A mulher que rondava os trinta anos gritava para quem a queria ouvir que aquele ali, apontando um indivíduo dos seus quarenta, era um patife. Enganou-me, gritava ela, e agora nada quer dar para a criança, puxando pela mão e mostrando uma pequenita dos seus cinco anos de olhos arregalados provavelmente pela força com que a mãe lhe apertava a mão, e continuava, nem sequer o nome lhe quer dar, o bandido.
Os curiosos que se tinham junto para assistir ao desacato já teciam comentários, e a maioria condenava já o homem. Diziam uns, que há gajos que são uns bandidos, querem é dar uma queca, mas depois não assumem a responsabilidade, outros, defendiam que não sabiam o que se tinha passado, mas que a criança não tinha culpa dos erros dos adultos e no mínimo devia ter o nome do pai, etc., etc.
O alvo desta confusão nada dizia, estava estupidificado, ora olhava a mulher, ora olhava as pessoas e balbuciava qualquer coisa que não se conseguia ouvir, porque, sempre que tencionava falar, a mulher berrava-lhe a plenos pulmões que ele era um bandido, que a tinha enganado, que as havia de pagar, que a mãe bem a tinha avisado... Numa gritaria tal, que se ouvia de uma ponta a outra da Gare do Oriente.
Não assisti ao resto da discussão, estava com pressa e tive de ir andando, e enquanto me afastava, continuei a ouvir os impropérios da mulher, que sobressaíam da multidão que engrossava à volta dos protagonistas.
No dia seguinte fazendo o mesmo percurso, reparei logo ao longe, que havia outra confusão precisamente no mesmo sitio, enquanto me aproximava, reconheci os gritos da mulher que gritava a plenos pulmões os mesmos impropérios da véspera, que ele era isto, que ele era aquilo, que não dava nada à criança, e os curiosos à sua volta tal como antes, tratavam de dar já a sua opinião.
Tudo igual, ao que tinha visto no dia anterior, com um pormenor que fazia toda a diferença, incrédulo, avancei para me certificar, e finalmente constatei sem sombra de dúvida, que este era mais forte e mais novo que o outro, até mais alto, este homem, nada tinha a ver com o de ontem.
Os curiosos que se tinham junto para assistir ao desacato já teciam comentários, e a maioria condenava já o homem. Diziam uns, que há gajos que são uns bandidos, querem é dar uma queca, mas depois não assumem a responsabilidade, outros, defendiam que não sabiam o que se tinha passado, mas que a criança não tinha culpa dos erros dos adultos e no mínimo devia ter o nome do pai, etc., etc.
O alvo desta confusão nada dizia, estava estupidificado, ora olhava a mulher, ora olhava as pessoas e balbuciava qualquer coisa que não se conseguia ouvir, porque, sempre que tencionava falar, a mulher berrava-lhe a plenos pulmões que ele era um bandido, que a tinha enganado, que as havia de pagar, que a mãe bem a tinha avisado... Numa gritaria tal, que se ouvia de uma ponta a outra da Gare do Oriente.
Não assisti ao resto da discussão, estava com pressa e tive de ir andando, e enquanto me afastava, continuei a ouvir os impropérios da mulher, que sobressaíam da multidão que engrossava à volta dos protagonistas.
No dia seguinte fazendo o mesmo percurso, reparei logo ao longe, que havia outra confusão precisamente no mesmo sitio, enquanto me aproximava, reconheci os gritos da mulher que gritava a plenos pulmões os mesmos impropérios da véspera, que ele era isto, que ele era aquilo, que não dava nada à criança, e os curiosos à sua volta tal como antes, tratavam de dar já a sua opinião.
Tudo igual, ao que tinha visto no dia anterior, com um pormenor que fazia toda a diferença, incrédulo, avancei para me certificar, e finalmente constatei sem sombra de dúvida, que este era mais forte e mais novo que o outro, até mais alto, este homem, nada tinha a ver com o de ontem.
Tinha sido apanhado na teia imaginária da loucura da mulher, tal como, os que chegaram ao fim desta história.
Pois. E depois histórias destas só me acontecem a mim! Ora toma! E amanhã se passar novamente pela Gare ainda se arrisca a...
ResponderEliminarSaiste de Alvalade mas eles perseguem-te, hé hé hé.
ResponderEliminarUm interessante hehhehe =]
ResponderEliminarSempre nos prendendo nas teias das mulheres, sejam elas quais forem.
[s]s
Hum... Nãos será um esquema de carteiristas? ;)
ResponderEliminarhá loucos capazes de tudo.
ResponderEliminarTal como alguém uma vez disse: de loucos todos temos um pouco, temos é de dosear a nossa loucura.
marinheiroaguadoce a navegar
Meus amigos!
ResponderEliminarTenho que vos pedir desculpa por não ter sido suficientemente explícito, pensei que a frase final da história, era por si só esclarecedora, vejo agora que não.
Esta história nada tem de real, é fruto da minha rebuscada imaginação e da falta de interesse em postar sobre assuntos mais importantes.
Isto acontece-me com alguma regularidade, sempre que leio jornais a mais e vejo noticiários das televisões a mais, fico tão farto que decido partir para outra, sabendo no entanto que estas fugas são efémeras.
mas eu TAMBÉM VI a mulher
ResponderEliminarNossa, mas muito boa se foi você mesmo que escreveu. Eu também achei que fosse real...
ResponderEliminarChantilly!
ResponderEliminarE também fica confirmado, que não és nada mentirosa.
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Nina!
Obrigado pelo elogio, no entanto não creio que esteja assim tão boa, foi escrita um pouco a correr e a intenção não era tanto a escrita mas sim levar o leitor no engodo até ao fim.
Nossa, adorei, enganou-nos direitinho.
ResponderEliminar^^
Very funny))
ResponderEliminarAmigo Raes!
ResponderEliminarVerifico a tua curiosidade e de forma alguma quero que vivas no desconhecimento, por isso cá vai:
O termo queca é um sinónimo que os portugueses arranjaram para falarem do acto sexual quando em sociedade, visto o português vernáculo ser impróprio na maioria das ocasiões.
Em relação ao tamanho da Gare de Oriente, digamos que estará entre os 400 e os 500 metros, esta gare é uma plataforma superior estação do Oriente, que integra transportes ferroviários de longo curso, já a estação do Oriente como plataforma intermodal integra além do atrás referido, os transportes suburbanos e a linha de Metro, tendo um terminal rodoviário e dispondo de um parque de estacionamento com capacidade para 1500 lugares.
Espero ter satisfeito a tua curiosidade.
Um abraço.
Nem sempre meu caro In-culto tem dias em que consigo fazer bem pior.
ResponderEliminarMas a tentação abeirou-se, no entanto com esforço quase desumano consegui combatê-la.
ResponderEliminarÉ o dia do pão-pão, queijo-queijo, branco é a galinha o põe.
Dias lixados.
Boa história, PiresF. Um óptimo argumento circular.
ResponderEliminarParabéns.
;-)
OldMan!
ResponderEliminarOs meus sinceros agradecimentos.
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Raes!
Sempre ás ordens. Faz como se estivesses em casa.
Podes inclusive descalçar-te.
Andas em grande forma "velhote", qualquer dia és convocado para fazer o lugar do Anderson Polga ou do Beto...
ResponderEliminarIntervencionista!
ResponderEliminarNão parecendo, gosto mais de jogar ao ataque, no entanto e por várias razões, não quero provocar celeumas.
Como diz o outro: Navegar é preciso.
Gostei sem sombra de dúvida deste teu relato...e também caí que nem um pato.
ResponderEliminarSó lendo os post´s é que descobri e confirmei a verdade...tu és mesmo um artista.
Está mesmo a chover e aqui se desanuvia a cabeça.