço do quanto me ensinaram.
O que me ensinaram nunca me deu mais calor nem mais frio,
O que me disseram que havia nunca me alterou a forma de uma coisa.
O que me aprenderam a ver nunca tocou nos meus olhos.
O que me apontaram nunca estava ali: estava ali só o que ali estava.__________________
:)
beijo.
Amigo Pires, partilho a maioria das suas considerações no que respeita a este caso.
Mas ainda assim gostaria de dizer algo.
Fala-se muito da queda de valores, que "somos filhos de pais ricos e pais de filhos pobres" mas existe uma verdade cristalina que parece querer passar ao lado de quem defende tal pensamento:
- Este país, tal como está, foi construido por nós...os tais filhos de pais ricos!
Abs
Cadê você, meu caro!?
Aparece lá no Clube!
Abração...
Germano
Sinais "do tempo".
Será que os fenomenos raros de maior intensidade (em Portugal) poderão agora ocorrer com maior fequencia? E não estou apenas a falar de meteorologia. Infelizmente.
Um abraço
Meu caro, fui educadora de infância e dei aulas de teatro a adolescentes para além de ter criado três filhos sozinha. Assim que vi o vídeo ( e também não justificando a má educação e formação da aluna) dei um salto no sofá contra a falta de atitude pedagógica da professora.
Parabéns à tua filha.
Os média, a esses só me apetece deixar de os ler e ouvir mas infelizmente não posso.
Bjs.
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