A Praça do Marquês - Maio de 1926


Os meus agradecimentos ao A Rodrigues pelo envio da foto, que, por vir datada provocou o post que segue:
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A 28 de Maio de 1926, o general Gomes da Costa comanda a sublevação da 8ª divisão de Braga e faz chegar a todas as divisões uma proclamação de revolta que terminava com as seguintes palavras: “[…]venham ter comigo com as armas na mão, se quiserem comigo vencer ou morrer! Ás armas, Portugal! Portugal ás armas pela liberdade e pela honra da Nação! Ás armas Portugal!”. Gomes da Costa contava então com apoio em algumas unidades, ele é a cara e a chefia do movimento denominado como Junta Militar Revolucionária de Braga, sendo em Lisboa, o comandante Mendes Cabeçadas, o chefe do movimento.

A 29 de Maio, o Diário de Lisboa faz saber que tinha rebentado em Braga um movimento revolucionário e que não era só a 8ª Divisão de Braga, mas também que, as divisões de Tomar, Vila Real e Évora estavam revoltadas. O Diário de Noticias informa que a ordem pública foi alterada mas que em Lisboa e Porto o sossego é absoluto. Complementam os dois jornais as notícias, informando que já seguem para o Norte alguns contingentes de tropas.

A 30 de Maio o Diário de Noticias na sua primeira página e a toda a largura, noticiava que o Movimento Revolucionário tinha triunfado inteiramente em todo o País, que o General Gomes da Costa chegava essa tarde a Lisboa e que o comandante Mendes Cabeçadas, presidente do Ministério e Ministro da Marinha, assumia a gerência de outras pastas.

O governo de António Maria da Silva, demite-se por não ter apoio das unidades militares de Lisboa e o presidente da República, Bernardino Machado, resigna e entrega o poder ao comandante Mendes Cabeçadas.

A Seara Nova, no mesmo dia faz publicar uma nota oficiosa com as seguintes questões:

1.º Será uma ditadura militar, como aquela que parece ter preconizado o general Gomes da Costa, o sistema governativo que mais convém aos sentimentos liberais do povo português?

2.º Terão os indivíduos apontados para assumir a direcção do governo os requisitos indispensáveis para o bom desempenho desse papel? Isto é: terá o general Gomes da Costa – justiça feita ás suas qualidades de cabo de guerra – manifestado a suficiente ponderação para ser chefe de um governo excepcional e terá o comandante Cabeçadas – justiça feita à sua honorabilidade – aqueles requisitos indispensáveis e a possibilidade de se libertar firmemente de todas as influências de partido ou de facção?

Terminando com uma afirmação de princípios que dizia: "apoiar um governo excepcional e com liberdade de acção composto de competências, o qual tenha por objecto realizar as reformas essenciais, estabelecer a moralidade administrativa e fazer uma obra de educação cívica, mas também que reprovará um governo com tendência a firmar um regime antiliberal e o predomínio de classe e a não respeitar a liberdade de consciência sob todas as suas formas".

Factos – O país vivia um clima de revolução permanente, as greves eram constantes, só entre 1917 e 1925 tinham ocorrido 200, o custo de vida tinha atingido os 200%, a moeda tinha desvalorizado a um ritmo galopante e o País asfixiava.


Segundo o Anuário Estatístico de Portugal as receitas do País para o orçamento 1925-1926 eram de 1241 milhares de contos e as despesas de 1685 milhares de contos, levando a um saldo negativo de 444 milhares de contos.

De um saldo positivo no ano 1923-1924, de 9 milhares de contos, tínhamos passado ao estado actual das finanças.

Estavam portanto criadas as condições para a ditadura, esta, infelizmente viria a durar 48 anos.

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3 comentários:

  1. Anónimo10.8.05

    O total descredito na classe politica pode levar a aparicao de um qualquer lider populista e demagogico, uma especie de "jardim do continente". Mas um golpe de estado... A UE e a NATO nunca o tolerariam, e dai estamos mais ou menos safos.

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  2. Golpe de estado!? Nem tal me passou pela cabeça, agora, que o caminho dos populistas tal como dizes, está a ficar francamente facilitado, isso está.

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